MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 2 de abril de 2012

OAB pede, mas advogado diz que Demóstenes não renuncia


Denúncias apontam envolvimento de senador com Carlinhos Cachoeira.
Para presidente da OAB, ele perdeu condição de falar em nome de eleitores.

Do G1, em Brasília

 O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, defendeu neste domingo (1º) a renúncia de Demóstenes Torres (DEM-GO), mas o advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou que ele não renunciará.

Gravações telefônicas da Polícia Federal mostram diálogos que indicam o envolvimento do senador com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro pela PF sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal em Goiás.

Para o presidente da OAB, as escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal e divulgadas pela imprensa nos últimos dias mostram de maneira “contundente” que Demóstenes usava o cargo para defender interesses de Cachoeira.

“Gostaríamos que o senador saísse da cena política através da renúncia”, disse Cavalcante.

Ao chegar a Brasília neste domingo para um encontro com Demóstenes, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro foi indagado sobre se o senador irá renunciar. “O que ele disse agora por telefone é que absolutamente não pensa em renunciar”, respondeu.

Para o advogado, as escutas telefônicas que capturaram as conversas entre Demóstenes e Cachoeira são ilegais. “Há que se investigar o ministério público que durante três anos o gravou ilegalmente e há que se investigar por que o juiz determinou que ele fosse gravado durante três anos”, afirmou.

Castro disse que “jamais” aconselharia a renúncia ao senador. “O caso, juridicamente, é simples. Esse inquérito não tem como prosseguir”, declarou.

Ophir Cavalcante disse que a renúncia é a “única saída” para o senador, já que, segundo avalia, ele “perdeu a condição de falar em nome de seus eleitores, do povo de Goiás.”
“Todos nós brasileiros ficamos com um sentimento de indignação, de frustração. O senador Demóstenes era uma voz de combate à corrupção. Quando essa voz está envolvida com jogo, e o mandato dessa voz está sendo utilizado para beneficiar através de negociatas A ou B, a sociedade precisa reagir”, declarou.
Denúncias
Gravações telefônicas divulgadas neste sábado (31) apontam que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) atuou em órgãos públicos na tentativa de obter benefícios para Carlinhos Cachoeira.

Os áudios, autorizados pela Justiça e que fazem parte da investigação da Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso, apontam atuação no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e na Infraero, responsável pela infraestrutura dos aeroportos do país.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro afirmou ao "Jornal Nacional" que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) – onde o senador está sendo investigado após pedido da Procuradoria Geral da República – para tentar anular a investigação da PF.

Segundo o advogado, por ter foro privilegiado, Demóstenes só poderia ter conversas gravadas com autorização do STF. "Eles gravaram o senador indevidamente, de forma inconstitucional, durante três anos", afirmou Castro.

Conforme a revista Época, Demóstenes chegou a pedir a Cachoeira, influente no Centro-Oeste, que ajudasse a agência de publicidade de um amigo a conseguir contratos em Mato Grosso para a Copa do Mundo.

Outras evidências publicadas pela revista na edição deste fim de semana apontam que Demóstenes defendeu interesses de um laboratório farmacêutico de Cachoeira.

Segundo documentos obtidos por "Época", houve troca de correspondências entre a agência, o gabinete do senador e a agência reguladora. A tentativa seria de agilizar o registro de medicamentos.
Diálogos mostrados por "Veja" apontam que Cachoeira pediu para Demóstenes acompanhar uma pessoa que teria reunião no Ibama. O senador sugere conversar direto com a ministra do Meio Ambiente, com quem diz ter "bom acesso".

"O Globo" já havia mostrado nesta sexta que senador, em escutas telefônicas de 2009, havia tentado interferir em uma licitação da Infraero. Na época, Demóstenes era relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou problemas no tráfego aéreo do país.

O líder do Democratas na Câmara, deputado ACM Neto, afirmou que o DEM deu prazo até segunda-feira à noite para que Demóstenes se explique sob pena de abertura de processo de expulsão.

"Nós demos ao senador Demóstenes o prazo de segunda-feira à noite, para que ele traga explicações contundentes e consistentes ao partido. O que nós achamos que é muito difícil ele fazer. Caso ele não consiga trazer uma defesa contundente ao partido, o caminho será abertura de processo de expulsão do senador."

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