MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 20 de maio de 2012

Quadrilhas arrematam viaturas para legalizar carros roubados no RS


Quadrilhas arrematam veículos e roubam igual para usar documentação.
Esquema foi revelado por reportagem da RBS TV para o Fantástico.

Giovani Grizotti Da RBS TV
Chassis de viaturas da polícia são compradas em leilão por quadrilhas que roubam carros no RS (Foto: Divulgação/ PRF)Chassis de viaturas da polícia são comprados em leilão por quadrilhas que roubam carros no RS
(Foto: Divulgação/ PRF)
Viaturas das polícias arrematadas em leilões oficiais estão sendo utilizadas para legalizar carros roubados no Rio Grande do Sul. O esquema foi revelado neste domingo (20) pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em reportagem produzida pela RBS TV. Atraídos pelo valor baixo das viaturas acidentadas ou em más condições de uso, bandidos frequentam pregões e aproveitam os chassis e os documentos destes carros. Depois de comprados, quadrilhas movimentam-se para roubar veículos de igual modelo e os transformam. O "novo" automóvel passa, então, a circular com o documento daquele que já foi um dia um carro da polícia.

Em um leilão promovido pela Central de Compras do Estado (Cecom), no dia dois de março deste ano, foram colocados a venda mais de 250 veículos oficiais. Muitos deles encontravam-se totalmente destruídos e alguns até sem motor. O valor das negociações era baixo, perto de R$ 1,2 mil. Pelas normas do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), um veículo avaliado com perda total, só pode ser vendido para o aproveitamento de peças, sem a documentação. "Eles deveriam ter sido negociados como sucata, sem documentação", afirmou a delegada Vivian do Nascimento, da Delegacia de Roubo de Veículos de Porto Alegre.

Organizada pela Central de Compras do Estado do Rio Grande do Sul, a lista de compradores dos penhorados inclui pessoas com passagem pela polícia. Com uma câmera escondida, a reportagem da RBS TV flagrou um homem que teve a prisão temporária decretada pela Justiça no mesmo dia em que se encontrava em um leilão. Preso na semana seguinte, ele é apontado pelo Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) como um dos principais responsáveis por aplicar esse tipo de golpe no estado. Sua quadrilha era responsável pelo roubo de pelo menos 300 carros.
Uma caminhonete Blazer roubada em 2010 e recuperada em 2011, figura, segundo a polícia, entre os veículos “esquentados" pelo líder desta quadrilha. Uma perícia constatou que ela usava chassi e documentos de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal arrematada em um leilão em Porto Alegre em 2007. O dono da caminhonete, o aposentado Carlos Roberto Santos da Silva, conseguiu reaver o veículo, mas o próprio juiz que deu a sentença decidiu que o veículo só poderia voltar a rodar se regularizado junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS) - situação considerada pouco provável pelo próprio magistrado. "Eu não esperava realmente que um carro da Polícia Rodoviária estaria sendo leiloado para outros fins. Isso foi encomendado. Esse roubo foi uma encomenda e eu tenho sorte de não terem me levado junto", desabafou Carlos Roberto.
Sindicâncias apuram denúncias e descumprimento de lei
Segundo a Delegacia de Roubos de Veículos "recuperar" uma sucata pode ser inviável economicamente, se utilizadas apenas peças e mão-de-obra lícita. Para confirmar a tese, a reportagem da RBS TV adquiriu uma viatura arrematada em um leilão e a submeteu a uma transformação. Durante uma semana, o Palio que pertencia à Polícia Civil recebeu peças, acessórios e parte da lataria novos. A despesa com o serviço, incluindo o valor pago pela sucata, fechou em R$ 12 mil, número maior que o do mercado.

Após examinar a lista de compradores, a delegada Vivian Nascimento organizou uma fiscalização em uma oficina situada na Vila Cruzeiro, Zona Sul de Porto Alegre, responsável por arrematar dez sucatas em um leilão. Um Vectra com suspeita de adulteração foi apreendido. A perícia apontou que o veículo foi montado sobre o chassi de uma viatura da Brigada Militar, recebeu peças e acessórios de outros dois veículos roubados.

Uma sindicância aberta pela secretaria da Administração e Recursos Humanos, à qual a Central de Compras está subordinada, investiga as denúncias. Segundo a secretária Stela Farias, a tendência é de que os veículos oficiais, que não tenham mais nenhuma finalidade, sejam destruídos em indústrias siderúrgicas.

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) em Brasília também anunciou abertura de sindicância para apurar o descumprimento de uma resolução do Contran, editada em 2010. Pelo texto, os danos em veículos envolvidos em acidentes devem ser classificados como de pequena, média e grande monta. No caso da média, ele só pode voltar a rodar se o dono apresentar um laudo emitido por oficina credenciada. Em caso de danos de grande monta, o automóvel tem o registro cancelado junto ao Detran e só pode ser negociado como sucata para o aproveitamento de peças.

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