Desde a chegada da crise, governos europeus têm de enfrentar de um lado a pressão dos mercados financeiros e do outro a reação da população.
A crise econômica que atinge diversos países europeus já derrubou nove governos desde 2009. O último a cair foi o do primeiro-ministro espanhol José Luis Rodriguez Zapatero (socialista), derrotado nas eleições parlamentares desse domingo (20) pelo Partido Popular (conservador), liderado por Mariano Rajoy.
A situação atual da política europeia foi definida pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, como "resultado da anarquia que reinou nos mercados financeiros".
O desabafo surgiu depois da derrota nas eleições regionais de 2010. "O capitalismo financeiro nos levou ao desastre. A crise teve efeitos devastadores no mercado de trabalho", disse Sarkozy.
Analistas apostam que a França, que terá eleições nacionais em 2012, pode ser a próxima a mudar. As pesquisas de intenção de voto são lideradas pelo socialista François Hollande, rival de Sarkozy na disputa.
'Maior sensibilidade'Desde a chegada da crise na Europa, os governos tiveram de enfrentar tanto a pressão dos mercados financeiros quanto a reação da população.
Segundo relatório do Conselho Europeu (órgão oficial da União Europeia) de 2010, "os sinais de protestos políticos obrigam os governos a pesar com grande sensibilidade as soluções para administrar a crise".
Estas soluções parecem ter sido pouco aceitas pelos eleitores. Segundo analistas, os cidadãos rejeitam os pacotes econômicos austeros recomendados pelos mercados e aplicados pelos governos, tendo como resultado a insatisfação declarada nas urnas.
Com a vitória dos conservadores, analistas espanhóis questionam: a crise elegeu os conservadores ou castigou os socialistas? Qual governo sob tanta pressão econômica pode resistir a uma eleição? E o que o futuro primeiro-ministro Mariano Rajoy pode fazer para contornar a crise?
A maioria afirma que a questão econômica foi determinante para a derrota dos socialistas. Para especialistas, o governo de Zapatero seria castigado pela administração da crise, fosse quem fosse o candidato rival.
No caso espanhol, a penalização se transformou em 30% de abstenções e na partilha de votos aos partidos minoritários, que quadruplicaram seus resultados. O Partido Popular obteve maioria absoluta em todas as regiões, exceto Catalunha e País Basco, dominados por grupos locais separatistas.
Segundo a mídia espanhola, um dos coordenadores de campanha do Partido Popular, o sociólogo Pedro Arriola, disse nesse domingo, na sede do partido, que," nas eleições, os perdedores são sempre os governos. Não é a oposição a que ganha".
Maioria absolutaNesse quadro de crise, nem mesmo ter a maioria absoluta no Parlamento é garantia de tranquilidade para os governos - é o que acreditam analistas e líderes políticos, como o ex-primeiro ministro Felipe González, o mais votado da história espanhola (obteve maioria com 202 dos 350 deputados).
"(O ex-premiê italiano Silvio) Berlusconi tinha maioria absoluta e caiu. (O ex-premiê grego George) Papandreou tinha maioria absoluta e caiu. Isso hoje é uma grande coisa, claro. Mas não representa uma garantia de ser intocável com o temporal que está caindo", afirmou González.
A maioria obtida por Rajoy no Parlamento é tão significativa (186 deputados) que ele poderá governar praticamente sem precisar negociar com a oposição.
As medidas a serem tomadas contra a crise são precisamente a principal incógnita, até para o eleitorado conservador. O candidato eleito nunca deixou claro o programa com o qual pretende tirar o país do vermelho.
A pouca clareza nas propostas rendeu críticas a Rajoy, dentro e fora da Espanha. No entanto, ele parece consciente de que os mercados vão pedir atitudes. Em seu primeiro discurso após a vitória, ele pediu unidade a todos os espanhóis e avisou que "não haverá milagres". Ele acrescentou que milagres não eram promessa de campanha.
As respostas devem chegar às vésperas do Natal. Em 13 de dezembro, o Congresso convocará os deputados eleitos para a constituir o novo Parlamento e, então, nomear Rajoy como primeiro-ministro, que poderá assumir uma semana depois, ou no início de janeiro.
