MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Em fábrica brasileira no Paraguai, funcionários vão treinar no Brasil

 

'Estamos transformando ambulantes em operários', diz gerente paraguaio.
Empresa se instalou no Paraguai para baratear custo de produção.

Ligia Guimarães Do G1, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai
O jovem brasileiro Lauro, do interior de SP, no Paraguai: 'quero ficar aqui". (Foto: Ligia Guimarães/G1)O jovem brasileiro Lauro, do interior de SP,
no Paraguai: 'quero ficar aqui".
(Foto: Ligia Guimarães/G1)
O engenheiro de produção paraguaio Luiz Henrique Decoud, 42 anos, já era experiente e morava em São Paulo quando foi convidado para trabalhar na fábrica de seringas da SR Productos para salud S.A, do grupo do empresário Luis Saldanha Rodrigues, primeira grande indústria de Pedro Juan Caballero, cidade de cerca de 100 mil habitantes na fronteira com Mato Grosso do Sul.
"Pedro Juan é uma cidade estritamente comercial. Eu sou industrial, sempre trabalhei em indústria e não tinha opção", conta Decoud, que deixou a terra natal para estudar em São Paulo aos 15 anos de idade. Formado, atuou em três empresas de São Paulo e resolveu voltar ao Paraguai, já casado, depois que a esposa não se adaptou à vida na cidade grande após o nascimento do primeiro filho do casal.
O G1 visitou na semana passada a fábrica da SR, empresa familiar brasileira que inaugurou uma unidade no Paraguai em agosto para reduzir custos e competir com os produtos asiáticos no mercado de seringas.
Empresários brasileiros que atuam no Paraguai ouvidos pelo G1 consideram a mão-de-obra abundante e mais barata que no Brasil como um dos atrativos para quem quer reduzir o custo da produção. Embora o salário mínimo do Paraguai seja próximo ao do brasileiro (R$ 523 lá, contra R$ 545 aqui, segundo dados da Rediex), o empregador paraguaio não paga Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), contribuição sindical ou contribuições para entidades industriais como Sesc, Senac e Sebrae.
Rua de comércio em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. (Foto: Ligia Guimarães/G1)Rua de comércio em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. (Foto: Ligia Guimarães/G1)
Já as férias anuais remuneradas, que no Brasil são de 30 dias, no Paraguai são de 12 dias para cinco anos trabalhados, 18 dias para até dez anos trabalhados, e 30 dias acima de dez anos trabalhados, segundo a Rede de Inversiones y Exportaciones (Rediex).
Falta, no entanto, qualificação. Em Pedro Juan, como no restante do Paraguai, a maior parte dos jovens trabalha no comércio de importados, formal ou não. "Estamos transformando ambulantes em operários", afirma um empresário.
Mapa Pedro Juan Caballero (Foto: Editoria de Arte G1)
"Surgiu a oportunidade de trabalhar na minha área, na indústria, e eu aceitei até pela felicidade de voltar para a minha cidade e trabalhar no meu setor. Nunca tinha trabalhado depois de formado em Pedro Juan", lembra Decoud. Antes de coordenar uma equipe na qual predominam os jovens paraguaios em primeiro emprego - são apenas 10 brasileiros entre 80 funcionários -, Decoud precisou fazer um estágio de um ano na fábrica de Manaus, a SR Saldanha Rodrigues Ltda, enquanto a unidade do Paraguai era construída.
"Treinei lá em Manaus em todas as áreas. Hoje ajudo a capacitar os mais jovens", diz.
A jovem paraguaia Perla Gonzales, 18 anos, conseguiu o primeiro estágio na empresa sob a condição de iniciar um curso de inglês. Já começou e diz que começa a entender um pouco do novo idioma. "Eu estudo ainda, no colégio. No ano que vem, entro na faculdade para fazer comércio internacional em Pedro Juan. Tenho vontade de conhecer Manaus, Ourinhos", diz.
A jovem paraguaia Perla, 18 anos: primeiro emprego em empresa brasileira. (Foto: Ligia Guimarães/G1)A jovem paraguaia Perla, 18 anos: primeiro emprego em empresa brasileira. (Foto: Ligia Guimarães/G1)
Lauro Garcia, 26 anos, também estagiou por um ano em Manaus antes de implantar um sistema de informática na fábrica paraguaia. Os pais de Lauro, que moram em São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, se assustaram ao saber que o rapaz iria morar na região da fronteira com o Paraguai.
Marcos, 31 anos, quer levar noiva brasileira para morar em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. (Foto: Ligia Guimarães/G1)Marcos, 31 anos, quer levar noiva brasileira
para morar em Pedro Juan Caballero,
no Paraguai. (Foto: Ligia Guimarães/G1)
"Vim para cá com medo. Só se ouve notícia ruim, de tráfico, de muamba. Mas a realidade é bem diferente, só entrando para conhecer o país", opina Lauro, que já comprou um terreno em conjunto com outros funcionários da fábrica, que pretendem construir um condomínio e ficar de vez no país.
"Terrenos são bem mais baratos, paguei R$ 17 mil em um terreno de 12 m x 30 m (360 m²). Aqui a gente consegue construir mais fácil nossos sonhos", diz.
Aos 31 anos, Marcos Penha de Oliveira Junior está há 4 meses em Pedro Juan, depois de 3 meses estagiando em Manaus. "Me interessei pelo emprego porque é um local em que a empresa está começando. Meu objetivo é poder me desenvolver junto", diz Marcos, que já planeja trazer a noiva, que deixou em Três Corações (MG), para começar a família em Pedro Juan Caballero.
"Queremos comprar um imóvel. Quero achar uma vaga para ela, que é enfermeira, aqui na fábrica".

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