MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Curaçao oferece 40 praias e caldeirão cultural ao visitante


País tem influências portuguesa, espanhola, africana e holandesa.
Papiamento, língua da ilha caribenha, guarda resquícios do português.

Leandra Felipe Especial para o G1, em Willemstad
Conhecer Curaçao vai bem além de um tradicional passeio pelo Mar do Caribe, embora ofereça cerca de 40 praias para explorar. Visitar essa ilha inclui mergulhar num caldeirão cultural das mais variadas influências. A experiência pode incluir uma visita ao local onde funcionou um antigo hospital para escravos africanos, ou conhecer uma das mais antigas sinagogas das Américas, além de tentar encontrar os resquícios do português no papiamento, a língua falada pelos locais.
Casario típico em Willemstad (Foto: Leandra Felipe (G1))Casario típico em Willemstad (Foto: Leandra Felipe/G1)
Na capital Willemstad, considerada Patrimônio da Humanidade, é impossível não reparar na arquitetura colonial de influência holandesa judaica.

Essa presença data da segunda metade do século 17, quando os holandeses expulsos do Nordeste brasileiro começaram a plantar cana-de-açúcar na ilha. Foi nessa época que começou também o tráfico de escravos africanos. Esse episódio também deu origem a uma das mais antigas sinagogas em uso contínuo das Américas, a Mikvé-Israel Emanuel, que data de 1651 funciona ininterruptamente desde 1732.

Hoje a ilha é a síntese de seu passado movimentado entre portugueses, espanhóis -que a abandonaram por não terem encontrado ouro e minérios-, holandeses e africanos.

Talvez o maior sinal da diversidade de Curaçao seja o próprio idioma falado na ilha, especialmente pela população afrodescendente. Nas ruas da capital Willemstad, se escuta o papiamento, idioma que surgiu da união do português, línguas africanas e do holandês (idioma oficial).
Enquanto se caminha por aí, é possível ouvir um “Cón ta bai?” (“Como vai você?”) de um curaçaense que saúda o conhecido na esquina, ou um caloroso “Bon Bini!” (“Bem-vindo!”) dirigido aos turistas.
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Curaçao (Foto: Leandra Felipe/G1 e Divulgação) Algumas das atrações de Curaçao (de cima
para baixo): golfinhos no Sea Aquarium,
réplica de porão de navio negreiro no Kura
Hulanda, o minissubmarino Curasub e, por
fim, o keshi yena, queijo recheado com
frango moído e uvas passas
(Foto: Leandra Felipe/G1 e Divulgação)

Ouvir o ritmo do papiamento e da música típica da ilha dá ao passeio um ar de excentricidade, mas a língua local não cria dificuldade problemas para se comunicar em Curaçao, porque quase todo curaçaense fala, além do holandês e do papiamento, inglês e espanhol.

Curaçao sempre conviveu com outras nacionalidades, por sua geografia. Graças às suas baías, logo cedo virou porto, um dos principais do Caribe.

Não é à toa que hoje, dentre os seus moradores, existam mais de 50 nacionalidades representadas.

A população atual é de 142 mil habitantes. As maiores colônias estrangeiras são de holandeses e dominicanos. Há também números consideráveis de colombianos, venezuelanos e arubanos.
Gastronomia
Não bastasse ser a terra do famoso licor Curaçao Blue (feito de cascas de uma laranja local), a ilha tem uma grande diversidade gastronômica. Além da culinária internacional e de restaurantes de fast food, amplamente disponíveis, Curaçao tem uma cozinha própria que reflete influências africanas e sul-americanas.

Um exemplo é o keshi yena, queijo recheado com frango moído e uvas passas, prato mais famoso da ilha. Há também as repas di pampuna (panquecas de abóbora), a karni stoba (estofado de carne) e os bonchi kora (uma espécie de feijoada local). Tudo acompanhado por bananas-da-terra, fritas ou cozidas.

“Na ilha, as pessoas se respeitam e são bastante cordiais. Não só com turistas, mas também com quem mora aqui”, conta a brasileira Nara Aguiar, 33 anos.

Ela optou por viver em Curaçao, depois de uma temporada nos Países Baixos (Holanda), onde fez mestrado em Relações Internacionais e se casou com um holandês. “Viver com as crianças na Europa não é tão fácil. Por isso, resolvemos vir a Curaçao. Arrumamos emprego e estamos aqui há seis anos”, conta Nara, que é mãe de duas crianças.