Insatisfeitos com a maneira como os governos administram a crise, os eleitores foram às urnas e mudaram os governos de Islândia, Dinamarca, Grécia, Grã-Bretanha, Holanda, Irlanda, Portugal e Espanha.
Fora das urnas, a pressão recaiu sobre os governos centrais de Grécia e Itália, que caíram neste ano em pleno mandato, sendo substituídos por tecnocratas.A situação atual da política europeia foi definida pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, como "resultado da anarquia que reinou nos mercados financeiros".
O desabafo surgiu depois da derrota nas eleições regionais de 2010. "O capitalismo financeiro nos levou ao desastre. A crise teve efeitos devastadores no mercado de trabalho", disse Sarkozy.
Analistas apostam que a França, que terá eleições nacionais em 2012, pode ser a próxima a mudar. As pesquisas de intenção de voto são lideradas pelo socialista François Hollande, rival de Sarkozy na disputa.
'Maior sensibilidade'Desde a chegada da crise na Europa, os governos tiveram de enfrentar tanto a pressão dos mercados financeiros quanto a reação da população.
Segundo relatório do Conselho Europeu (órgão oficial da União Europeia) de 2010, "os sinais de protestos políticos obrigam os governos a pesar com grande sensibilidade as soluções para administrar a crise".
Estas soluções parecem ter sido pouco aceitas pelos eleitores. Segundo analistas, os cidadãos rejeitam os pacotes econômicos austeros recomendados pelos mercados e aplicados pelos governos, tendo como resultado a insatisfação declarada nas urnas.
Com a vitória dos conservadores, analistas espanhóis questionam: a crise elegeu os conservadores ou castigou os socialistas? Qual governo sob tanta pressão econômica pode resistir a uma eleição? E o que o futuro primeiro-ministro Mariano Rajoy pode fazer para contornar a crise?
A maioria afirma que a questão econômica foi determinante para a derrota dos socialistas. Para especialistas, o governo de Zapatero seria castigado pela administração da crise, fosse quem fosse o candidato rival.
No caso espanhol, a penalização se transformou em 30% de abstenções e na partilha de votos aos partidos minoritários, que quadruplicaram seus resultados. O Partido Popular obteve maioria absoluta em todas as regiões, exceto Catalunha e País Basco, dominados por grupos locais separatistas.
Segundo a mídia espanhola, um dos coordenadores de campanha do Partido Popular, o sociólogo Pedro Arriola, disse nesse domingo, na sede do partido, que," nas eleições, os perdedores são sempre os governos. Não é a oposição a que ganha".
Maioria absolutaNesse quadro de crise, nem mesmo ter a maioria absoluta no Parlamento é garantia de tranquilidade para os governos - é o que acreditam analistas e líderes políticos, como o ex-primeiro ministro Felipe González, o mais votado da história espanhola (obteve maioria com 202 dos 350 deputados).
"(O ex-premiê italiano Silvio) Berlusconi tinha maioria absoluta e caiu. (O ex-premiê grego George) Papandreou tinha maioria absoluta e caiu. Isso hoje é uma grande coisa, claro. Mas não representa uma garantia de ser intocável com o temporal que está caindo", afirmou González.
A maioria obtida por Rajoy no Parlamento é tão significativa (186 deputados) que ele poderá governar praticamente sem precisar negociar com a oposição.
As medidas a serem tomadas contra a crise são precisamente a principal incógnita, até para o eleitorado conservador. O candidato eleito nunca deixou claro o programa com o qual pretende tirar o país do vermelho.
A pouca clareza nas propostas rendeu críticas a Rajoy, dentro e fora da Espanha. No entanto, ele parece consciente de que os mercados vão pedir atitudes. Em seu primeiro discurso após a vitória, ele pediu unidade a todos os espanhóis e avisou que "não haverá milagres". Ele acrescentou que milagres não eram promessa de campanha.
As respostas devem chegar às vésperas do Natal. Em 13 de dezembro, o Congresso convocará os deputados eleitos para a constituir o novo Parlamento e, então, nomear Rajoy como primeiro-ministro, que poderá assumir uma semana depois, ou no início de janeiro.
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