MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Filhote de gavião aprende a caçar com técnica de falcoaria no RS


Ave é treinada por biólogos e veterinários para poder voltar à natureza.
Entre suas presas estão espécies que podem se tornar pragas nas cidades.

Guacira Merlin Da RBS TV

Gavião está aprendendo a caçar (Foto: Guacira Merlin/RBS TV)Depois de cair do ninho, gavião foi treinado para aprender a caçar (Foto: Guacira Merlin/RBS TV)
Em recuperação após a queda do ninho no começo do ano, em Porto Alegre, um gavião de cauda curta (buteo brachiurus) deu mais um passo importante para voltar à liberdade: ele agora já sabe caçar. A ave aprendeu rapidamente a nova habilidade e já consegue capturar a uma distândia de mais de 100 metros a isca feita à semelhança das presas que servem de alimento para a espécie. Essa isca, que os falcoeiros chamam de lure, tem formato de um par de asas e é feita com penas de pombos. Na parte superior, é preso um pedaço de carne para atrair o gavião.
Para o treinamento, um falcoeiro fica com a ave no punho enquanto o outro se afasta e gira o lure, que é preso com uma corda. O gavião é solto ao mesmo tempo que a isca é jogada no ar. Já nas primeiras tentativas a ave mostrou que, apesar dos meses de convivência com o homem, não perdeu seus instintos. Alçou um voo seguro em direção ao lure, agarrando-o com força e mantendo sua "presa" bem segura entre as patas. Para proteger a caça, abriu as asas e assumiu uma postura de guarda. "É um prêmio que ele conseguiu. Na natureza ele teria de ter cuidado, pois às vezes há outras aves esfomeadas por perto que querem roubar essa presa. Então ele fica sobre atenção total, vigiando o prêmio", explica o biólogo Gustavo Trainini.
O objetivo é que o gavião consiga identificar a possível presa e voar para apanhá-la, exercitando assim habilidades de caça que serão essenciais para a readaptação ao ambiente. "Ele não sabia nem quais bichos podiam servir de alimento, que presas deveria perseguir", conta médico veterinário Paulo Vagner, responsável pelo Núcleo de Fauna do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), onde o gavião está abrigado. "Quem tinha que ensinar isso eram os pais dele, mas como se trata de um órfão estamos dando um apoio para a natureza".
Gavião está aprendendo a caçar (Foto: Guacira Merlin/RBS TV)Gavião está aprendendo a caçar
(Foto: Guacira Merlin/RBS TV)
A expectativa é de que o jovem gavião possa ser solto na primavera, quando a possibilidade de encontrar alimento será maior. Aves de rapina como ele ajudam a manter em equilíbrio a população das espécies que servem de presa, entre elas roedores, pombos e pardais, cujo excesso de indivíduos pode ser um problema para as cidades. "Todos animais têm uma função. O que ocorre é o desequilíbrio desses animais", diz Gustavo. "E os predadores estão aí justamente pra tentar equilibrar o meio ambiente, controlar as outras espécies".
Além de evitar que uma ave saudável passe a vida em cativeiro, o treinamento vai servir de piloto para estabelecer um protocolo da reintrodução de outras aves de rapina, como corujas, que frequentemente são encaminhadas para o Ibama. "A gente está tentando que apenas bichos que realmente não têm condições permaneçam em cativeiro", diz Paulo.
Bugio que passou por cirurgia já voltou à natureza
  Outro "paciente" de Porto Alegre, um bugio ruivo (alouatta guariba) que foi atacado a pedradas por moradores da Zona Sul da capital gaúcha foi solto na sexta-feira (1). Ele se recuperou da cirurgia para colocação de dois pinos no fêmur. Atingido por pedradas, o macaco caiu sobre um muro e fraturou o fêmur.
O bugio recebeu tratamento em uma clínica veterinária particular, custeado com recursos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), que agora faz um trabalho de conscientização com os moradores da região, onde há vários bandos de bugios. "É uma espécie ameaçada no estado, desapareceu de vários municípios depois dos surtos de febre amarela. E cada vez mais, a população está ocupando ambientes onde antes os bugios viviam", diz a coordenadora do Programa de Fauna da Secretaria, Soraya Ribeiro. "As pessoas acham legal, alimentam, atraem os bichos para perto de casa. E aí começa a criar um conflito, eles começam a comer as frutas do quintal, a entrar nas residências".
Bugio passa por cirurgia e é liberado na natureza (Foto: Guacira Merlin/RBS TV)Bugio passou por cirurgia
(Foto: Guacira Merlin/RBS TV)
Para a liberação, foi escolhida uma área de mata dentro de uma propriedade particular e usada uma técnica conhecida como soltura branda. O bugio ficou três dias dentro de uma gaiola, para que se acostumasse ou até pudesse reconhecer o local.
Quando o recinto foi aberto, ele subiu com facilidade para o alto das árvores, apesar de agora mancar da perna operada. "Ao encontrar um bugio, a nossa reação deve ser sempre de apenas observar. Ele vai vir, vai olhar, vai se alimentar de alguma folha e vai voltar pro ambiente dele. Não tente atrair, perseguir, não faça nada. Ele não transmite nenhuma doença e não vai atacar se não for atacado", conclui Soraya.

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