MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 17 de novembro de 2012

Falha logística ameaça abastecimento


Incapacidade da Petrobrás e das distribuidoras de trabalhar com importação acima de 100 mil barris diários pode causar falta de combustíveis


SERGIO TORRES , SABRINA VALLE / RIO - O Estado de S.Paulo
O risco de desabastecimento de combustíveis em dezembro está vinculado à incapacidade da Petrobrás e das distribuidoras de trabalhar com uma carga importada que supere os 100 mil barris diários. A logística de recebimento das cargas cada vez maiores de gasolina importada pela Petrobrás tem limite.
A recente decisão da companhia de reduzir estoques de combustíveis acrescenta mais pressão sobre a logística, já que será necessário uma maior agilidade na reposição dos produtos. A redução de estoques é uma estratégia para transformar o combustível armazenado em dinheiro para investimentos.
No primeiro semestre deste ano, a companhia, ao projetar a necessidade de compra de combustíveis no exterior em dezembro, concluiu que a partir de 100 mil barris por dia a infraestrutura de recebimento, tancagem, estoque e distribuição poderia vir a ser afetada. Mais do que essa quantidade, as dificuldades tenderão a se avolumar em todos os setores do abastecimento de combustíveis.
A demanda de gasolina vendida pela Petrobrás cresceu 19% de janeiro a setembro, ante o mesmo período de 2011. No caso do diesel, a alta foi de 6%. O aumento no volume de vendas de derivados no mercado interno foi suportado em grande parte por importações, que também exigem infraestrutura para receber, armazenar e distribuir os produtos.
De acordo com o último balanço da Petrobrás, referente ao terceiro trimestre do ano, a importação excessiva é um dos principais motivos para o crescimento de 29% no custo de produtos vendidos (R$ 34,6 bilhões) de janeiro a setembro em relação ao mesmo período de 2011.
Recorde. O consumo continua acelerando. Apenas no terceiro trimestre houve alta de 4% na demanda de diesel e gasolina, em relação ao trimestre anterior. De janeiro a setembro de 2012, a Petrobrás importou, em média, 72 mil barris diários de gasolina, ante 27 mil comprados de outros países no mesmo período do ano passado. A empresa calcula que o consumo no Brasil será recorde neste ano, podendo chegar a 40 bilhões de litros.
O problema que preocupa a Petrobrás e o governo federal é que no bimestre novembro/dezembro o consumo de combustíveis costuma aumentar pelo menos 10% na comparação com os demais bimestres, embora, classicamente, as médias sejam variáveis. O motivo da disparada é simples: o início das férias escolares e das viagens costumeiras no período de Natal e Ano Novo.
O crescimento tem relação com o aumento do poder aquisitivo da população e com a decisão do governo de reduzir o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis para estimular a indústria. As vendas de veículos cresceram e o consumo de gasolina e diesel, também.
Em dezembro de 2011, quando a Petrobrás atingiu o recorde de 90 mil barris importados por dia, o sistema de logística montado pela companhia quase entrou em colapso. Desde meados deste ano que desabastecimentos pontuais têm ocorrido no País.
Já houve episódios na Região Centro-Oeste, no Amapá e no Rio Grande do Sul. Essa eventual falta de combustíveis não foi creditada, oficialmente, à carência de infraestrutura de recebimento, mas a problemas climáticos, como tempestades que impediram a atracação de cargueiros com combustível, no caso do Rio Grande do Sul. No caso do Amapá, à falta de etanol para misturar na gasolina.
Em busca de uma solução para o problema neste fim de ano, o governo criou uma comissão mista, formada por representantes do Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Petrobrás, entidades representativas de distribuidoras e de produtores de etanol.
O grupo montou um plano de emergência com o objetivo de afastar o risco de uma crise de desabastecimento em dezembro, o que, na avaliação do governo, seria trágico para a imagem do País e para a credibilidade da Petrobrás diante dos mercados nacional e internacional.

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