MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 20 de maio de 2012

Brasileiros do MIT relatam pressão por notas e rotina pesada de estudos


Estudantes dizem que a cobrança por notas altas é grande até entre alunos.
MIT, nos EUA, é um dos centros de tecnologia mais importantes do mundo.

Vanessa Fajardo Do G1, em São Paulo
Karine Yuki estuda física e políticas públicas no MIT  (Foto: Arquivo pessoal)Karine Yuki estuda física e políticas públicas no MIT
(Foto: Arquivo pessoal)
Famoso por ser um dos centros de ciência e tecnologia mais importantes do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), localizado em Massachusetts, nos Estados Unidos, também é conhecido pela rigidez do ensino. Depois de vencer a concorrência e conquistar uma vaga – no máximo 10% do total é destinada aos estrangeiros – o desafio do estudante que ingressa na instituição é driblar a pressão, encarar uma rotina pesada de estudos e disputar espaço entre alunos de excelência. Brasileiros formados no MIT ou que estudam na instituição relataram ao G1 a rotina pesada de estudos e a pressão que existe por um bom desempenho.
A brasileira Karine Yuki, de 21 anos, que está no terceiro ano do curso de física e políticas públicas no MIT diz que aprendeu a superar a saudade da família e se adaptou ao ritmo da universidade, mas teve suas dificuldades. “Nenhum aluno do MIT está acostumado a não ter as melhores notas da escola, mas a competição na universidade passa a um nível completamente diferente do que eu estava acostumada no Brasil”, diz.
No MIT você não para de estudar. Em um dia normal acorda às 9h e estuda até as 2h da manhã"
Karine Yuki, 21 anos,
aluna do MIT
Ex-aluna do Colégio Etapa, com família em São Paulo, atualmente Karine mora em Boston em uma casa com outros 20 estudantes estrangeiros, uma espécie de república americana, mas passou os primeiros anos em uma residência dentro do campus. “No MIT você não para de estudar. Em um dia normal acorda às 9h e estuda até as 2h da manhã. Agora moro em Boston, e cruzar a ponte [entre Massachusetts e Boston] ajuda muito porque não fico só na 'bolha' do MIT.”
Hugo Marrochio, 22 anos, enfrentou a maratona rígida de provas e trabalhos no MIT por quase três anos, se formou em física e está com o diploma em mãos. Ex-aluno do Colégio Objetivo, ele voltou para São Paulo recentemente para fazer mestrado na Universidade de São Paulo (USP).
O jovem afirma que logo que se mudou para os Estados Unidos só estudava, mas depois começou a “socializar.” “Não dá para ser uma máquina de fazer um problema. Academicamente, o problema do MIT é que tem muita pressão. Não dá para tirar nota ‘B’", afirma o brasileiro. "As pessoas te olham, o lugar em si tem a pressão dos professores, dos próprios estudantes. Todo mundo que vai para lá é um pouco perfeccionista. Se não tiver o melhor resultado, vai se cobrar.”
O problema do MIT é que tem muita pressão. Não dá para tirar ‘B’, as pessoas te olham, o lugar em si tem a pressão dos professores, dos próprios estudantes"
Hugo Marrochio, 22 anos,
formado pelo MIT
Apesar da pressão, ser brasileiro chega a ser uma vantagem entre os estudantes do resto do mundo que estão no MIT. Hugo afirma que os brasileiros são respeitados e têm fama de serem aplicados e estudiosos, apesar de falantes.
O MIT ocupa a segunda posição no ranking mundial das universidades feito pela instituição londrina Times Higher Education (THE), atrás apenas da Universidade Harvard, também dos Estados Unidos. Procurada pelo G1 para comentar sobre as impressões dos estudantes brasileiros, a assessoria de imprensa do MIT não quis se pronunciar sobre o assunto.
Hugo Marrochio é formado em física pelo MIT e faz mestrado na USP (Foto: Arquivo pessoal)Hugo Marrochio é formado em física pelo MIT e faz
mestrado na USP (Foto: Arquivo pessoal)
Riqueza cultural
Além do currículo com o nome de umas das mais importantes universidades do mundo, Karine diz que vai levar do MIT a amizade com pessoas de todas as partes do mundo. “Tenho amigos da Romênia, do Nepal, e de muitas partes dos Estados Unidos. O contato com culturas diferentes dá uma noção de que algo une todas as pessoas apesar das nacionalidades”, afirma.
Para a jovem, que integra o time de taekwondo do MIT, a experiência está sendo muito válida. Karine ainda não sabe se vai voltar ao Brasil no próximo ano, quando conclui o curso de graduação. A intenção é emendar um mestrado também nos Estados Unidos. Ela diz que os brasileiros que ingressam no MIT se dão muito bem, e que muitos estudantes deixam de concorrer às vagas por desconhecimento. “Não é algo restrito a quem vai para olimpíadas mundiais ou estuda em um determinado colégio. A universidade analisa a pessoa como um todo, além das notas, é possível entrar no MIT.”
Hugo também concorda que a experiência cultural foi o que o MIT lhe proporcionou de melhor. “O contato com a diversidade é muito interessante, tenho amigos de todos os lugares do mundo. Academicamente não posso avaliar se sei mais que alguém que se formou no Brasil, por exemplo. Não dá para julgar. Mas pela experiência cultural, valeu a pena. Também amadurece muito, sou outra pessoa.”
Lucas Sá e Gustavo Haddad são os dois brasileiros aceitos pelo MIT neste ano (Foto: Arquivo pessoal)Lucas Sá e Gustavo Haddad são os dois brasileiros aceitos pelo MIT neste ano (Foto: Arquivo pessoal)
Expectativa
O time de brasileiros no MIT vai ganhar dois novos integrantes que estarão na universidade a partir do dia 15 de agosto para o início do ano letivo de 2012: João Lucas Camelo Sá, morador de Fortaleza (CE), e Gustavo Haddad Braga, de São José dos Campos (SP), ambos com 17 anos.
Gustavo afirma que o ambiente competitivo o deixa motivado. “Vejo como algo positivo. Será um novo desafio, vou me esforçar para acompanhar e estudar cada vez mais.” O jovem que também foi aprovado em outras universidades americanas de ponta como Harvard, Stanford, Yale e Princeton conta que optou pelo MIT porque durante a visita se encantou pela “atmosfera do campus.”
“Eles amam ciências, física, matemática e me identifiquei. Pretendo seguir algo na área de física ou engenharia e é a instituição mais forte nesta área, com ótima reputação.” Além de se dedicar aos estudos, Gustavo pretende entrar na equipe de natação, já que o MIT valoriza os esportes.

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