Após teto quase desabar, escola de Alagoas tem aulas em contêineres
Alunos foram transferidos para local improvisado em clube de Paripueira.
Por causa do calor, governo instalou aparelhos de ar-condicionado.
Após o desabamento do teto, escola de Paripueira (AL) passa por reforma geral (Foto: Vanessa Fajardo/G1)
Os alunos da Escola Estadual Julieta Ramos Pereira, localizada em Paripueira, cidade do litoral norte de Alagoas, estão assistindo as aulas em 10 contêineres com ar-condicionado montados pelo governo do estado dentro de um clube cedido pela prefeitura. O teto da escola cedeu no mês de setembro.Por dois dias, os estudantes assistiram às aulas no espaço aberto do clube, onde há mesas e bancos de cimento. As paredes foram improvisadas por faixas de TNT.
Não havia água potável para os alunos e a orientação era para que os professores evitassem usar as lousas, pois elas estavam sendo sustentadas por cordões pendentes.
Alunos assistem às aulas nos contêineres com ar-condicionado (Foto: Escola Julieta Ramos/ Divulgação)
A informação era de que o problema não estava localizado no clube, e sim em todo o bairro. Pela manhã, segundo o diretor, André Gustavo Ribeiro Borges, as aulas ocorreram normalmente e os alunos nem pediram para ir ao banheiro, por conta do conforto do ar-condicionado dos contêineres. Alunos da escola Julieta Ramos assistem às aulas em clube (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Segundo Borges, é preferível que a escola funcione dessa forma emergencial para não atrasar o encerramento do ano letivo. O governo estadual montou contêineres climatizados
(Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
“Janeiro é alta temporada, muitos dos meus alunos trabalham. Vão trabalhar em barzinhos, hotéis, aí eles não vêm à aula. Ficamos sem condições.” Borges diz que a evasão é alta, principalmente no período noturno.(Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Os 10 contêineres servem para abrigar 1.162 alunos de 6º ao 9º ano do ensino fundamental e ensino médio em três turnos. Assim como as salas de aula, os banheiros e a cozinha também estão longe do ideal. Os livros que seriam entregues aos alunos estavam no chão.
Além do problema pontual de infraestrutura, a escola sofre com as deficiências que atingem toda a educação do estado. Somente cerca de 50% do quadro de docentes é formado por professores efetivos, o restante é preenchido por monitores.
Mãe e filho na mesma sérieApesar dos problemas de falta de estrutura da Escola Estadual Julieta Ramos Pereira, Rosemeire Lourenço dos Santos, de 31 anos, diz que não tem do que reclamar. Ela ficou cinco anos sem estudar e retomou os estudos neste ano, ao se matricular no primeiro ano do ensino médio, mesma série do filho de 13 anos. "Optei por não estudar na mesma sala que ele para não constrangê-lo", afirma.
Mãe e filho estudam no 1º ano do ensino médio em colégio improvisado em clube (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Antes de parar de estudar por conta da gravidez do segundo filho, Rosemeire já era aluna da Julieta Ramos Pereira. A estudante conta que acompanha o desenvolvimento do filho, sente seu aprendizado e evolução e aprova a qualidade de ensino. O garoto Luiz Gustavo dos Santos Lima também gosta da escola. "Acho que os professores são bons, mas tenho dificuldade em inglês, português e matemática."Casos como o de Rosemeire, que está com idade muito além da esperada para a série, são comuns em Alagoas. Mais de metade dos alunos da rede estadual que está no ensino médio tem idade superior à esperada para a sua série. A taxa de distorção idade-série na rede estadual é de 55,8% no ensino médio e 44,9% no ensino fundamental. O índice mostra a porcentagem de alunos que estão defasados em relação à serie em que estudam.
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