Juro indica desconfiança dos investidores em relação à Itália.
No Brasil, papel equivalente é vendido com juro de 3,4%.
O rendimento dos títulos públicos italianos, que representa o juro com que o governo remunera os investidores que compraram papéis da dívida do país, superava na manhã desta quarta-feira (9) os 7%, um novo recorde histórico desde a criação do euro e que é considerado insustentável, apesar do anúncio da renúncia em breve do chefe de governo, Silvio Berlusconi, que era desejada pelos mercados.
O yield dos bônus italianos de 10 anos subiu para 7,31%, de acordo com a Tradeweb, acima do nível psicológico de 7% que levou Grécia, Irlanda e Portugal e pedirem ajuda financeira internacional, já que tornou os custos de financiamento insustentáveis.No mercado de ações, o dia também é de incerteza: as bolsas europeias operam em queda.
Nos últimos dias, a possibilidade de Berlusconi renunciar havia dado confiança ao mercado de ações italiano, que operou em alta e ao mesmo tempo aliviado pela pressão sobre o prêmio de risco.O que são títulos públicos | São papéis emitidos pelo governo e vendidos no mercado financeiro |
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O que é rendimento do título | É o juro, ou "prêmio" que o governo se compromete a pagar ao investidor que compra os papéis. Quanto maior o risco de um país, maior tem que ser o rendimento. |
Para que serve | O dinheiro da venda é usado pelo governo como um empréstimo que ele usa para pagar suas dívidas. |
O que o número indica | Rendimento mais alto do título indica que o investidor exige um ganho maior para comprar o papel. Ou seja, demonstra desconfiança sobre a capacidade do governo de honrar o pagamento. |
De acordo com a Reuters, os títulos do governo brasileiro com prazo de dez anos estão sendo negociados nesta quarta-feira com rendimento de 3,4% ao ano no mercado secundário, que é o negociado entre as instituições financeiras.
Na semana passada, o Banco da Itália informou que tem condições de enfrentar uma dívida pública com juros de até 8% durante os próximos dois anos e com a economia estagnada.
A Itália, embora solvente, está bem endividada. O receio dos investidores é de que o país não tenha capacidade de sustentar esse nível de empréstimos a um custo mais alto. E, como é a oitava maior economia do mundo, um colapso seria sentido em toda a economia global.
Primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi (Foto: AFP)
Na véspera, o rendimento havia atingido 6,77%. "Berlusconi conseguiu postergar sua permanência no cargo, mas as dúvidas persistem sobre a aplicação da política de austeridade", explicou Laurent Geronimi, da Swiss Life Gestão Privada."A política de Berlusconi tem sido atacada desde que ele assumiu o cargo e esses ataques aumentara agora com o agravamento dos desafios", disse Geronimi.
Efeito Berlusconi
Na véspera, o premiê da Itália, Silvio Berlusconi, confirmou que vai entregar o cargo após o Parlamento aprovar as leis orçamentárias para 2012. Ele confirmou o que já havia sido anunciado pelo presidente Giorgio Napolitano em comunicado.
"Após a aprovação dessa lei financeira, que tem emendas para tudo que a Europa nos pediu e que o Eurogrupo solicitou, eu vou renunciar, para permitir o chefe de Estado a abrir consultas", disse em entrevista a seu canal 5 de televisão.
"O Parlamento hoje está paralisado, no que diz respeito à Câmara dos Deputados", disse.
A Itália está bem endividada. Investidores temem que o país não tenha capacidade de sustentar esse nível de empréstimos a um custo mais alto
Ele afirmou que a Itália está em uma "posição difícil" em relação aos mercados financeiros e tem de demonstrar que é capaz de reformas sérias. Ele acrescentou que a única opção realista é a de novas eleições.
O anúncio ocorreu horas depois de o contestado premiê de centro-direita ter perdido a maioria absoluta na Câmara dos Deputados, o que fez a oposição intensificar os pedidos pela sua saída, que já eram crescentes.
A decisão foi anunciada após encontro entre o premiê e o presidente Napolitano.
Com informações da Agência Estado, EFE e AFP
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