Após 47 assaltos, Correios fecham portas e atendem um por vez em AL

Número de assaltos a agências superou total do ano passado, diz sindicato.
ECT afirma que acesso é controlado e não há previsão para normalização.

Rosanne D'Agostino Do G1, em São Paulo

Imagem de 14 de junho traz mensagem deixada
em agência assaltada em Senador Rui Palmeira
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Por medida de segurança, as agências de Correios do estado de Alagoas estão com as portas fechadas, atendendo um cliente por vez por meio de guichês e com acesso controlado desde o dia 18 de junho, informou a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). A medida foi tomada em razão do aumento no número de assaltos no estado neste ano.
Apenas nos primeiros seis meses de 2012, foram 47 assaltos e 7 arrombamentos a agências dos Correios na capital e interior, contra um total de 40 em todo o ano passado, informou o sindicato da categoria. Em 2010, foram 18.
A assessoria de imprensa dos Correios informou em nota que a medida foi tomada “em virtude do atual problema de segurança pública no estado de Alagoas, que atinge não apenas os Correios, mas também outras instituições”.

Segundo os Correios, “desde 18 de junho, o acesso às agências da ECT é controlado e o atendimento é realizado de forma individual —um cliente por vez, por guichê".
"A medida tem por objetivo garantir a segurança dos trabalhadores dos Correios e de seus clientes. Por medida de segurança, para preservar seus trabalhadores e clientes, os Correios não divulgam estatísticas sobre o assunto nem informações sobre os locais afetados."
“É uma atitude que a nosso ver pode ser considerada paliativo”, afirma Altannes Holanda, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos (Sintect) em Alagoas sobre a medida. “Faltam dispositivos de segurança, porta giratória, vigilante e vidro blindado.”
Conforme Holanda, os próprios funcionários estão controlando a entrada dos clientes nas agências, um por vez. “Estão extremamente insatisfeitos. Parte desse problema é por questão de segurança pública, mas as agências são inseguras”, afirma.
A situação é pior no interior do estado, e o sindicato prepara um dia de mobilização e paralisação, ainda sem data marcada, para pedir melhorias. “Os bandidos já perceberam que não há segurança. Muitas agências do interior sequer vigilante têm”, conclui.
Sem previsão de normalização
Segundo os Correios, a medida “mostrou-se efetiva até o momento: desde que foi implantada, não houve nenhum assalto em agências dos Correios em Alagoas”. “O atendimento diferenciado será mantido até que as condições de segurança no Estado sejam normalizadas”, diz em nota.
A empresa informou também que está adotando “outras medidas preventivas, como envio de ofício ao governo do estado solicitando apoio mais intenso, investimento na melhoria dos equipamentos de segurança (circuitos fechados de TV; fechaduras de retardo; fechaduras eletrônicas e sistemas de alarme) e contratação de vigilantes”.
A Polícia Federal investiga pelo menos três quadrilhas que são responsáveis por uma onda de assaltos a agências bancárias, Correios e casas lotéricas no Nordeste. Em junho, sete foram presos sob suspeita de integrar uma quadrilha que teria realizado ao menos nove roubos a agências dos Correios em Maceió e Arapiraca.