MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 24 de abril de 2012

EFEITO MARIPOSA

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
São basicamente de dois tipos as expectativas existentes entre os parlamentares sobre a CPI mista que começa nesta semana a investigar as parcerias públicas e privadas das organizações Cachoeira de armações ilimitadas.
Há quem acredite que a comissão morra na praia por força de acordo entre as diversas forças políticas envolvidas e há quem aposte na possibilidade de uma investigação controlada, restrita aos fatos já apurados, e paulatinamente divulgados, pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
Em ambos os grupos o que mais se ouve é o chamamento à "precaução" a fim de que a CPI não "espalhe lama" por todo lado e não lance luz muito forte à zona sombria onde negócios se misturam com política.
O deputado Miro Teixeira, indicado pelo PDT, vai por outra linha: não vê hipótese de acordos - "a não ser que os signatários queiram se desmoralizar perante a opinião pública" -, acha que a comissão deve trabalhar justamente sobre fatos que a PF ainda não desvendou e considera essa história de cautela um contrassenso em relação aos objetivos da CPI.
"Se precaução deve haver é contra a mentira, o banditismo e o uso da comissão como palco daquelas mariposas que estão em busca de notoriedade para fazer jogo político", diz ele.
Neste aspecto revela uma preocupação com a participação de líderes partidários que pelo regimento têm direito à palavra a qualquer tempo, mesmo sem integrar a CPI.
"São 27 partidos e se não houver algum tipo de limitação aos discursos meramente políticos feitos em busca de notoriedade, será um inferno, o pior dos mundos para as investigações."
Em décadas de mandato, Miro Teixeira só integrou duas CPIs, a dos anões do orçamento e a que resultou no processo de impeachment contra o então presidente Fernando Collor. "Não sou um cepeista."
Aceitou participar da que agora se inicia porque vê nela uma peculiaridade interessante: "Começa por onde as outras terminam, o que oferece uma oportunidade concreta de avanço".
Explica-se: uma CPI quando acaba normalmente faz um relatório a ser encaminhado para a Polícia Federal e o Ministério Público para investigações, aberturas de inquéritos e, se for o caso, de processos.
No caso atual tanto a PF quanto o MP já têm prontas as investigações. Na opinião de Miro Teixeira, a CPI deve, então, tentar ir adiante, "até aonde a polícia e os procuradores por alguma razão não conseguiram chegar".
O deputado cita exemplos que são objetos de solicitações a serem feitas por ele: "Por que ninguém ainda pediu à Justiça a indisponibilidade dos bens de Carlos Cachoeira, Demóstenes Torres e Fernando Cavendish?".

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