PIADA?

'Não gosto de prometer', diz Wagner sobre sistema do metrô para 2014

Governador afirma que prioridades para Copa são estádio e rede hoteleira.
'Quem anda de metrô é a população local', disse durante entrevista na TV.

Do G1 BA, com informações da TV Bahia

Mobilidade urbana não está entre as prioridades para que uma cidade como Salvador possa receber jogos da Copa do Mundo, avaliou o governador Jaques Wagner durante entrevista na manhã desta sexta-feira (18), em participação no Jornal da Manhã, da TV Bahia.
(Assista à entrevista na íntegra no vídeo ao lado)
Segundo ele, estádio e o sistema hoteleiro são os requisitos elementares avaliados pela Fifa. “Minha crença é que a gente consiga entregar o [sistema de] metrô. Mas isso não é impeditivo. Na verdade, para ter Copa, a gente tem que ter o estádio pronto e as condições de hotelaria, que é mais da rede privada. Transporte é claro que é o grande legado que fica para cidade. Espero que em 2014 esteja funcionando, mas não gosto de prometer antes de ver a obra começar”, avalia.
Na opinião do governador, os benefícios do metrô na Paralela e na Rótula do Abacaxi, duas obras previstas para serem concluídas com a verba do PAC 2, serão usufruídos pelos baianos. “É bom explicar que o turista que vai chegar dificilmente vai andar de metrô”, acredita. O recurso estimado para a Linha 2 do Metrô, que será instalado da Avenida Paralela até a Bonocô, é de R$ 1,6 bilhão e será oficializado pela presidente Dilma Rousseff na tarde desta sexta-feira. Desse montante, R$ 1 bilhão será repassado pelo Governo Federal e R$ 600 milhões pelo Governo do Estado.
“A Linha 1 [Rótula do Abacaxi] é PAC 1, uma obra que vou chamar de antiga [completou 12 anos em 2011]. Também já está garantido para ele [linha 1] mais R$ 315 milhões, fora os R$ 245 milhões que estavam já estocados no orçamento. Com isso, você chega a R$ 2,2 bilhões [cerca de] de obras de mobilidade urbana, que não é só a Linha 1 e 2, mas temos a 29 de Março [liga Paralela a BR-324], que vai desafogar muito o trânsito de Cajazeiras [bairro] e vamos também começar a trabalhar a interligação do metrô Linha 1 de Pirajá até Cajazeiras”, explica.
Em pouco mais de dois anos para início da Copa, o governo ainda não tem previsão de lançamento do edital de licitação da obra da Linha 2. A Linha 1 já está pré-licitada. Para o governador, a elaboração do edital é complexo e, por isso, demorado. "Ele vai falar da obra da Linha 2 e ao mesmo tempo tem que falar da operação. Não é um edital simples de ser feito. Tem que preparar um edital que depois vá à rua e não tenha polêmica judicial, senão atrasa a obra. A gente vive na democracia, que é muito bom, mas a democracia tem essas etapas. Se qualquer um levanta questionamento no edital, já tem atraso na obra. Por isso meu cuidado em demorar até um pouco mais na elaboração do edital", pontua.
A Comissão Especial de Monitoramento da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) realizou vistoria na Arena da Fonte Nova e, de acordo com o governador, a avaliação foi positiva. “Estiveram o superintendente, o diretor executivo e o engenheiro da FIFA. Garanto que eles saíram bem impressionados. As empreiteiras colocaram uma ampliação de praticamente 50% de trabalhadores”, afirma.
Consciência Negra
O governador também comentou a participação da presidente Dilma no sábado (19) durante o Encontro Iberoamericano do Ano Internacional dos Afrodescendentes – Afro XXI  -, iniciado na capital na quinta-feira (17), em comemoração ao mês da Consciência Negra. A pesquisa Censo 2010, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicou que, na Bahia, 80% dos brancos ganham mais que os negros. Em Salvador, essa média aumenta para 190%.
O governador acredita que a troca de experiência de políticas afirmativas entre diversos países ajuda no planejamento para diminuir essa defasagem salarial histórica. “O Brasil infelizmente foi o último país da América Latina a terminar com a escravidão, em 1888, e infelizmente terminamos com essa escravidão sem dar um destino melhor aos negros e libertos daquela época. Foi um acordo de elites, que deixou os negros descobertos”, avalia.
Entre as políticas já efetivadas, o governador aponta os atendimentos aos remanescentes de quilombolas e a atual discussão de cotas para negros e índios em concursos públicos de âmbito estadual. “Acho que as cotas raciais para universidades são uma política afirmativa que trabalha para diminuir essas desigualdades. Mas o que acho mais difícil é acabar com o preconceito, que está na cabeça das pessoas. As políticas a gente afirma, mas na verdade tem uma luta que é interior de cada um, que é combate a esse preconceito”, acredita.
Montadora chinesa

A confirmação da instalação de uma fábrica da marca chinesa Jac Motors no Polo da cidade de Camaçari, na Bahia, para o governador, vem em decorrência dos resultados obtidos com a fábrica da Ford. “Uma única montadora não consolida um polo automotivo. Hoje se tem um polo consolidado em São Paulo, com várias montadoras, e em Minas Gerais. A Bahia produz 44% de todos os pneus produzidos a nível nacional”, aponta.

O governador afirma ainda que a própria Ford recomenda o território baiano, satisfeita com a mão-de-obra local. “A maior produtividade do mundo das fábricas da Ford é aqui na Bahia. Isso foi mostrado [para os chineses], é obvio que contribuiu que o empresário que é sócio dele, Sérgio Habib, é um apaixonado pela Bahia”, conta.
O investimento previsto para a fábrica é de R$ 900 milhões, com geração de 3,5 mil empregos diretos. “É a primeira fábrica chinesa-brasileira, porque tem um sócio brasileiro [Habib], que se instala no Brasil”, diz.