MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 24 de junho de 2012

Fábrica de salgadinhos investe em sustentabilidade e eleva faturamento


Recheios são feitos com energia solar e óleo da fritura é reciclado.
Investimento de US$ 1,5 mil gera economia de cerca de R$ 13 mil por mês.

Simone Cunha Do G1, em São Paulo

Carrinho de coxinhas: recheio usa energia solar e óleo da fritura é reciclado (Foto: Divulgação)Carrinho de coxinhas: recheio é feito
com energia solar e óleo da fritura é
reciclado (Foto: Divulgação)
Placas de captação da luz do sol esquentam a água que vai cozinhar o frango da coxinha e, depois do salgadinho frito, o óleo vai para coletores e vira sabão. Quando a produção de salgados termina, a fábrica é lavada com água da chuva captada pela cisterna. Com investimento de cerca de US$ 1,5 mil, 10% do custo da fábrica, a Twin Peaks, de Campinas, no interior de São Paulo, reduziu o consumo de recursos naturais temperando os salgadinhos com pitadas de sustentabilidade.
O que no início pareceu gasto, no fim das contas – e de um prazo de 2 anos para se pagar – gera economia de R$ 13 mil por mês e pontos para conquistar clientes, diz o dono da empresa, Murilo Cunha. “Esse é o outro lado da moeda porque você economiza muito.”
Se quem come os salgadinhos (fritos ou assados, gourmets ou de boteco) da empresa não percebe a diferença, a fábrica dá algumas pistas de que há algo de diferente ali. No telhado, há placas de energia solar ligadas a um sistema que leva água às panelas. Com ele, o frango, a carne e o bacalhau usados nos recheios são cozidos em água esquentada pela energia do sol a 70° C, o que gera uma economia de R$ 5 mil por mês em uma conta de R$ 10 mil.
Também no telhado, uma cisterna capta da chuva água suficiente para 60% do uso da fábrica. É desse sistema que sai a água usada para lavar a fábrica no fim de cada expediente e nas descargas dos banheiros. A economia na conta é de R$ 8 mil, estima Murilo, que paga cerca de R$ 12 mil por mês.
Panela recebe água aquecida por energia do sol (Foto: Divulgação)Panela recebe água aquecida por energia do sol
(Foto: Divulgação)
Fora da fábrica, o setor de coleta de resíduos é a terceira frente de investimento – e bem baixo, avisa Murilo – em sustentabilidade. Como tinha que ter funcionários fazendo o descarte das embalagens de matéria prima usadas na produção, para evitar a temida contaminação cruzada, a empresa resolveu ir um pouco além e recicla o material. O grupo separa plástico, papel, vidro e também o óleo usado na fritura dos salgadinhos e leva uma vez por semana, de carro, para cooperativas. O material rende cerca de R$ 500 por mês.
Competitividade
Há 15 anos, quando estruturou o plano de construção da nova fábrica de salgadinhos, Murilo achou que o caminho era fazer salgadinhos menos danosos ao meio ambiente, o que ele vê também como exigência dos clientes. “Não é decisivo para a conquista de um cliente, mas é um plus”, diz Cunha. Preocupação com sustentabilidade não bate preço e qualidade na lista de prioridade dos clientes. No entanto, em um mercado competitivo, ele diz que faz diferença – tanto que o faturamento quadruplicou desde que a sustentabilidade está na fábrica, e alcança entre R$ 3 e R$ 4 milhões por ano.
Com produção de cerca de 2,5 toneladas por dia, a Twin Peaks atende grandes empresas de gerenciamento de alimentação, que levam em conta a preocupação ambiental na contratação de um fornecedor. “Essas empresas fazem auditoria na fábrica e a sustentabilidade conta pontos no relatório”, diz Murilo. “Se não investíssemos, com certeza nossa pontuação seria menor” – e a produção, provavelmente também.
Óleo da fritura dos salgadinhos é reciclado e vira sabão (Foto: Divulgação)Óleo da fritura dos salgadinhos é reciclado e vira
sabão (Foto: Divulgação)
A gerente adjunta da unidade de acesso à inovação e tecnologia do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Glaucia Zoldan, considera que a competitividade está ligada à sustentabilidade. “Para se manterem competitivas, as empresas têm de estar na primeira linha das exigências de mercado e a preocupação com o ciclo de vida dos produtos está aí”, afirma.
Pequenos investimentos
Murilo usou os produtos disponíveis no mercado para racionalizar o uso de recursos naturais. “Pequenos investimentos, mudança de atitudes cotidianas se revertem em benefícios muito grandes”, indica a gerente do Sebrae. Ela recomenda, por exemplo, a instalação de sensores de luz e troca de lâmpadas.
Segundo dados do Sebrae, cerca de 60% das micro e pequenas empresas têm preocupações ambientais na agenda e o número tende a aumentar. Este ano, a expectativa da entidade é dobrar o número de atendimentos voltados a essas questões para 30 mil, ante os 15 mil feitos no ano passado.

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