MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ribeirinhos na Amazônia viajam mais de 3h de barco para ir à escola


Taxa de evasão escolar da região é de 1%, abaixo da média nacional.
'Tem que ter força de vontade, senão ninguém vai pra frente', diz aluna.

Do G1 AM

Ribeirinhos no Amazonas percorrem um longo percurso sobre as águas dos rios para chegar à escola todos os dias. Apesar da aventura e da dificuldade de acesso, alunos-ribeirinhos não desistem dos estudos. Um exemplo disso é que a taxa de evasão na escola da região é pouco maior que 1%.

No amanhecer do dia no lago do Purupuru, os pequenos passageiros já estão na canoa.
Para os irmãos Daniel Pinheiro Azevedo, de 13 anos, e Priscila Rodrigues de Azevedo, 15, há dois anos é essa a rotina. Todos os dias eles percorrem um longo caminho até a escola.
Depois de 20 minutos de viagem na rabeta, eles chegam ao flutuante para esperar o barco do transporte escolar. "Hoje foi tranquilo, pior mesmo é quando chove porque dá medo e a canoa pode virar", disse Priscila.
De casa em casa, são quase 20 paradas até a Escola Estadual Pedro dos Santos. Quase três horas depois de ter saído de casa, os alunos chegam à comunidade do Mutirão, para a aula.
De acordo com a diretora da unidade de ensino, Joelma Lemos, a Escola Pedro dos Santos é a única da redondeza a oferecer turmas até o nono ano, além de ensino médio completo. Segundo ela, a evasão escolar é de apenas 1,5%, enquanto a média nacional, segundo o Ministério da Educação (MEC), é de 6,9% no ensino fundamental.
Alunos viajam de barco para ir à escola (Foto: Reprodução TV Amazonas)Alunos viajam de barco para ir à escola (Foto: Reprodução TV Amazonas)
"A persistência no estudo é para sair do interior e fazer uma faculdade em Manaus. Nós já formamos muitas turmas e muitos alunos estão para lá em busca de seus sonhos: vencer na vida né?", disse ela.
Às cinco da tarde, o sol já vai baixando. Começa a jornada de volta e tem gente animada, mas a maioria se rende ao cansaço. Já passa das oito da noite quando Priscila, Daniel e as vizinhas fazem o trecho final da viagem, no escuro.
No outro dia, a rotina se repete e assim será pelos próximos anos. Priscila não pensa em desistir. "Meu maior sonho é terminar meus estudos, fazer faculdade, ter um bom emprego, ter minha casinha toda ajeitadinha".
E na escola da vida é Daniel que dá uma lição: "Aqui é tão longe e dificultoso, mas a gente não põe dificuldade em nada. Tem que ter força de vontade senão ninguém vai para frente. As pessoas que ficam bem pertinho da escola não querem ir e nós aqui longe, né? Tem que ter coragem mesmo, vontade", disse.
Todos os dias eles percorrem um longo caminho até a escola (Foto: Reprodução TV Amazonas)Todos os dias eles percorrem um longo caminho até a escola (Foto: Reprodução TV Amazonas)
Estes jovens têm a sorte que nem todos na região tiveram. Aos 90 anos, o agricultor Sabino ainda lamenta não ter aprendido ler e escrever. Ele largou a escola para trabalhar. "Até arrumar outro professor, a gente já tinha esquecido o que tinha aprendido. Aí começava do 'ABC' tudo de novo", contou.
Sabino deixou os livros cedo, mas ajudou a construir o sonho destes jovens: ele criou a primeira escola da região. "Era de madeira, eu carregava o esteio nas costas. Até que arrumamos uma professora. Ela ensinou e aí veio crescendo que nem um pé de plantinha". A escola criada por Sabino passou, na década de 70, a ser mantida pelo município e atualmente tem professores regulares, que atendem a 50 alunos.

3 comentários:

  1. somos um colégio que elabora apostilas e gostaríamos de inserir a imagem das crianças indo para a escola de canoa em nosso material de Geografia, como procedemos?
    pesquisa@jpiaget.com.br

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