Esta ideia está na pauta de discussões da Rio+20.
Ar limpo, água fresca, alimentos. A natureza trabalha sem parar para fornecer tudo o que precisamos para o nosso dia a dia. É como se ela fosse uma usina.
As abelhas fazem parte desse trabalho. Elas são operárias e assalariadas no sertão pernambucano. Mas quem recebe o dinheiro é Seu Camilo de Souza, um apicultor de Petrolina. São quase R$ 3 mil pelo aluguel das colméias, para fazer a polinização em plantações de melão. De flor em flor, as abelhas carregam no corpo o pólen – a minúscula semente que germina os frutos.
“Eu amo a natureza. Além de tudo, eu estou defendendo o meio ambiente. Ainda estou ganhando com isso”, comenta o apicultor.
O misterioso desaparecimento das abelhas em várias partes do mundo preocupa os agricultores. Nos Estados Unidos, os prejuízos no campo chegaram a US$ 7 bilhões. A conta é de um economista da ONU. Para ele, é preciso calcular o valor dos serviços prestados pela natureza para que eles sejam protegidos. “Usamos a natureza porque tem valor, mas desperdiçamos porque é de graça”, diz ele.
Quanto vale uma floresta em pé? A Amazônia é responsável por vários serviços ambientais importantes. O Jornal Nacional foi até a Amazônia para mostrar alguns serviços ambientais que não são visíveis a olho nu. Um dos mais importantes é a fertilidade do solo que vem da própria floresta. São minhocas, cupins e uma infinidade de microorganismo que transformam lixo da floresta em adubo.
Todas as árvores são feitas de carbono, que vem da atmosfera. As árvores sugam o CO 2, que é um gás de efeito estufa, para poderem crescer. Estima-se que a Floresta Amazônica acumule cerca de 100 bilhões de toneladas de carbono. É melhor o carbono nas árvores do que na atmosfera.
Outro serviço ambiental importante é a produção de chuva. As árvores suam vapor d’água que seguem em direção à atmosfera. No caso da Floresta Amazônica, são 250 milhões de litros por segundo.
De barco, pelo Rio Negro, o Jornal Nacional foi conhecer um projeto elogiado pela ONU por manter a população na floresta sem destruir o verde. O Bolsa Floresta alcança uma população de 35 mil ribeirinhos, como Cloudilon Silveira – o homem pássaro. É com ele que as crianças aprendem a produzir alimentos usando a floresta como aliada.
“De primeira, eles pegavam aquele monte e tocavam fogo. Isso foi um paradigma que nós estamos quebrando aos poucos e, graças a Deus, está funcionando de uma maneira bem tranquila”, comenta o professor de técnicas agrícolas.
José Roberto Nascimento da Silva era madeireiro ilegal, mas hoje só tira árvore do lugar certo. “O melhor é hoje. Porque hoje nós andamos de cabeça erguida, não andamos escondidos. Nada que nós fazemos hoje é escondido. É isso é que é uma vida”, afirma o presidente da União de Conservação do Rio Negro.
Na maioria dos rios do Brasil a água já não é mais transparente, sem cheiro, sem poluição. Mas, no Rio Claro (RJ), dá até para tomar banho, sem nenhum risco à saúde. Onde a água ainda é assim, é preciso proteger. Isso é o que está acontecendo no Rio Parado, uma das nascentes do Guandu, que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Quem cuida da mata protege também nascentes e mananciais. São 43 produtores rurais ganhando dinheiro com isso. “A gente tem que pensar que estamos gerenciando a gota d’água para uso futuro”, aponta Décio Tubbs Filho, diretor geral do Comitê Guandu.
A proteção das águas aproximou uma família. Pai e filho ,que tem histórias bem diferentes, hoje trabalham juntos. O agricultor Benedito Bernardo Leite conta que trabalhava com a derrubada de árvores para fazer carvão. “Foram trinta e poucos anos fazendo isso”, diz. Já com o filho, foi diferente. “Hoje, na minha geração, a gente está preservando as matas. A gente sabe também que os nossos filhos, nossos netos, amanhã, dependem dessas águas, dependem dessa natureza pura para sobreviver”, aponta Benedito Bernardo Leite Filho.
JORNAL NACIONAL
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