MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 3 de julho de 2012

Inpa disponibiliza biblioteca virtual sobre sapos amazônicos


Biblioteca foi criada para auxiliar na identificação das espécies.
Criação da Sapoteca teve início há aproximadamente três anos

Do G1 AM

Outra espécie encontrada na floresta Ghats, em Kerala, na Índia. No total, foram 12 novos sapos e rãs encontrados, além de três redescobertas de animais que eram considerados extintos (Foto: AP)Novo serviço vai permitir a internautas saber sobre os sapos da Amazônia (Foto: AP)
Com o avanço das tecnologias e o crescimento do fluxo de informações disponíveis na Rede Mundial de Computadores, o internauta passou por uma série de modificações no cenário que constitui a busca por informações. As estruturas físicas das bibliotecas deram lugar ao sistema de consultas online, tornando o processo de pesquisa muito mais prático e interativo.
No campo científico, os pesquisadores deram um novo sentido para o conceito das bibliotecas. Agora, os internautas poderão consultar informações sobre sapos amazônicos em uma plataforma online. Com uma proposta que integra inovação e tecnologia, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (INCT/CENBAM), coordenado pelo pesquisador do Instituto, William Magnusson, passou a dispor na rede uma espécie de “biblioteca de sapos”, intitulada “Sapoteca”.
A coleção tem como intuito principal fornecer uma ferramenta permanente, que possa ser utilizada por cientistas e professores em suas atividades de pesquisa e ensino, preencher lacunas da curiosidade dos amantes da herpetologia, área da zoologia dedicada ao estudo dos répteis e anfíbios, além de atender o público em geral com informações sobre a comunicação acústica dos sapos amazônicos.
Exemplar de sapo marrom, nova espécie que foi encontrada em Bornéu por pesquisadores da Malásia. (Foto: HO/UNIMAS/AFP)Criação da biblioteca dos sapos levou três anos (Foto: HO/UNIMAS/AFP)
De acordo com o bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do Inpa, Pedro Ivo Simões, que faz parte do trabalho desenvolvido pela Sapoteca, a criação do espaço foi motivada para suprir a falta de conhecimento, visando auxiliar na identificação das espécies. “O que motivou a criação foi a dificuldade que as pessoas possuem em relação à identificação das espécies. Vários animais chegam para os pesquisadores já preservados, a partir de coleções. Já estão em álcool há muito tempo. Já perderam a cor, e você não sabe como cantam, ou seus hábitos. Nós tentamos unir e fornecer o máximo destas informações sobre algumas espécies. A ideia é ter uma plataforma multimídia, onde você tenha sons, vídeos e fotos disponíveis para cada uma delas, auxiliando as pessoas na identificação dos animais em campo”, explicou.
Arquivos compartilhados
A criação da Sapoteca teve início há aproximadamente três anos, durante o doutorado da pesquisadora Luciana K. Erdtmann, que coordenou o projeto sob orientação da pesquisadora do Inpa, Albertina Lima. As etapas iniciais buscaram digitalizar e organizar gravações de espécies da Amazônia brasileira, realizadas por pesquisadores do grupo e colaboradores, durante expedições a campo.
Sapo da espécie Rhaebo Guttatus é capaz de cuspir veneno a metros de distância (Foto: Secretaria de Estado da Saúde/ Divulgação)Serviço vai auxiliar na identificação da espécie (Foto: Secretaria de Estado da Saúde/ Divulgação)
O passo seguinte envolveu resgatar informações sobre estas gravações, como o local onde foram realizadas, datas, equipamentos utilizados e atributos que podem alterar as características dos sons emitidos por sapos, como a temperatura do ar e tamanho corporal dos animais gravados.
Atualmente, informações sobre 40 espécies de sapos estão disponíveis na plataforma online da Sapoteca. Se o usuário busca confirmar uma identificação, ele pode procurar a espécie por seu nome científico, ou através de uma galeria de fotos, procurando o animal mais parecido com aquele que viu em campo. Para cada espécie listada, há uma página contendo foto, vídeo, sons para download, sonograma - gráfico que representa visualmente o som emitido pela espécie - e indicações de artigos científicos relacionados.
Além do acervo prontamente disponível na plataforma online, a coleção conta com mais de 500 arquivos de áudio e 30 vídeos catalogados, que podem ser acessados mediante contato com os curadores.
Difusão multimídia
Para Simões, a difusão dos estudos realizada por meio da plataforma multimídia pode modificar a falta de conhecimento da sociedade em relação a espécies que possuem sua importância na biodiversidade da região. “É uma forma de tentar aumentar a conscientização sobre a diversidade de espécies que temos e que está em risco, seja por projetos de desenvolvimento, ou por desmatamento. Animais como mamíferos possuem um apelo muito maior, mas as pessoas ainda conhecem pouco sobre anfíbios ou répteis. São grupos dos quais as pessoas ainda têm um pouco de medo, desgosto ou receio. Esta é uma boa oportunidade para apresentar parte da biodiversidade que é desconhecida pela maioria da população”, enfatizou.
Sapo amazônico (Foto: Divulgação)Sapo amazônico é o principal foco da biblioteca (Foto: Divulgação)
O bolsista de Iniciação Cientifica do Inpa, Emerson Pontes, acredita que a ferramenta poderá contribuir também nas questões que relacionam educação ambiental e os sapos da região. “Como ingressante na vida da pesquisa científica e educação ambiental sobre os anuros amazônicos, acho que a sapoteca trará grande contribuição para a popularização das informações não somente da comunicação acústica entre os nossos sapos, como também de toda a diversidade de anfíbios existente na região”, explicou.
Pontes afirma que a iniciativa ajuda a reverter uma situação comum, onde a sociedade não contribui na conservação dos sapos, por falta de conhecimento. “Existem muitos mitos e contos que prejudicam a conservação desses animais. Nesse sentido, oferecer à sociedade uma riqueza tão grande de cantos e seres, pode contribuir para amenizar tanto preconceito. Acho que é um dever da ciência sendo cumprido”, expõe.
A ação conta com o apoio do Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio) do Inpa, responsável pela concessão e manutenção do site. Além disso, o desenvolvimento do projeto, contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que mantém um bolsista permanente atuando na coleção, e com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Sapo colombiano produz veneno, embora não seja muito perigoso (Foto: Robin Moore/ILCP )Sapo colombiano produz veneno, embora não seja muito perigoso (Foto: Robin Moore/ILCP )

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