MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 12 de maio de 2012

Após anos dedicados a filhos, mães encaram desafio de voltar a trabalhar


Mulheres precisam reaprender a dividir o tempo entre casa e emprego.
Atualização e capacitação são imprescindíveis para voltar ao mercado.

Pâmela Kometani Do G1, em São Paulo

Fernanda Nunes teve sua primeira filha com 33 anos e não parou de trabalhar, mas com a chegada da segunda, dois anos depois, ela achou que era preciso dar um tempo na carreira em uma empresa de telecomunicações para se dedicar exclusivamente à maternidade. “Trabalhava com marketing e não tinha como prever a minha rotina. Essa inconstância não era compatível com a necessidade de cuidar de duas crianças pequenas”.
Fernanda Villella Nunes - Dia das Mães (Foto: Pâmela Kometani/G1)Fernanda ficou três anos em casa para cuidar das filhas e trocou a área de telecomunicações por uma nova carreira no setor de tradução (Foto: Pâmela Kometani/G1)
Alguns anos se passaram, as meninas cresceram, começaram a frequentar escola e balé, entre outras atividades, e aos poucos a mãe foi percebendo que era hora de também voltar a se preocupar consigo e com sua vida profissional. Voltar a trabalhar e se recolocar no mercado, após três anos dedicados às filhas, foi um grande desafio para ela.
Veja dicas para voltar ao mercado de trabalho
CapacitaçãoCursos, palestras e workshops são boas opções para renovar os conhecimentos e manter contato com profissionais do setor
AtualizaçãoAlém de cursos, as profissionais também devem saber o que está acontecendo em sua área para não renovar sua visão de negócio
Networking
Profissionais que pretendem voltar para a mesma área ou para a mesma empresa devem manter contato com antigos colegas de trabalho. Isso pode facilitar a volta ao mercado
Mudança de área
As profissionais que optarem por mudar de área devem se preparar como fizeram no início da carreira. Quem vai abrir o próprio negócio também precisa estudar o mercado para não perder dinheiro
Freelancer
Uma boa opção para as mães que ainda não dispõem de muito tempo para se dedicar ao trabalho é retornar ao mercado fazendo trabalhos isolados. Dessa forma, as empresas sabem que você está de volta e o leque de atuação aumenta
Fontes: Alexia Franco, diretora da Hays, e Andreza Santana, gerente de marketing sênior do Monster Brasil
“Curti muito a gravidez, fiquei encantada com o barrigão, mas sentia que não estava cumprindo todos os meus deveres sem trabalhar. A realização na carreira também faz parte da felicidade”, conta Fernanda, hoje com 43 anos.
Formada em administração de empresas e com pós-graduação na área, ela resolveu buscar um novo setor em que tivesse uma rotina mais regrada e tempo para se dedicar a família. Ela fez uma graduação tecnológica em tradução e intérprete e voltou aos poucos, trabalhando de casa em projetos de tradução e dando aulas de inglês.

Mas, em 2009, Fernanda teve a confirmação de que tinha um câncer de mama e teria que fazer uma mastectomia total e reconstruir as mamas. Ela resolveu investir de vez na retomada de sua carreira. “Foi um choque porque você percebe que não é totalmente dono da sua vida. Isso me deu ainda mais vontade de renovar tudo e de recomeçar”, diz.

Agora, Fernanda diz que se dedica mais ao trabalho desde que virou sócia de um escritório de trabalhos em tradução e intérprete, no ano passado. “Acho que o mais importante é trabalhar sem culpa, porque senão essa volta pode ser prejudicial. Estou aprendendo a ser uma profissional liberal e a estruturar as tarefas dentro de casa.”
Marilivia Lanera - Dia das Mães (Foto: Arquivo pessoal)Marilivia (ao fundo) e a filha, Carolina, de 28 anos
(Foto: Arquivo pessoal)
Carreira em vendas
Com três filhos, Marilivia Lanera, de 50 anos, também teve que se afastar do trabalho para cuidar da família. “Que maluca eu ia achar para tomar conta dos meus bebês e da minha filha comigo trabalhando fora? Acabei ficando em casa até os meninos completarem seis anos e começarem a ir para a escolinha. Foi uma fase que não teve pesar nenhum pra mim, era meu momento para parar e ser mãe”, fala. Hoje, Carolina tem 28 anos e os gêmeos, Bruno e Guilherme, têm 24 anos.

