Cabeleireira dá desconto para quem for com cabelo lavado a salão na BA

Ação é uma das medidas criadas para enfrentar racionamento de água.
Em Vitória da Conquista, prefeitura decretou racionamento.

Do G1 BA

Comerciantes e moradores de Vitória da Conquista, no centro sul da Bahia, estão desenvolvendo medidas para encarar o racionamento de água que foi decretado pela prefeitura na terça-feira (15), quando os moradores passaram a ter direito à água encanada a cada dois dias.
No município, que não chove a mais de seis meses, a cabeleireira Bene Medeiros tenta economizar oferecendo descontos para os clientes que forem ao salão com os cabelos já lavados. Apesar de não revelar valores, ela garante que está "oferecendo uma oferta especial para o cliente que chegar com o cabelo já lavado. É a medida que achamos para enfrentar este momento", diz.
Na cidade, os moradores também estão se adaptando para lidar com a medida. Além de conservar a água em baldes de plásticos durante os dias de abastecimento, donas de casa como Maura Sousa estão reutilizando a água que lava as roupas na limpeza da casa. "Não pode desperdiçar porque o pouco que tem devemos segurar. Se não, se desperdiçar, acaba", diz.
Seca
Já chega a 238 o número de municípios da Bahia em situação de emergência por causa da seca. Além dos prejuízos para as lavouras e a produção econômica do estado, a festa de São João 2012, um dos festejos mais tradicionais do estado, está comprometida em 37 dos 417 municípios baianos, segundo informou na quinta-feira (10) a União dos Municípios da Bahia (UPB). Vinte cidades baianas cancelaram o evento e 17 reduziram a programação dos festejos, de acordo com a UPB. Até agora, 223 municípios do estado decretaram situação de emergência.
Prejuízos de R$100 milhões
O governo da Bahia, através do Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícula, calcula que os prejuízos com a seca no estado até hoje cheguem a quase R$ 100 milhões. As pastagens secas castigam praticamente todo o rebanho de caprinos, o maior do país com 15 milhões de cabeças. A produção leiteira também sofre.

No norte do estado, uma das regiões mais atingidas, os produtores de feijão lamentam as perdas. “Todo ano a gente colhe em um hectar seis a oitos sacos de caroços. Esse ano está desse jeito”, disse um agricultor.
Os números são da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). Segundo o órgão, o prejuízo no estado com a seca pode chegar a um bilhão de reais nos próximos sessenta dias, caso o cenário atual não mude. Os setores mais atingidos pela seca, ainda de acordo com a EBDA, são o da pecuária. Até agora, houve um déficit de cerca de R$ 560 mil por causa da morte de bovinos e de aproximadamente R$ 302 mil com a redução do peso do gado. Os prejuízos com a redução na produção de leite no estado passa dos R$ 100 mil.
Duzentos e trinta e oito municípios baianos estão em situação de emergência por causa da seca, a pior dos últimos 47 anos.