'Não estamos onde deveríamos', diz secretário-geral da Rio+20

Fase preparatória de negociações da conferência está encerrada.
G1 obteve discurso proferido a delegados em reunião fechada.

Daniel Buarque, Dennis Barbosa e Nathalia Passarinho Do G1, no Rio

Terminou nos primeiros minutos deste sábado (16) a última reunião do Comitê Preparatório da Rio+20, sem que seu objetivo – produzir um documento a ser negociado pelos chefes de Estado que vêm ao Rio na próxima semana – fosse plenamente atingido.

O secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang,
em foto de arquivo (Foto: AP)

Nos próximos quatro dias, o Brasil vai assumir as rédeas da negociação, organizando reuniões informais para produzir um texto com que todos os países concordem.
A reunião desta noite foi fechada para a imprensa, mas o G1 obteve o discurso feito pelo secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang (veja abaixo a reprodução do texto lido pelo diplomata, em inglês). O texto foi entregue pelo próprio diplomata.
“Ainda há muito trabalho a ser feito”, admitiu Zukang logo no início da fala. “Por quase dois anos, nós estivemos preparando-nos para esta conferência, e nas horas finais, ainda não estamos onde deveríamos estar”, prossegue. “Nosso trabalho duro não pode ser em vão. Não podemos aceitar isso”.

O discurso dá a entender ainda que a questão da criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, um dos principais pontos da discussão na Rio+20 está aquém do que o secretário-geral gostaria.
“Podemos acordar em lançar um processo para desenvolver Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs). Esses objetivos formariam parte integral da agenda de desenvolvimento pós-2015”, diz o texto proferido por Zukang à plenária lotada de delegados de quase 200 países.
Sobre o financiamento de ações em prol do desenvolvimento sustentável, outro ponto de atrito na Rio+20, Zukang pediu que os países cooperassem: “Se podemos concordar que ação é necessária, eu acredito que podemos concordar sobre a necessidade de mobilização de recursos para apoiar nossas ações”.
Sha Zukang destacou que em especial os países em desenvolvimento precisarão de apoio.
“Deveríamos pelo menos ser capazes de decidir dar os passos iniciais em direção à implementação de políticas de economia verde de acordo com as prioridades e circunstâncias nacionais, com apoio internacional”, disse ainda o diplomata.
Impasses
O texto da declaração final da Rio+20 deveria estar fechado nesta sexta, mas impasses entre os países impediram o encerramento das negociações, que agora ocorrerão em reuniões informais lideradas pelo Brasil. O negociador-chefe brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, disse mais cedo que os grupos de trabalho irão negociar pontos específicos de conflito do texto.
“Teremos grupos de trabalho para resolver pontos específicos. A diferença é que a responsabilidade é do Brasil. Os grupos se reunirão sob a responsabilidade de brasileiros. Serão brasileiros que liderarão os grupos de contato, de trabalho, de discussão dos vários temas”, afirmou.
Ele destacou que as negociações terão ritmo acelerado e serão destinadas a resolver “temas importantes” do chamado Rascunho Zero. “Vamos imprimir dinâmica diferente, já que estamos na fase final. Não é mais o momento de colocar o texto em tela e mudar verbos”, afirmou.

Primeira página discurso feito pelo secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, na reunião fechada da noite de sexta-feira (15) na Rio+20 (Foto: Nathalia Passarinho/G1)

Segunda página discurso feito pelo secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, na reunião fechada da noite de sexta-feira (15) na Rio+20 (Foto: Nathalia Passarinho/G1)

Terceira página discurso feito pelo secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, na reunião fechada da noite de sexta-feira (15) na Rio+20 (Foto: Nathalia Passarinho/G1)

Quarta página discurso feito pelo secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, na reunião fechada da noite de sexta-feira (15) na Rio+20 (Foto: Nathalia Passarinho/G1)