Manaus registra 179 novos casos de câncer de colo de útero em seis meses

 

Aumento de casos está na faixa etária jovens com idade de 26 a 30 anos.
Segundo a Assago, o crescimento se deve a imprudência.

Girlene Medeiros Do G1 AM

Grasiela Leite se diz preocupada com o aumento de
casos. (Foto: Reprodução/TV Amazonas)

O câncer de útero é um dos tipos de câncer com maior incidência entre os jovens, em período fértil, na cidade de Manaus. Só neste primeiro semestre de 2011, foram 179 novos casos de câncer diagnosticados nesta faixa etária. As informações são da diretoria da Associação Amazonense de Ginecologia e Obstetrícia (Assago).

De acordo com a presidente da Assago, Grasiela Leite, o aumento no número de casos se deve a falta de prevenção dos jovens. "Esse aumento me deixa muito preocupada. O que me surpreende é que a doença está acontecendo muito em jovens abaixo de 30 anos. Uma semana dessas tive, praticamente, que dar o diagnóstico de um caso sem solução em uma garota de 26 anos com câncer de mama avançadíssimo. Ela nunca tinha feito um preventivo na vida e teve muitos filhos. Tudo por irresponsabilidade", afirmou ao G1.
De acordo com a ginecologista, a prevenção é a única forma de evitar o câncer de útero. Segundo ela, as mulheres inseridas na fase adulta, aprenderam a se cuidar, mas as jovens estão deixando a desejar. De acordo com Grasiela, o número de casos em outras faixas etárias está equilibrado.

A negligência com as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) é outra preocupação da médica. "Hoje em dia, os jovens não se cuidam. Preferem se prevenir de uma gravidez e nem ligam para DSTs. Não usam camisinha. Só anticoncepcional. As jovens esquecem que o Papiloma Vírus Humano (HPV), por exemplo, é uma DST que está presente em 99,9% das ocorrências de câncer de cólo de útero", explicou.
De acordo com informações da ginecologista, o câncer de cólo de útero era o segundo em número de casos perdendo para o câncer de pele na estatística de Manaus. "As mulheres estão se prevenindo mais e detectando precocemente o câncer de mama. Elas estão se auto-examinando e fazendo mamografia. Infelizmente, não se verificam esses cuidados das jovens em relação ao câncer de útero", disse.

"Em dois dias de ambulatório, atendo três pacientes jovens. Tenho atendido jovens de 26 a 30 anos que iniciaram a vida sexual muito cedo", disse a ginecologista. Não se cuidaram, não se preveniram e agora sofrem as consequências. Uma vez, uma paciente veio ao meu consultório com uma lesão. Indiquei um tratamento que ela não fez. A mesma paciente voltou três anos mais tarde com o câncer atingindo a bexiga e o reto. Um estágio complicado. É falta de cuidado mesmo", exclamou.