MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 13 de novembro de 2011

CAUSA SEM EFEITO

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
É bonito o entusiasmo. Mais bonito ainda quando reúne multidões em prol de uma causa. Portanto, não se trata de desqualificar os anseios de quem saiu às ruas do centro do Rio na marcha em defesa de uma divisão dos royalties do petróleo menos injusta para o Estado que aquela proposta no projeto em tramitação na Câmara.

Ocorre que as coisas precisam ter consequência. Se não, corre-se o risco de enveredar pelo terreno da mistificação. Cabe a quem mobiliza uma massa de gente em torno de uma bandeira, fornecer todas as informações sobre as regras do jogo em que estão sendo jogadas, a fim de conferir maturidade à relação entre governante e governados.
O ato patrocinado pelo governador Sérgio Cabral Filho não atendeu a esse pré-requisito. Ainda que a maior parte dos presentes soubesse exatamente do que se tratava - hipótese improvável -, a maioria não sabia que o esforço seria em vão no tocante ao objetivo pretendido: sensibilizar a Câmara a não aprovar a proposta ou a presidente Dilma Rousseff a vetar a lei.
A festa pode ter sido boa para Cabral capitalizar politicamente uma luta perdida, mas não mudará as posições no Congresso nem levará a presidente a arrumar briga com parlamentares e governadores de 24 Estados não produtores de petróleo que pretendem ter acesso às receitas geradas pela extração de petróleo.
O assunto é mais complicado do que o desenho simplesinho mostrado pelo governador à população, instada por ele a "cobrar" de Dilma o veto em retribuição aos votos dados a ela por cariocas e fluminenses.
Cabral imprime caráter passional à questão, mal posta e pior ainda conduzida desde que o governo propôs a modificação do sistema de distribuição dos royalties. Houve demagogia, houve excesso de confiança na força do então presidente Lula, houve falta de capacidade (e de vontade, por que não dizer?) das partes de construir um acordo condizente com a realidade da Federação.

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