Marilivia voltou a trabalhar em uma boutique de roupas que atendia com hora marcada, assim ela conseguia atender as clientes somente no horário em que as crianças estavam na escola. “Acho que a grande receita para voltar a trabalhar é fazer o que você gosta. Resolvi arregaçar as mangas e voltar para o trabalho com carinho e paixão”.

Depois, a família se mudou para Itapevi, na Grande São Paulo, quando seu marido foi promovido e ela saiu da empresa. “A gerência não deu certo e procurei uma prima que conseguiu um emprego para mim como vendedora em uma loja de moda feminina em um shopping. Eu vinha todos os dias para São Paulo. Tive que fazer isso por quase um ano”, conta.

Com cinco anos de casa e na gerência de duas lojas, ela recebeu uma proposta para mudar de emprego. “Resolvi aceitar o desafio e estou na empresa há 12 anos”.

Hoje, ela é gerente de uma loja de roupas e depois de fazer a faculdade de marketing, já planeja sua pós-graduação em branding. “Nunca tinha trabalhado com vendas, mas eu realmente agarrei a oportunidade. O que você não pode fazer é parar no tempo”, ressalta Marilivia.
De motorista ao setor de importação
Quando decidiu ser mãe, Claudete Sécolo, de 38 anos, resolveu se dedicar totalmente ao seu filho, que hoje tem 16 anos. “Só voltei a trabalhar quando ele tinha 1 ano e meio. Curti aquele momento, mas não ia conseguir ficar em casa. Muitas mães decidem ser apenas mães, mas não queria isso para mim. Pensava em dar qualidade de vida para o meu filho, uma boa educação e isso não é possível com apenas uma pessoa trabalhando”, ressalta.
Claudete Sécolo - Dia das Mães (Foto: Arquivo pessoal)Claudete buscou realização profissional (Foto: Arquivo pessoal)


Claudete voltou ao mercado de trabalho como motorista de micro-ônibus de transporte coletivo, em Santo André, na Grande São Paulo. Depois, seu irmão comprou uma perua escolar e ela assumiu a direção.

Em 2005, ela recebeu uma proposta para trabalhar no departamento financeiro de uma empresa de acessórios para cabos de aço, onde está até hoje. Para não perder tempo, ela fez uma faculdade de gestão financeira e foi aprimorar seu inglês. Com os bons resultados, Claudete foi convidada para o setor de importação e agora é responsável pela relação comercial entre a empresa e o exportador.

“Fui indo aos poucos, me preparei e abracei as oportunidades. Queria me sentir uma profissional realizada e eu tenho conseguido isso. O filho não me impediu, basta querer e sair da zona de conforto”, diz Claudete.

Volta ao trabalho
“É preciso saber usar o tempo a seu favor para enriquecer o currículo. Estudar é sempre válido e nada melhor do que utilizar o tempo para se atualizar sobre o que tem acontecido no mercado e fazer cursos de atualização ou especialização, que podem contribuir para o desenvolvimento da carreira”, afirma Alexia Franco, diretora da Hays, grupo global de recrutamento especializado.
Para Andreza Santana, gerente de marketing sênior do Monster Brasil, a mulher deve programar o seu retorno. "Mesmo que não tenha um tempo pré-determinado de afastamento, essa profissional deve planejar como será o período de ausência e manter-se atualizada".

Atualização e capacitação são imprescindíveis para a profissional que está planejando seu retorno ao mercado de trabalho. A preparação para o retorno ao mercado deve ser proporcional ao tempo em que a mulher ficou parada. “Quanto mais tempo se passa, mais essa profissional precisa provar que está atualizada e que não perdeu o ritmo que mercado exige para a entrega de resultados”, diz Alexia.

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