MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Com 22 anos, jovem cria ateliê na PB e vende quase 10 mil doces por mês


Natália Mendonça começou vendendo bombons no colégio aos 15 anos.
Hoje ela conseguiu uma sócia e faturamento cresceu 5 vezes em um ano.

Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo

Com 22 anos recém-completados, Natália Mendonça já tem uma confeitaria em João Pessoa que, em um ano de operação, viu a venda de doces finos duplicar para quase 10 mil unidades ao mês (Foto: Divulgação/ Natália Mendonça Doces)Natália Mendonça, de 22 anos, tem um ateliê de doces na PB (Foto: Divulgação/Natália Mendonça Doces)
Difícil de ser tomada para muitos, a decisão de ter um negócio próprio surgiu cedo para a jovem empresária paraibana Natália Mendonça. Com 22 anos recém-completados, ela já tem uma confeitaria em João Pessoa que, em um ano, viu a venda de doces finos duplicar para quase 10 mil unidades ao mês e o faturamento mensal quintuplicar no período. Entre as delícias do ateliê estão cupcakes, macarons, trufas e bem casados para festas e eventos.
Sou muito chata, muito perfeccionista. Isso incomodava no começo, eu tinha que repetir a receita que não estava boa o suficiente"
Natália Mendonça
Para tal resultado, ela garante que põe “a mão na massa”. “Eu começo todos os dias às 8h e normalmente vou até as 21h, 22h. O dia inteiro só produzindo doces, sem hora de almoço. Em dias mais corridos, fico até 1h, 2h”, revela a jovem empresária.

São tantos doces que a confeiteira não consegue nem calcular a quantidade de delícias que passam por suas mãos ao longo do dia. “Tem uma equipe para ajudar. Não tem como contar quantos faço sozinha, lavando o material que eu uso, limpando a batedeira para fazer de novo, é muita coisa”, explica.

Atualmente ela tem a ajuda de duas assistentes que contratou para a produção - mas a previsão é contratar mais três em breve. Quando tem demanda, a equipe é capaz de fazer mais de 1,5 mil cupcakes por dia, ou 1,1 mil macarons ou 1,8 mil bem casados. No geral, contudo, são entre 8 e 9 mil doces por mês para casamentos, na maioria dos casos. Os preços variam entre R$ 1,20 e R$ 3,50 a unidade.

Menina prodígio, a determinada empreendedora começou a vender doces na escola com 15 anos e, de lá para cá, não parou mais. “Minha mãe comenta que eu preferia assistir Ana Maria Braga a desenho animado, e eu adorava testar as receitas que assistia. Na maioria das vezes, doces”, revela.
A empresária participa de congressos de confeitaria e tira ideias e inspiração para novos doces (Foto: Divulgação/ Natália Mendonça Doces)A empresária participa de congressos e tira ideias
(Foto: Divulgação/ Natália Mendonça Doces)
Além das dicas na TV, a jovem conta que também sempre leu muitas revistas de culinária. “Eu sou muito autodidata (...). Comecei a fazer e vi que dava certo. No começo, minhas amigas viam que era bom e davam uma força. Depois, comecei a vender de forma mais profissional”.

Na época do colégio, os principais produtos vendidos eram os bombons dos mais variados sabores – do tradicional avelã ao exótico sabor de "pavê". “Eu investia muito na decoração deles, chegava a vender 220 por dia”, revela. Ela não lembra ao certo quando custava a unidade, mas recorda ser menos de R$ 1. “Era bem pequenininho, bonitinho."

Natália relata que não precisava tanto do dinheiro, porque contava com a ajuda dos pais, mas mesmo assim achou importante a independência financeira que adquiriu. Com o passar do tempo, chegou a trabalhar em um restaurante francês e até com os próprios pais, que abriram uma doceria influenciados pela filha. "Eles abriram uma doceria depois que eu comecei a vender muitos doces no colégio. Passei dois anos trabalhando lá"

Mas sentiu a necessidade de dar um passo a mais. No ano passado, saiu de casa e deixou a estabilidade do emprego com a família para montar seu próprio ateliê de doces com o dinheiro que havia juntado – no mesmo imóvel que alugou para morar. Ela contava com a ajuda de uma assistente para atender aos pedidos, que divulgava boca a boca. "Minha produção estava crescendo mais rápido do que eu conseguia imaginar, e eu estava preocupada com tanta demanda porque eu ainda não tinha estrutura".
Sociedade
Passaram-se poucos meses e ela conseguiu uma investidora, a artista plástica Vânia Maria da Silva, de 45 anos, que apostou no que chama de dom de Natália, para ampliar ainda mais o negócio.

