MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 14 de junho de 2012

No Recife, Comissão da Verdade apura assassinato do padre Henrique


Religioso foi encontrado morto, com marcas de tortura, em 1969.
Comissão pediu que a Igreja Católica que colabore com as investigações.

Do G1 PE

Começou nesta quinta-feira (14) o levantamento da Comissão Estadual da Verdade sobre o assassinato do padre Henrique Pereira Neto, morto aos 28 anos durante a Ditadura Militar. O religioso era um dos principais assessores de Dom Hélder Câmara. A comissão se reuniu com o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, para pedir à Igreja Católica que colabore com as investigações.

Na ocasião, Dom Saburido também definiu o dia 27 de agosto como a data para transferir a ossada do padre do cemitério da Várzea para a Sé de Olinda, quando haverá também uma celebração especial. A irmã do padre Henrique, a médica Isaíras Pereira Padovan, estava presente no encontro. O Padre Henrique foi encontrado morto, com marcas de tortura, em 1969, em um matagal na Cidade Universitária, no Recife.
Nascido no dia 28 de outubro de 1940, o religioso também era sociólogo e professor. Ele ensinou no Juvenato Dom Vital, na Cúria Metropolitana do Recife, nos colégios Marista, Nóbrega e Vera Cruz, na Escola Técnica do Derby e na Faculdade de Ciências Sociais.
Ordenou-se em 1965, na igreja da Torre, e dedicou-se ao trabalho de orientação a jovens. De acordo com informações da Prefeitura do Recife, padre Henrique, além de prestar assistência à juventude, manteve contato com estudantes cassados pelo regime e era contrário aos métodos de repressão utilizados pelo governo militar. Em várias ocasiões, recebeu ameaças de morte, por meio de ligações telefônicas procedentes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC).

Mesmo com as ameaças, padre Henrique continuou desenvolvendo suas atividades. Na noite do dia 26 de maio de 1969, ele foi sequestrado depois de participar de uma reunião com um grupo de jovens católicos, no bairro de Parnamirim, no Recife. No dia seguinte, foi encontrado morto. O assassinato causou uma comoção geral na capital pernambucana. O enterro foi acompanhado por milhares de pessoas, em manifestação pública contra a Ditadura Militar.
Sem conclusão
As investigações nunca chegaram a uma conclusão definitiva, no entanto, há suspeitas de que fora cometido por motivações políticas para atingir Dom Hélder Câmara, segundo o Ministério Público de Pernambuco. O processo volumoso foi arquivado e reaberto inúmeras vezes, sem que nada ficasse esclarecido até a prescrição do crime.
No Departamento de Ordem Pública e Social (Dops) de Pernambuco não há nenhum registro sobre o padre, antes da morte dele. Os arquivos começam com o laudo técnico do instituto de polícia técnica do estado sobre o seu assassinato.

Pela manhã, o procurador-geral de Justiça Aguinaldo Fenelon entregou ao presidente da Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara, Fernando de Vasconcelos Coelho, cópia do processo que apurou o assassinato. Entre as cópias está uma denúncia oferecida em 1988 pelo ex-procurador-geral de Justiça, Telga Araújo, contra policiais da extinta Dops, que teriam envolvimento com o caso.

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