Para juíza, pedido de goleiro visava desmembrar júri do caso Eliza Samudio.
Julgamento continua com 3 réus; Rui Pimenta não representa mais Bruno.
Advogado
Rui Pimenta conversa com Bruno dentro da sala do Tribunal do Júri, na
segunda-feira (19) (Foto: Vagner Antonio/Tribunal de Justiça de Minas
Gerais)
A juíza Marixa Fabiane, que preside o julgamento do caso Eliza Samudio,
negou o pedido do goleiro Bruno Fernandes para a destituição do seu
advogado Francisco Simim, no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, nesta
terça-feira (20). O goleiro pediu destituição de toda sua defesa, mas a
juíza entendeu que o goleiro pretendia adiar seu julgamento.Bruno pediu para falar com a juíza logo ao início da sessão e afirmou que não se sentia seguro para continuar com seu advogado, Rui Pimenta. O goleiro pediu tempo para contratar outro advogado, mas a juíza Marixa Fabiane lembrou que ele ainda possuía outro defensor, Francisco Simim, que também representa sua ex-mulher, a ré Dayanne Rodrigues.
Bruno retornou ao banco dos réus, mas, depois de alguns minutos, pediu a palavra novamente. Nesse momento, a juíza anunciou que ele estava destituindo também Francisco Simim de sua defesa. A magistrada afirmou que isso estava ocorrendo "claramente com vistas ao desmembramento do julgamento".
Bruno, ainda no banco dos réus, negou e afirmou que não queria prejudicar a defesa de Dayanne. O promotor Henry Castro, então, pediu para que Dayanne, que responde em liberdade, tivesse mais tempo para ser defendida por outro advogado. Bruno, réu preso, tem preferência de julgamento. A juíza seguiu o entendimento.
Para evitar o adiamento, a juíza determinou que a ré Dayanne seja julgada em outra data, possivelmente junto com Marcos Aparecido dos Santos, Bola, acusado de ser o executor de Eliza. Ele foi o primeiro a ter o júri desmembrado, nesta segunda, depois que sua equipe de advogados deixou o plenário.
No começo do segundo dia do júri, nesta terça-feira, a juíza estipulou multa aos advogados do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Eles haviam deixado o júri iniciado na segunda-feira (19), atitude que foi considerada "injustificada" pela magistrada.
A multa é de R$ 18.660 para cada um dos defensores, o equivalente a 30 salários mínimos. Somados, eles terão que pagar R$ 55.980 em até 20 dias, de acordo com a decisão da juíza. Os advogados de Bola são três: Ércio Quaresma, Zanone de Oliveira Júnior e Fernando Magalhães.
O abandono ocorreu "sem haver razão juridicamente relevante", segundo a juíza. "Esse tipo de conduta causa grande prejuízo ao estado e à sociedade que implica em gasto de dinheiro público", afirmou ela, durante o julgamento.
O fato será comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que deve avaliar a conduta dos defensores, ainda de acordo com a magistrada.
O segundo dia de julgamento deve prosseguir com os depoimentos das testemunhas de acusação. Na segunda-feira (19), o ex-motorista do goleiro Bruno Fernandes, Cleiton Gonçalves, foi ouvido no júri, presidido pela juíza Marixa. Além de Bruno, outros três réus - incluindo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão - estão sendo julgados por cárcere privado e pela morte de Eliza, ex-amante do goleiro.
Na sequência, a testemunha que deve depor é a delegada Ana Maria Santos, que atuou nas investigações do desaparecimento da ex-amante de Bruno. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ela foi convocada para comparecer ao fórum às 9h, assim como a delegada Alessandra Wilke, que também trabalhou na apuração. Apesar de não ter sido arrolada pelo MP, ela também pode ser ouvida nesta terça-feira, segundo a Justiça.
Além destes, fazem parte do corpo de testemunhas de acusação o detento Jaílson Alves de Oliveira, que diz ter ouvido uma confissão de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Por fim, deve ser lido o depoimento de Renata Garcia da Costa, assistente do sistema socioeducativo de Minas Gerais, que acompanhou os primeiros depoimentos feitos à polícia.
Somente após a conclusão dos depoimentos das testemunhas de acusação é que serão ouvidas as testemunhas de defesa. A previsão é que o julgamento dure pelo menos duas semanas.
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