MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 13 de maio de 2012

Representantes da Cúpula dos Povos criticam 'economia verde' no Rio


Grupo reunido no Centro diz rejeitar mercantilização da natureza.
'População precisa despertar para o ecocídio', afirma boliviano.

Alba Valéria Mendonça Do G1 Rio
Nettie Wiebe , Silvia Ribeiro, Pablo Solon e Cindy Wiesner (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)Nettie Wiebe, Silvia Ribeiro, Pablo Sólon e Cindy
Wiesner contra a "economia verde"
(Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Representantes da Cúpula dos Povos se reuniram neste domingo (13) no Centro do Rio para apresentar um documento mostrando que o debate principal do grupo durante a Rio+20 vai girar em torno da rejeição à mercantilização da natureza e ao que chamam de "economia verde".
Nesta última reunião dos representantes da Cúpula dos Povos antes da Rio +20, a Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, que acontecerá no Rio em junho, o grupo debate também temas que vêm dominando o noticiário como a crise econômica global e seus reflexos sobre o G-20, e os conflitos socioambientais nos Estados Unidos e na Europa.
A mexicana Silvia Ribeiro, diretora para América Latina da ECT (organização internacional agroalimentar), ressaltou que um dos temas a ser discutido na Cúpula durante a Rio+20 diz respeito à grande preocupação com acordos firmados por grandes corporações globais, principalmente em países do hemisfério Norte, que teoricamente se ocupam de reparos socioambientais, mas que, na verdade, continuam ameaçando o meio ambiente.
"As causas da crise socioambiental na Europa e nos Estados Unidos estão na mercantilização da água, do ar, dos recursos naturais. É isso que vamos denunciar. O sistema de produção e consumo atual aprofunda problemas como aquecimento global, escassez de água potável e a mercantilização da vida nas cidades e nos campos. O que eles chamam de 'economia verde', na verdade, continua calcado na exploração da natureza, é um novo nome para o capitalismo", disse a mexicana.
Sólon mostra imagens de matança de golfinhos na Venezuela, em reunião de representantes da Cúpula dos Povos (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)Sólon mostra imagens de matança de golfinhos
em reunião de representantes da Cúpula dos
Povos no Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
'Ecocídio'Exibindo em seu notebook imagens recentes de golfinhos e pelicanos mortos em praias da Venezuela, o boliviano Pablo Sólon, organizador da Conferência Mundial dos Povos Sobre Mundanças Climáticas, diz que a população precisa despertar para o que chama de "ecocídio". Para ele, ações travestidas de preocupação ambiental, como bônus de certificados de carbono, na prática representam mais devastação.
"Os países do hemisfério Norte têm de reduzir a emissão de gases já, e não em 2020. Esperamos despertar os povos na Cúpula para que países que estão crescendo como Brasil, Índia e África do Sul não sigam pelo mesmo caminho. Golfinhos e pelicanos têm que ter voz na Cúpula. Temos de alertar para o risco de no futuro em vez de golfinhos mortos as praias estejam repletas de humanos", declarou Sólon.
Combate às sementes suicidasA canadense Nettie Wiebe, integrante da Via Campesina, destacou a importância de se combater a tecnologia Terminator (tecnologia transgênica para fabricar sementes suicidas, que só dão frutos uma vez), inviabilizando a sobrevivência do pequeno agricultor. Existem dois projetos de lei no Brasil para serem votados sobre a utilização dessas sementes, disse Nettie.
"Nós, dos países do Norte, estamos sentindo a crise global na pele. Mas temos propostas para sair dessa crise, valorizando a diversidade biológica e a sustentabilidade. O pequeno agricultor é essencial para a sobrevivência dos povos à essa crise", defendeu Nettie.
Já a ativista americana Cindy Wiesner, dirigente da Grassroots Global Justice Alliance, lembrou que a devastação do meio ambiente também interfere nas questões sociais e disse que os povos deveriam rejeitar a renda gerada pelo "capitalismo verde". Ela disse que a Cúpula dos Povos será um importante espaço para debater alternativas para superar a crise global sem aderir à mercantilização da natureza.
A brasileira Tica Moreno, da Marcha Mundial de Mulheres, ressaltou que a Cúpula vai ser o espaço para o fortalecimento e a voz dos povos organizados contra o discurso do "capitalismo verde, que investe na especulação e na exploração". E garantiu que 18 mil pessoas de organizações brasileiras já se comprometaram a participar ativamente da Cúpula no Rio.
"A Rio+20 serve a grandes empresas, corporações globais e organismos internacionais interessados em aumentar o consumo e seus lucros sob a roupagem de responsabilidade social e ambiental. A Cúpula dos Povos vai reunir 18 mil pessoas organizadas do Brasil e esperamos a participação de muitos grupos internacionais para mostrarmos que há uma alternativa para o planeta que passa longe da valorização do mercado e da mercantilização da natureza", disse.

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