Eugênia Micheline faz a prova no mesmo prédio que o tio.
Candidato diz que esse é o começo da realização de um sonho.
Fernando Gomes, de 70 anos, foi incentivado pela sobrinha
Eugênia Micheline (Foto: Gabriela Alcântara/G1)
Após passar boa parte da vida trabalhando como pedreiro em construções
do Recife, Fernando Gomes dos Santos, de 70 anos, está fazendo o Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem), para tentar uma vaga no curso de
engenharia. Ele foi incentivado pela sobrinha, Eugênia Micheline, 30,
que além de fazer a inscrição do tio, está fazendo a prova no mesmo
prédio que ele, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), bairro
da Boa Vista, no centro.Eugênia Micheline (Foto: Gabriela Alcântara/G1)
Para Fernando Gomes, esse é o começo da realização de um sonho. "Iniciei minha atividade profissional muito cedo, na construção civil. E como era muito pobre, comecei como peão mesmo, sem nenhum conhecimento, sem nenhuma base, apenas misturando cimento com areia. Mas ao mesmo tempo em que a gente vai vivenciando isso, também vamos aprendendo a amar a profissão. Então quando a gente toma gosto, ama o que faz, se estabelece um sonho que a gente ainda nem sabia direito que tinha, pelo menos no meu caso foi assim", explicou.
Apesar de ter concluído o ensino médio em 1962, ele está tranquilo para a segunda etapa de provas, que acontece neste domingo (4). "Assim como estava calmo ontem, estou hoje. Claro que a gente se sente meio desatualizado de algumas coisas, mas trazemos uma bagagem, uma experiência, que ajuda, de alguma forma, a chegar e enfrentar a prova", disse Gomes.
Por sua vez, Eugênia diz que está prestando o Enem apenas para manter o pique. Estudante de direito em uma instituição particular pelo ProUni, não quer perder o hábito da prova. Ela afirma que resolveu incentivar o sonho do tio, com quem aprendeu muita coisa: "Ele tem muito conhecimento e está afastado do ensino há anos, mas tem muita qualidade".
"Ele já estava desacreditado de si, mas eu pensei 'poxa, se passei 10 anos tentando e consegui, porque ele não pode?'. Então fui lá, tive a ideia de inscrevê-lo, ele achou que eu não fosse fazer de verdade. Mas agora estamos aqui, na torcida, para que ele passe", acrescentou.
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