Atrás das grades

Antonio Lins*A TARDE

Inconformados com a condenação por corrupção que lhes foi imposta pelo Supremo, os réus petistas, com o apoio de dirigentes de seu partido, têm tentado desqualificar o julgamento, acusando a Suprema Corte de ter "politizado" a ação penal. Com essa temerária investida revanchista, ela própria se encarregando de tornar política uma questão criminal, os condenados e a cúpula do PT prestam mais um desserviço ao País, na medida em que tentam desacreditar um dos três poderes da República, exatamente aquele responsável por zelar pelo cumprimento da lei, e, sobretudo, dos fundamentos constitucionais.
Com essa atitude irresponsável de flagrante desrespeito a um dos pilares de sustentação do sistema democrático, tudo o que esses maus políticos conseguem é desmoralizar a própria política, atividade essencial à democracia. Em boa hora, portanto, a presidente Dilma foi a público para inserir no contexto apropriado, a favor da democracia, essa questão que o julgamento do mensalão trouxe ao proscênio da discussão política. Ela foi enfática: "O combate ao malfeito não pode ser usado para atacar a credibilidade da ação política, tão importante nas sociedades modernas, complexas e desafiadoras. O discurso anticorrupção não deve se confundir com o discurso antipolítica".
Sobre o papel da imprensa em particular, Dilma fez o contraponto à anunciada disposição de líderes petistas, com destaque para o presidente nacional da legenda, e o condenado José Dirceu, em seu blog, de colocar o "controle social da mídia" no rol das prioridades programáticas do PT: "Mesmo quando há exageros, e nós sabemos que em qualquer área eles existem, é preferível o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras". É com aplausos que a nação recebe essa corajosa e reiterada manifestação de repúdio da presidente à indisfarçável conspiração contra a liberdade de imprensa que vem sendo urdida por seus inimigos, muitos deles abrigados no PT, alguns inconformados com a perspectiva de uma longa e tenebrosa temporada atrás das grades, como diria Antonio Risério.