MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 8 de abril de 2012

Fazendas produtoras de milho passam de pai para filho nos EUA


Repórter Helen Martins foi conferir o dia a dia em uma propriedade.
Muitas são tocadas pelas mesmas famílias há mais de um século.

Do Globo Rural

O vai e volta das máquinas mostra que o produtor de milho não tem tempo a perder. Ao lado de cada casa no campo, estão os enormes silos à espera dos grãos.

Ron Litterer trabalha com o irmão e um funcionário. São eles que pilotam o trator que puxa a carreta dos grãos.
Ron é agricultor na cidade de Greene, Iowa. Ele conta que é de família alemã no cultivo de milho há muito tempo. Não é de se admirar que tenham se instalado por ali. A cor da terra é preta, sonho de qualquer agricultor. “Nosso solo tem muita matéria orgânica, por isso tem essa cor escura. Também segura bem a umidade e têm muitos nutrientes. A maior parte do meio oeste tem este tipo de solo”.

Há poucos dias, a soja plantada foi colhida. Como no Brasil, eles também utilizam rotação entre soja e milho.

Junto com a indústria de etanol, a Ásia contribuiu para aumentar a demanda pelo milho americano. Demanda em alta, preço acompanhando, mas e os custos de produção? “Agora a rentabilidade da produção de milho e da soja está muito boa. Nós temos tido uma fase próspera nestes últimos anos, quando conseguimos produzir e o clima não atrapalhou”, conta.

O debate atual americano sobre o orçamento está planejando cortar US$ 2,5 bilhões ao ano dos programas para os produtores nos próximos 10 anos.
A nova lei agrícola americana deve ser votada até setembro e, caso não seja aprovada, a lei anterior automaticamente continua valendo por mais um ano e os subsídios seriam mantidos.

Os produtores de milho americanos lutam por seus interesses junto aos políticos. Uma das vozes ouvidas em Washington ultimamente vem da cidade de Floyd, no estado de Iowa.
Pam Johnson prepara sanduíches para levar ao campo, enquanto o marido e um dos filhos já estão na colheita.

Na propriedade de um dos filhos dela, Andy, de 31 anos, Pam pilota o trator. “Quando eu comecei a trabalhar na fazenda do meu pai eu tinha uns 10 anos. Eram pequenos tratores abertos, sem cabine, sem tecnologia”.
Hoje, Pam dirige uma máquina nova, recém-comprada, com cabine, ar condicionado e rádio para garantir a comunicação. Maurice, marido de pam há 39 anos, pilota a colheitadeira. A sincronia entre os dois é como um balé, comandado pelo GPS.

“Meu trator fica alinhado com a linha do milho e a colheitadeira vem ao lado. Tudo o que eu tenho que fazer é ajustar o GPS, apertar dois botões e ele começa a dirigir sem mim. Eu só observo a colheitadeira para manter a velocidade correta e não perder um grãozinho de milho. Este é o objetivo”.
Eles não perdem muito tempo nem na hora do almoço. O risco de chuva acelera a colheita.

Pam e o marido são a sexta geração de produtores de milho. Ao longo dos anos viram muitas mudanças, sobretudo com o avanço da tecnologia. Eles cultivam, junto com os filhos, 1.080 hectares de soja e milho e consideram que o maior avanço tecnológico esteja contido nas sementes. “Os transgênicos podem suportar mais a pressão climática, temos plantas mais saudáveis. Nós estamos cultivando três vezes mais milho em uma mesma área em relação à época da minha infância, nos anos 50”.
Pam mostra a espiga que produziu. Não chegou a encher até o final por problemas de clima, mas ainda assim, ela comemora. “Estamos felizes com a safra. Rendeu cerca de 11.500 quilos por hectare e a melhor parte é que o grão está bem seco. Podemos colher e colocar direto no silo sem gastar com secagem”.

A maior parte do milho produzido vai para a produção de etanol. As usinas, segundo ela, foram resultado do esforço dos próprios produtores para aumentar a demanda pelo milho.

Andy e o irmão Ben fizeram faculdade de estudos agrícolas e optaram por voltar para fazenda para aplicar o que aprenderam. Já formaram novas famílias e suas mulheres também são agricultoras.
Pam e Maurice dizem que não têm do que reclamar. Têm uma família unida, uma fazenda rentável... Pam é uma das vozes que mais têm sido ouvidas em Washington porque foi eleita a primeira mulher a ocupar a vice-presidência da Associação Nacional dos Produtores de Milho dos Estados Unidos. Em 2012 ela passará ao cargo de presidente.

Em 2050, o milho do futuro talvez já tenha passado para as mãos das crianças que hoje brincam no milharal recém-colhido. Ou que, como Jackson, de quatro anos, passeiam no trator com seus avós.
Novas gerações de produtores virão e quando a tarde cair no estado de Iowa, em época de colheita, pode-se ter certeza de que vai ter agricultor trabalhando.

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