MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 28 de maio de 2012

GREVE FEZ PARTE DE UMA ARMAÇÃO PARA AUMENTAR TARIFA?

Setps pede aumento da tarifa de ônibus para R$ 3,15 em Salvador

Pleito foi enviado à Prefeitura nesta segunda. Valor atual é de R$ 2,50.
Empresários alegam "impactos" gerados pelo pagamento dos reajustes.

Brenda Coelho e Tatiana Maria Dourado Do G1 BA

Os donos de empresas de ônibus de Salvador encaminharam pedido de "realinhamento tarifário" para a Prefeitura da cidade nesta segunda-feira (28). A informação foi anunciada pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps) no início desta tarde. O motivo alegado é o "impacto resultante do reajuste salarial e de benefícios concedidos pela Justiça do Trabalho" aos rodoviários, que encerraram a greve no sábado (26) após quatro dias de movimento.
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Ano Mês Valor
2002 Maio R$ 1,10
2003 Janeiro R$ 1,30
2003 Agosto R$ 1,50
2005 Outubro R$ 1,70
2007 Janeiro R$ 2,00
2009 Janeiro R$ 2,20
2010 Fevereiro R$ 2,30
2011 Janeiro R$ 2,50
Segundo o Seteps, ao cumprir o  reajuste de 7,5% determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-5) e o aumento de 4,09% no tickets de refeição, além dos outros benefícios, o passageiro passa a custar R$ 3,15, valor tarifário pleiteado pelo empresariado. O Seteps alega que atual da tarifa, de R$ 2,50, está defasada há seis meses em relação ao custo real de cada passageiro, estimado em R$ 2,96 até a decisão. O Setps afirma que o último pedido de aumento ocorreu em 2011 e foi negado pela gestão municipal.
De acordo com dados passados pelo Setps, de 2002 até 2011, o valor da passagem de ônibus cobrado na capital baiana saiu de R$ 1,10 para R$ 2,50 (confira a tabela ao lado).
O TRT-5 determinou também o retorno do pagamento do quinquênio, benefício pago aos rodoviários que têm mais de cinco anos de atividade, o que, segundo o Setps, compromete R$ 700 mil por mês. O custo é referente ao pagamento do benefício a cerca de 18 mil trabalhadores, número que abrange 80% da categoria, informou o Sindicato. Na soma de reajustes e benefícios, o setor prevê "impacto" de R$ 5,9 milhões mensais. Segundo a categoria dos empresários, a mão-de-obra que "pesava" 46,7% aumenta agora para 49,7%.
"Temos, teoricamente, outras saídas. A primeira é o subsídio público, previsto na legislação. A outra é o repasse direto para o usuário. A prefeitura decide se subsidia ou se repassa o preço para o público. Previmos isso no ano passado, não fomos atendidos e estamos apenas reiteirando", diz o presidente do Setps, Horácio Brasil. Ele explica que no valor de R$ 3,15 solicitado é embutido, inclusive, gratuidades para idosos e deficientes. "O valor se refere até ao custo dos gratuitos. A prefeitura não subsidia os gratuitos, ninguém arca, a não ser os passageiros. É como se fosse um grande condomínio e um terço não pagasse o valor mensal", disse.

A enfermeira Adriana Rodrigues não utiliza ônibus, mas custeia o transporte de sua empregada doméstica. "O custo passa a ser muito alto. Com gasto de R$6,30 por dia, as pessoas não vão ter condições de usar o transporte, isso se só pegar dois coletivos por dia. É um absurdo, não está de acordo com os salários que as pessoas ganham”, opina. A previsão de aumento também não é bem vista para o cozinheiro Rodrigo Santos. "Acho péssimo, pego dois ônibus por dia para trabalhar e, no lazer, chega a três. Quem vai pagar pelo reajuste dos rodoviários somos nós? Um transporte deficiente, sem segurança e higiene adequados?”, questiona.
O estudante de jornalismo Igor Dantas avalia que a medida não pode beneficiar empresários e prejudicar a população. "Os ônibus e pontos estão sempre lotados, desconfortáveis. A grande parte da população que pega ônibus não tem condição de pagar mais de R$ 3 por passagem, considero esse valor exorbitante, não condiz com a realidade financeira da população”, afirma.

Para Horácio Brasil, a baixa qualidade no serviço oferecido à população é reflexo da falta de infraestrutura municipal. Além disso, aponta o baixo número de vias na cidade. "É impossível, não se pode dar um bom serviço com o nível de engarrafamento que se tem. Não temos como prestar um sistema eficiente e decente se os veículos passam parte do dia em engarrafamentos", avalia. A Secretaria Municipal de Transportes e Infra-Estrutura (Setin) afirma que a pasta tem ciência do pedido, mas ainda está muito cedo para se manifestar sobre o assunto.

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