MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 8 de abril de 2012

Zooterapia ajuda no tratamento de crianças e adultos no interior de SP


Equoterapia é o método usado em Botucatu.
Em Bauru há também a petiterapia, com cães.

Do G1 Bauru e Marília
Um jeito diferente de fazer terapia está mudando a rotina de alunos da rede municipal de ensino de Botucatu (SP). A Prefeitura , em parceria com o Rancho São Francisco, realiza o projeto de equoterapia, onde as crianças desenvolvem as habilidades a partir da relação com cavalos. O trabalho beneficia principalmente aqueles que possuem dificuldades de aprendizagem, hiperatividade, dislexia, déficit de atenção e problemas de comportamento.
Terapia com uso de animais, a zooterapia, tem auxiliado no desenvolvimento de crianças.  (Foto: Divulgação/ Apae Bauru)Terapia com animais (zooterapia) auxilia no desenvolvimento de crianças. (Foto: Divulgação/ Apae Bauru)
O projeto acontece desde março de 2010 e 50 crianças de cinco escolas participam da iniciativa. O método do Programa de Atendimento Equoterápico nos Distúrbios de Aprendizagem (Paeda) utiliza exercícios que desenvolvem habilidades tais como memória, percepção e atenção. O Rancho São Francisco é um dos três centros que realizam o trabalho no Brasil.
Na prática
Albert da Silva Floriano, que participa do projeto desde 2011, é um dos beneficiados. Segundo Regina Floriano, mãe do aluno, ele já melhorou muito. “Ele se sente mais tranquilo e tem apego com os bichos. Ele tem problema em se fixar em uma coisa e terminá-la, mas isso já mudou”, afirmou. Além disso, ele está mais calmo, segundo a mãe. "Ele não fica tão irritado, e quando fica, logo passa. Antes da terapia era mais complicado, ele não entendia o que falávamos para ele, hoje entende e obedece”.
Em Botucatu, a equoterapia é oferecida para alunos da rede pública.  (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Botucatu)Em Botucatu, a equoterapia é oferecida para alunos
da rede pública. (Foto: Divulgação/ Prefeitura)
No caso de Tania Regina Almeida Fogaça, aluna de 10 anos também atendida pelo programa, a mãe, Laurita Almeida, constatou uma grande melhora: “Faz cerca de 2 meses que minha filha é atendida e hoje ela já mudou muito. Estamos muito felizes com os resultados”. Laurita conta que a filha era retraída e tinha déficit de atenção em sala. “Ela tinha preguiça de fazer tarefa em casa e depois da equoterapia, a professora nos contou que ela é a primeira a terminar as atividades”, enfatizou.
Segundo Maria Gabriela Araújo, instrutora de equoterapia e pedagoga, 90% das crianças que fizeram e fazem parte do projeto, mostraram evolução no comportamento. “É um diferencial o fato de a prefeitura oferecer um trabalho como esse. É uma maravilha. As crianças precisam de tanta coisa e, agora, nos aperfeiçoamos por elas. Temos uma equipe completa, com psicóloga, fisioterapeuta e instrutora”, contou Maria.
Segundo ela, autoestima, autoconfiança, limites, concentração e coordenação motora são alguns dos pontos trabalhados com os alunos. “Trabalhamos com tudo isso, o que auxilia na vida dos alunos, não só na escola, mas na relação com a família".
Cavalos (Foto: Divulgação/ Prefeitura)A importância da história de conquista dos cavalos
auxilia no tratamento. (Foto: Divulgação/ Prefeitura)
O cavalo
Ainda de acordo com a pedagoga e instrutora, o cavalo tem um diferencial. “A questão de poder, de conquista, até mesmo do que o cavalo representa na história, mexe com as crianças. Principalmente quando elas conseguem fazê-los trotar, andar e parar, é uma conquista”, informou.
