MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sertão nordestino passa por uma das piores secas das últimas décadas


A região de Irecê, na Bahia, é uma das mais atingidas pela falta de chuvas.
É preciso assistência técnica para que população conviva com a seca.

Do Globo Rural
A barragem de Mirorós abastece 14 municípios da região de Irecê, a quase 500 quilômetros da capital Salvador. A água baixou tanto que é possível ficar em cima das pilastras de sustentação das comportas. Desde 2007 o reservatório já baixou 33 metros. Com a seca, vem perdendo de 3 a 4 centímetros de água por dia. Isso obrigou a Agência Nacional de Águas a suspender o abastecimento dos canais de irrigação.
O problema é que 250 produtores dependem da barragem para manter suas plantações. A maioria produz frutas - principalmente banana - em lotes de cinco hectares. Da produção prevista pelo agricultor Uilson Santana Sobrinho, 80% já se perdeu. O que sobrou, ele tenta salvar com a água de poços perfurados pelos próprios agricultores, que atendem menos de 30% da necessidade.

O nordeste brasileiro vive uma daquelas secas históricas e a Bahia é um dos Estados mais atingidos. Mais da metade dos municípios decretou situação de emergência.
Gado
A boiada some na poeira seca em busca de comida. O criador José Lacerda Cardozo já retirou 700 cabeças da região e as levou para uma área arrendada a 200 quilômetros. Outras 100 ficaram em Irecê porque não aguentaram a caminhada. Carcaça de bicho no meio do mato e na estrada é cena comum. Os que ainda vivem estão muito fracos.
Com essa situação, todo mundo quer vender o gado, mas encontra dificuldade. O preço da arroba despencou: foi de R$ 100 pra R$ 70. Edgar Martins é um dos maiores criadores da região de Irecê. Ele mantém só em uma fazenda quase 700 cabeças comendo ração. O custo é alto e não tem compensado a venda.
O pessoal do leite está até recebendo um bom preço, mas a produção caiu. No laticínio, o fornecimento caiu de 200 mil para 90 mil litros por mês e deve diminuir ainda mais, segundo o produtor Eduardo Chaves.
Assistência técnica
Para José Carlos de Carvalho, vice-presidente da Associação dos Pecuaristas da Região de Irecê, o problema é que muitos produtores ainda desconhecem as técnicas de convivência com a seca. Eduardo Sales, secretário de Agricultura da Bahia, admite que ainda existem por volta de 250 mil famílias de produtores sem assistência técnica no Estado.
A cisterna de produção é relativamente simples e pode ajudar muito uma família a atravessar esses períodos mais longos de estiagem. Ela é maior do que a que fica em casa e serve para dar de beber aos animais, irrigar uma horta e até pequenos pomares.
Uma cisterna de produção custa R$ 7 mil. Uma ONG da região ajuda a construí-la com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O agricultor sertanejo não paga nada por ela e tem um salto na qualidade de vida.
Outra obra para atenuar a falta de água é o barreiro trincheira. O príncipio é aumentar a profundidade do açude e diminuir a área de exposição da lâmina d’água, evitando a evaporação, A assistência técnica faz ainda mais. O produtor treinado prepara reservas estratégicas de comida para os animais. Com isso, mantém quase a mesma produção do tempo das chuvas. Técnicas de silagem também contribuem para amenizar os efeitos da seca.

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