MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 21 de junho de 2012

São João de Arcoverde, PE, também tem espaço para a poesia


Budega da Poesia é ponto turístico e faz parte da programação junina.
Estabelecimento recebe poetas, violeiros e grupos do forró tradicional.

Katherine Coutinho Do G1 PE, em Arcoverde

"A poesia é mãe de muitas artes, mas não é filha de ninguém". É essa a definição do declamador por opção e eletricista de automóveis Elizeu Pereira para a arte da poesia. Ele é um dos fundadores da Budega da Poesia, em Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, junto a Irassom Bezerra de Oliveira, o 'Garçon', e Fernando Gonçalves, o dono de fato do estabelecimento que recebe poetas, violeiros e grupos do mais tradicional forró pé-de-serra.
Bodega da Poesia faz parte da programação de São João de Arcoverde (Foto: Katherine Coutinho/G1)Bodega da Poesia faz parte da programação de São João de Arcoverde (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Com seis anos de existência, a Budega surgiu na feira, em uma barraca onde os poetas se reuniam para recitar. "Era a barraca da maranhense. Todo domingo, íamos para lá, começava a chegar gente, um dizia um verso, outro dizia outro, mas logo era pouco. Acabava a feira e não tínhamos para onde ir", recorda Fernando. Foi assim que um terreno baldio, logo atrás da Igreja de São Geraldo, acabou dando espaço a Bodega da Poesia.
Elizeu Pereira, um dos fundadores da bodega (Foto: Katherine Coutinho/G1)Elizeu Pereira, um dos fundadores da bodega
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
A decoração do local é um dos pontos que chama a atenção. Cordéis doados por seus autores enfeitam o local, assim como tudo aquilo que remeta à poesia e ao universo sertanejo, como uma casa feita por joão-de-barro ou a cabeça de um boi. "A cabeça de um boi na porteira é a bandeira do Nordeste", recita Elizeu, que sabe tantos versos de cor que até mesmo perdeu a conta de quantos são.
Os três amigos têm na família a tradição dos versos, ou ao menos de recitá-los. Irassom começou a gostar ainda na infância. Caçula de sete irmãos, era Irasson quem levava a comida para a mãe, que trabalhava na feira. "Naquele tempo, era fácil encontrar violeiros, repentistas, poetas nas feiras. O almoço de mãe acabava chegando frio", conta Irasson, que começou a decorar versos por incentivo materno. "Minha mãe sempre gostou de recitar, ela decorava os versos para declamar nas reuniões de família", diz o poeta.
Espaço expõe coleção de vinis (Foto: Katherine Coutinho/G1)Espaço expõe coleção de vinis
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
Os mais diversos tipos de poesia surgem nas rodas espontâneas na Bodega, mas a sertaneja é a mais frequente. "É essa poesia da gente, que fala dos nossos costumes, do nosso dia a dia. Fala da seca, da chuva, milho verde", explica Fernando, que ainda vende livros de poetas no espaço, que conta também com uma coleção de vinis e um Padre Cícero. "Afinal, se não houver padre 'Ciço', não é bodega", brinca o comerciante.
Mais do que conhecer a poesia, eles mostram conhecer também quem é o poeta e sua origem. Afinal, explicam, você entende de onde vem a poesia ao conhecer seu autor, mas também a poesia mostra quem é o poeta. "Uma palavra é um verso e um verso roda o mundo. Eu adoro novena em sítio, com banda de pífano depois. É a essência da nossa cultura, é a nossa raiz", defende Elizeu.
A bodega já virou ponto turístico na cidade e faz parte da programação do São João de Arcoverde, sendo sede do Polo Budega da Poesia. E o que tem poesia a ver com São João? "Tudo é rima. Da poesia, a gente faz o forró, o coco. Numa brincadeira, você improvisa e sai coisas maravilhosas", acredita Elizeu, que se define como um admirador da poesia e se emociona com os versos que remetem à família. "Meus filhos moram em São Paulo, sinto falta deles", justifica o declamador, com lágrimas nos olhos após ouvir Fernando recitar os versos do poeta Dedé Monteiro.
O Polo da Budega Poesia funciona de terça a domingo. Confira abaixo a programação:

Quinta-feira (21)
15h – Paulinho & Pedrinho do Forró
18h – Banda de Pífanos
19h – Zezinho Santos, a alegria do forró
Sexta-feira (22)
15h – Românticos do Forró
18h - Poetas Declamadores
19h – Forró Arte Nordestina
Sábado (23)
15h – Banda de Pífano
16h – Cícero do Acordeom
19h – Elaine Espíndola & Banda
Domingo (24)
15h – Noé Lira, Leandro Vaz & Outras Falas
18h– Poetas Declamadores
19h – Giovane do Acordeom
Quinta-feira (28)
15h – Forró Água de Coco
18h – Banda de Pífano
19h – Forró Pilão Arcado

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