Helenilson Chaves
Cidade polo que é, Itabuna só tem a ganhar com a revitalização da lavoura cacaueira, outrora a principal fonte de receita de dezenas de municípios.
Itabuna completa 102 anos e é, certamente, um dos mais belos frutos gerados pelo cacau. Poucas pessoas se dão conta disso, mas Itabuna nasceu, como um lugarejo às margens do Rio Cachoeira, por conta da expansão das fronteiras da lavoura cacaueira e do vertiginoso crescimento econômico de Ilhéus.
Em poucos anos, o pequeno lugarejo chamado de Tabocas conseguiu a emancipação e se tornou Itabuna. 28 de julho de 1912, a data histórica da emancipação.
Lá se vão 102 anos. Pouco mais de um século em que, movida pela força do cacau e pelo espírito empreendedor de sua gente, Itabuna se transformou no principal pólo comercial, prestador de serviços, saúde, ensino superior e lazer do Sul da Bahia.
Foi o cacau a mola propulsora desse desenvolvimento e mesmo quando o produto mergulhou na mais profunda das crises, há duas décadas, Itabuna conseguiu se reerguer e hoje, a despeito da carência por serviços públicos, a cidade ainda é um exemplo de vitalidade.
Temos um comércio efervescente, um setor de serviços em expansão e as clínicas de excelência e faculdades que aqui se estabeleceram, aliadas à rede de lazer e entretenimento, mantiveram a economia aquecida.
Mas, é preciso dizer, Itabuna não pode e jamais poderá prescindir do cacau. Cidade polo que é, Itabuna só tem a ganhar com a revitalização da lavoura cacaueira, outrora a principal fonte de receita de dezenas de municípios.
A retomada da produção de cacau a níveis pré-vassoura de bruxa, em torno de 300 mil toneladas/ano, trará enormes impactos positivos a Itabuna, porque é aqui que as pessoas de cidades vizinhas compram e se utilizam do setor de serviços, lazer, saúde e educação.
O aumento da renda gerada pelo cacau será a mola mestra para a expansão econômica de Itabuna, aliada a empreendimentos importantes como o Porto Sul, a Ferrovia Oeste-Leste e o Gasoduto da Petrobras.
Daí a necessidade de que as verdadeiras lideranças de Itabuna, independente da cor partidária, se unam para promover uma ampla mobilização em defesa da revitalização da lavoura cacaueira, que passa pela questão da dívida dos produtores, que não podem ser penalizados por erros a que foram induzidos a cometer, a liberação de novos recursos e a adoção de novas tecnologias, que tornem a cultura mais produtiva, com amêndoas de qualidade. Uma mobilização que deve chegar ao Governo Federal, que é quem tem o poder de decisão.
Não podemos mais ficar de braços cruzados, a espera de uma providência divina. Precisamos contar com o apoio de deputados estaduais, federais, senadores. Estamos dispostos a unir todas as entidades e pessoas comprometidas com Itabuna, na discussão de uma estratégia para sensibilizar a presidente Dilma Rousseff, que tem dado sucessivas mostras de seu compromisso com o setor agrícola.
Não queremos nos tornar repetitivos em nossas considerações sobre o cacau, mas o chamamento é necessário.
A história de Itabuna é feita de luta, superação, empreendedorismo. É o momento de somarmos a esses adjetivos a união em torno de uma causa comum, dos produtores aos trabalhadores.
A hora é agora, para que se construa a Itabuna do novo século, hoje e sempre um fruto do cacau.
Helenilson Chaves é diretor-presidente do Grupo Chaves.