A opção de Nara foi pela qualidade de vida, já que para ela, lá se encontra de tudo e a ilha ainda não é tão “voltada” ao turismo como a vizinha Aruba, por exemplo.
A brasileira Nara Aguiar (Foto: Leandra Felipe/G1)A brasileira Nara Aguiar (Foto: Leandra Felipe/G1)
“Aruba é como uma Cancun pequena, com seus resorts de estilo americano. Aqui também há turismo, mas além das praias, Curaçao tenta conservar sua cultura, seu maior patrimônio”, diz.

Além do turismo, Curaçao tem outras fontes de renda, como o Porto de Willemstad, uma refinaria de petróleo e acordos de livre comércio com a Europa e os EUA. Mesmo assim, o setor turístico cresce: atualmente são quase 9 mil vagas de hospedagem que vão desde hotéis-butique e estabelecimentos menores na cidade histórica às grandes redes hoteleiras e resorts.

Para aproveitar o Mar
Um bom plano para aproveitar Curaçao é ir às praias de manhã e, quando o sol ficar muito forte, visitar os mais de 15 museus da capital. O centro histórico de Willemstad é dividido entre Punda, ao leste, e Otrobanda, ao Oeste.

Com U$ 50,00 é possível alugar um carro, o que é recomendável para explorar a ilha. Partindo do centro, leva-se em média uma hora e meia para chegar até as praias mais distantes de cada lado.
Curaçao tem praias públicas e privadas - algumas cobram entrada de até U$3,00 por pessoa. As cadeiras ou guarda-sóis custam em média U$2,00. A moeda do país é o florim, mas quase todos os estabelecimentos aceitam dólar, exceto notas de de U$100,00. O troco é sempre dado em dinheiro local.
Curaçao é rota de curzeiros do Caribe (Foto: Leandra Felipe/G1)Curaçao é rota de cruzeiros do Caribe (Foto: Leandra Felipe/G1)
Curaçao também tem praias destinadas a windsurfe e áreas de mergulho para todos os níveis, de iniciantes a profissionais. Um guia de mergulho da ilha é fácil de adquirir em vários pontos, e indica os mais de 80 pontos para a prática do esporte. Os pontos de windsurfe se encontram, geralmente, perto da praia de Caracasbaai, bem próximo ao centro de Willemstad.

Na Subestação de Pesquisas Curaçao é possível viajar no Curasub, um minissubmarino para turistas que oferece espetacular visão do mar, a até 320 m de profundidade.

Próximo à subestação, as crianças podem assistir ao espetáculo de golfinhos no Sea Aquarium. A atração também diverte os adultos e, com reserva antecipada, é possível nadar com os animais.

Ao lado do Sea Aquarium há uma praia de onde saem mergulhadores e onde se realizam cursos de mergulho para iniciantes. Ali também é possível alugar equipamento e roupas de mergulhador.
Passeando pelas praias, vale conhecer os fortes da Cidade. Alguns viraram centros comerciais com restaurantes e bares, com especial destaque para o Waterfort, o Nassau e o Riffort.
Sinagoga (Foto: Leandra Felipe/G1)Sinagoga Mikvé-Israel Emanuel, uma das mais
antigas das Américas (Foto: Leandra Felipe/G1)
Para aproveitar a cultura
A ilha conserva bem seu patrimônio histórico. Nos 15 museus, registros históricos da cultura da população. Entre os destaques estão o Museu de Curaçao, o Museu Judaico, o Museu Marítimo e o Museu do Octógono.

Interessante é conhecer o Kura Holanda, lugar onde antes funcionou o primeiro hospital para escravos trazidos da África, e que virou museu com um acervo de peças africanas e visitas guiadas sobre a história da região.

Ali, escravos eram tratados de suas enfermidades, consequência das longas viagens marítimas nos navios negreiros, para serem depois vendidos na praça que fica em frente. Ao lado funciona um hotel e restaurantes bem charmosos, com estilo europeu.

Outro passeio interessante para entender a cultura de Curaçao são as fazendas de cana-de-açúcar, conhecidas como plantations. Algumas das mais antigas e famosas são a Ascension (1672), a Brievengat (1750) e a Daniel (1650).

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