“Fiquei sozinha abril, maio, junho e julho. Na metade de agosto eu já tinha me mudado e já estava com a sócia. Ela já tinha sido minha professora no colegial, estava com dinheiro para investir, viu que eu já tinha nome e clientes e precisava crescer. Ela precisava investir, veio como investidora e eu com o trabalho. Ela cuida de toda a parte burocrática e administrativa e eu cuido da produção”, afirma.

Vânia revela que a união tem dado certo. “Eu também sou apaixonada por gastronomia, não tenho a especialidade de Natália. Conhecendo o trabalho dela, vendo as técnicas que ela tem, vi como tem arte no trabalho que ela faz. As técnicas que uso, a construção das formas, fui vendo nas fórmulas do chocolates, as cores que ela consegue nos doces, as formas que ela faz (...). Fui vendo que o trabalho dela era super diferenciado”, explica Vânia.
Para resultados, ela garante que põe “a mão na massa”: rotina vai das 8h às 21h só fazendo doces e, em dias corridos, até a 1h ou 2h (Foto: Divulgação/ Natália Mendonça Doces)Rotina vai das 8h às 21h e, em dias corridos, até 1h
ou 2h (Foto: Divulgação/ Natália Mendonça Doces)
CrescimentoA expectativa é ampliar cada vez mais o negócio, com a mudança de local de trabalho no ano que vem e a contratação de mais assistentes. “Estamos batalhando para isso (...). A gente quer colocar um lugar onde as pessoas possam tomar um chá da tarde, com uma cozinha experimental, um lugar de cursos, com local de degustação”, explica a sócia.

O faturamento atual gira em torno de R$ 10 mil ao mês. “Era menos, começou com uns R$ 2 mil”, diz. Para crescer ainda mais, Vânia tem feito cursos voltados a administração no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Fiz dois cursos, estou no terceiro”.

Natália, por sua vez, participa de congressos e seminários de confeitaria e tira ideias e inspiração para novos doces. “Qualquer tempo livre que tenho estou estudando, lendo livros de confeitaria, buscando na internet informações do mundo inteiro”. Além disso, Natália já começou a dar aulas em cursos de confeitaria. “Estou me apaixonando por isso também”, diz.

Apesar de nunca ter tido dúvida do que queria, a empresária afirma que chegou a começar a faculdade em outra área, design de interiores, mas apenas pelo diploma. “Depois eu entendi que o diploma não ia fazer tanta diferença. É muito melhor eu investir esse dinheiro em um curso de confeitaria na França”, avalia. A viagem, inclusive, será feita no ano que vem. “A minha paixão é a confeitara francesa, tanto o visual como paladar. Eu gosto do açúcar como um realçador, e não como concentrador”, diz.

Falar sobre os sabores que inspiram seu trabalho, inclusive, também é um prazer para Natália, que assume ser muito perfeccionista, um dos segredos que considera para o sucesso. “Sou muito chata, sou muito perfeccionista. Isso incomodava no começo, eu tinha que repetir a receita que não estava boa o suficiente”, diz.
Está sendo muito legal, cada dia uma novidade, uma descoberta. O financeiro está sendo uma consequência (...). É a vontade de ganhar de dinheiro com uma coisa que nos dá prazer"
Vânia Maria da Silva, sócia de Natália
Ela afirma, ainda, que até tenta, mas não escapa muito dos doces mais tradicionais. “Sou muito clássica, estilo tradicional. Estudei sabores exóticos durante muito tempo, mas aqui não tem tanta procura. Você at[e pode fazer um cupcake de cappuccino com cobertura de cream cheese, mas as pessoas sempre pedem brigadeiro, chocolate. O macaron, o pessoal gosta de limão siciliano, framboesa, água de rosas, frutas vermelhas... O bem casado me pedem com goiaba, chocolate, mas como sou clássica, para mim a harmonia do bem casado é perfeita, a massa de pão de ló com recheio de doce de leite e calda de açúcar com baunilha”, diz.

A sócia Vânia diz estar aprendendo bastante com Natália. “Está sendo muito legal, cada dia uma novidade, uma descoberta. O financeiro está sendo uma consequência (...). É a vontade de ganhar de dinheiro com uma coisa que nos dá prazer”, avalia.
Se depender de Natália, aliás, ainda há muitos doces a serem feitos pela frente. "Pretendo ampliar muito minha produção. Passar de 8 mil a 80 mil por mês, sempre preservando a qualidade e o trabalho artesanal. Ter uma equipe enorme, muitas pessoas se beneficiando com esse sonho que no começo era só meu. Pretendo dar mais aulas e passar o que me foi dado. Pretendo competir também, representar o Brasil daqui a alguns anos. Servir de exemplo, como alguns chefes confeiteiros servem para mim hoje."

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