MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Médico alerta para os perigos do tratamento caseiro contra a sinusite


Para otorrinolaringologista, tratamento sem prescrição médica é perigo.
Uso de ervas amazônicas é comum na região para tratar a doença.

Marcos Dantas Do G1 AM

Cerca de 80% dos pacientes com asma já enfrentaram crises de rinite (Foto: ilustrativa / Jupiterimages BananaStock)Uma em cada sete pessoas no mundo sofrem com
doenças respiratórias, segundo a OMS
(Foto: ilustrativa / Jupiterimages BananaStock)
Doenças respiratórias afetam uma em cada sete pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Causada por uma inflamação nos seios paranasais das vias aéreas, a sinusite causa sofrimento e é cercada de mitos a respeito de sua prevenção e tratamento. O G1 conversou com um otorrinolaringologista que explicou como funciona a doença e revelou o método recomendado para tratá-la.
Formado em medicina há quase 12 anos, Dr. Álvaro Siqueira é otorrino há 8. De acordo com ele, hoje, não é mais possível desassociar a sinusite da rinite. A ‘rinossinusite’, termo utilizado pelos médicos para nomear a doença, tem diversas origens. “Uma crise de rinossinusite pode ser causada por um resfriado ou uma gripe simples, ou por um vírus, alergia, bactéria, ou em casos mais raros, por fungos”, disse ao G1.
O médico explicou como as crises começam. “Quando, por exemplo, uma pessoa sai de um ambiente quente e vai para um local com ar-condicionado, a secreção que se forma dentro do nariz naturalmente vai ficando cada vez mais espessa e, com o acúmulo constante, expeli-la é extremamente incômodo”, disse.
A estudante Carliane Silva, de 18 anos, sofre com a sinusite, e diz que se trata de uma forma natural, com uma raiz muito utilizada para fins medicinais na Amazônia. “Quando estou gripada sinto dores de cabeça muito fortes, meus olhos incham e doem. Aí minha mãe pinga andiroba no meu nariz. Melhora, mas arde muito”, conta Carliane.
Segundo Dr. Siqueira, o tratamento mais recomendado para a rinossinusite é a lavagem com solução fisiológica, que pode ser encontrada em qualquer farmácia. Além disso, o médico diz que o tratamento utilizado por Carliane não é recomendado pelos médicos. “Não recomendamos o uso de andiroba nem de cabacinha, raízes que ganharam fama por supostamente combater a sinusite, o que não é verdade. Elas apenas causam uma irritação química dentro do nariz. Muitas vezes, a pessoa se cura porque o curso natural da doença se encerra e ela pensa que é por causa desses medicamentos naturais”, afirmou.
NARIZ PARTE 2 (Foto: Arte/G1)
Outro medicamento muito utilizado por boa parte da população é a solução nasal vendida nas farmácias, que segundo o médico, em alguns formatos, se não usada com cautela, pode gerar problemas maiores ao paciente. “Algumas versões desse medicamento contém uma substância chamada nafazolina, que se utilizada de forma irresponsável, pode viciar o organismo do paciente, aí o que era pra ser a cura se torna um problema. Além disso, é perigoso que pacientes com problema de pressão arterial utilizem esse medicamento. A pesso só deve utilizar esse tipo de medicação mediante prescrição médica”, alertou.
Remédios com cânfora, muito populares no mercado, também não são recomendados pelos médicos, segundo o Dr. Siqueira. “A única forma de tratamento comprovadamente eficaz é a lavagem com solução fisiológica”, frisou.
Outra que sofre com a sinusite é a jornalista Vládia Coêlho, de 30 anos. “Geralmente, meu nariz sangra e tenho dor de cabeça, às vezes falta de ar, irritação na garganta, dor no corpo e moleza”, conta.
Como toda pessoa que sofre com a doença, ela conhece alguma receita oriunda da sabedoria popular para chegar até a cura. “Já ouvi falar que botar o cravo da Índia (popular cravinho) para ferver, deixar no sereno da noite e tomar banho com a água pela manhã faz a sinusite desaparecer”, disse.
De acordo com o Dr. Álvaro Siqueira, este tratamento não tem eficácia comprovada pela ciência. “Pode ser até que haja uma dilatação das vias aéreas por causa da temperatura da água, mas de fato, não há nenhum estudo que prove que isso funciona”, atestou.
Ainda segundo o Dr. Siqueira, são raros os casos de pacientes que realmente têm a sinusite crônica. “Muita gente chega ao consultório dizendo que tem sinusite, mas não tem. Eu diria que mais de 90% da população mundial tenha crises de sinusite e não a forma crônica da doença. Pessoas que tem somente crises, passam um ou dois dias com a doença que logo se encerra. Há casos extremos de sinusite crônica que são tratados até mesmo com antibióticos. Mas esses casos são a minoria no mundo”, explicou.
A cirurgia de correção de septo, só é feita em último recurso, como explica o Dr. Álvaro Siqueira. “A cirurgia só é recomendada quando a anatomia do nariz favorece o aparecimento da doença, como por exemplo, quando há hipertrofia dos cornetos, ou hipertrofia das adenoides e outras anomalias do gênero. Porém, a cirurgia só é feita em último caso. Enquanto é possível, tratamos com remédios, até porque para que a cirurgia seja feita, é preciso que seja aplicada anestesia geral, e por esse e outros fatores evitamos ao máximo este procedimento”, alegou.
O médico encerra dizendo que as melhores e mais seguras formas de tratamento da sinusite, rinite ou rinossinusite são as recomendadas pelos médicos. “O melhor é sempre consultar um otorrino e se tratar da forma correta”, recomenda.

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