A higiene pessoal é outro aspecto que acaba sendo despertado nos alunos indiretamente por meio da terapia. “Os alunos têm que escovar o cavalo, seguem uma rotina de limpeza e isso os influencia. Eles tomam consciência da importância da higiene, são reeducados”.
Em Bauru
A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) desenvolve um projeto parecido há 11 anos. Os participantes são alunos ou pacientes do Centro de Reabilitação escolhidos por triagem e avaliação. Segundo Luciana Marçal da Silva, consultora e fisioterapeuta, a equoterapia é uma técnica multidisciplinar que utiliza o cavalo como recurso terapêutico. “Atendemos com apoio de fisioterapeuta, psicóloga, educador físico, pedagogo, equitador e fonoaudiólogo, onde o paciente tem uma supervisão global”, explicou.
Os pacientes com alteração motora, que têm déficit de controle de tronco e cabeça, respondem mais rápido do que teriam em uma fisioterapia tradicional. “O tratamento de uma lesão neurológica é um pouco mais demorado. Já com a equoterapia, os resultados são mais rápidos, além do cavalo estimular o movimento, o cérebro do paciente entende que a criança está caminhando o que estimula a plasticidade cerebral e a melhora motora”, afirmou a fisioterapeuta.
Crianças com autismo também são atendidas pela ação. Nesse caso, eles ficam mais calmos e aprendem a lidar com a afetividade. O contato com os animais os torna mais funcionais, alertas e menos agressivos.
Eduardo Janone da Silva foi paciente da equoterapia da Apae. “Foi muito bom, minha lesão é muito alta, de quarta e quinta cervicais. Tenho trauma raquimedular. Meu equilíbrio é bastante limitado e com a estimulação, principalmente com a equoterapia, consegui resultados muito legais”.
No começo do tratamento, Eduardo não conseguia montar sozinho no cavalo. “A terapeuta montava no cavalo comigo, de tão pouco equilíbro que eu tinha, depois de um ano já terminava as terapias no cavalo sozinho”.
Petiterapia
Outra iniciativa envolvendo animais é a petiterapia, uma zooterapia que promove, por meio da interação homem-animal, um estímulo à aprendizagem da criança. Segundo Kellen Reis, psicóloga responsável, o projeto possibilita um atendimento diferenciado. “Através da relação do cão com a pessoa, vemos uma estratégia que estimula a afetividade”, contou.
A petiterapia, que utiliza cães, é um dos diferenciais de tratamento na Apae.  (Foto: Divulgação/ Apae Bauru)A petiterapia, que utiliza cães, é um dos diferenciais de tratamento na Apae. (Foto: Divulgação/ Apae Bauru)
“Alunos que teriam resistência maior para fazer atendimento de fisioterapia ou até mesmo resistência de contato com as pessoas acabam se abrindo com a ajuda da terapia”. A especialista explica que, um autista, por exemplo, pode ficar mais afetivos, mais aberto à interação. “Eles passam a apresentar comportamentos que não apresentam, têm ganhos em relação ao aspecto comportamental, o que reflete em outras ações”, disse.
Os profissionais conseguem estimular os alunos com problemas motores a caminhar, a realizar atividades que eles não conseguiriam realizar sem o estímulo do cão e, com isso, todo o processo de aprendizagem melhora. Outros aspectos destacados e trabalhados pela psicóloga são a atenção e a concentração.
“Também conseguimos trabalhar com limites, regras e rotina”. Assim como no caso da equoterapia, a higiene do cão e a escovação incentivam os alunos a fazerem o mesmo. “Crianças que não têm hábito de limpeza acabam tendo um estímulo e passam a prestar mais atenção até mesmo em casa”, completou Kellen.
Os cães que fazem parte do projeto são selecionados previamente. Desde a idade do animal até mesmo uma avaliação de saúde é feita antes de escolher um animal para trabalhar com as crianças, por isso, os pais podem ficar despreocupados.

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