MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

'O luto é um processo vivido em várias perdas', diz psicóloga em MG


Para dona de casa, aceitar a morte como algo natural da vida não é fácil.
Mas para a profissional, é importante legitimar a perda como algo natural.

Anna Lúcia Silva Do G1 Triângulo Mineiro

Túmulo de João Relojoeiro, em Uberlândia (Foto: Reprodução / TV Integração)Cemitério São Pedro em Uberlândia, túmulo de
João Relojoeiro (Foto: Reprodução / TV Integração)
O Dia de Finados para os católicos, celebrado nesta sexta-feira (2), é dedicado a homenagens para parentes e amigos queridos que se foram. Perder um ente faz com que muitas pessoas fiquem tristes pela saudade e com a lembrança de quem já morreu.
Para a dona de casa Ivânia Alves, por exemplo, aceitar a morte como algo natural da vida não é fácil. Ela perdeu um irmão há três anos e contou que até hoje não conseguiu se conformar. "Já se passou muito tempo e eu ainda não entendo porque ele se foi. Gostaria de entender, mas não consigo. A saudade é muito grande”, desabafou.
Mas para a psicóloga Ludymilla Zacarias, de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a vida toda lidamos com perdas e muitas vezes não conseguimos aceitar a dor causada por elas. Com mestrado em 'Luto', ela explicou que o mesmo é um processo vivido também em diversas perdas, além da morte. "A vida toda encaramos perdas, como a separação de um casal, um filho que vai morar longe para estudar, a perda de um animal de estimação, entre outros tantos exemplos. Então, esse é um processo que a gente vivencia de diversas maneiras ao longo da vida. E todas essas situações são difíceis, pois são momentos de ruptura de laços afetivos. Mas apesar de difícil, é importante legitimar isso como algo natural na vida das pessoas", esclareceu.
O massoterapeuta Julio Gonçalves perdeu uma namorada há 16 anos. Hoje ele é casado e tem filhos, mas contou que levou pelo menos 10 anos para conviver com a ideia de não ter mais a ex-namorada por perto. “É uma dor tão grande. É como se fosse uma ferida que vai cicatrizando aos poucos. Hoje posso dizer que superei. A vida criou outros rumos, mas amor igual eu sentia por ela, eu nunca mais senti”, disse.
O luto é um processo vivido em outras perdas, além da morte. É preciso legitimar isso nas pessoas"
Ludymilla Zacarias, psicóloga
O processo do luto
Ludymilla explicou que o luto está ligado a um processo que acontece basicamente em fases. A primeira é de negação ou isolamento, que é quando a pessoa recebe a notícia do óbito.
“Essa negação acontece, não porque a pessoa quer. Temos mecanismos de defesa que são importantes para continuarmos intactos psicologicamente. Então a pessoa simplesmente tenta desviar do fato e dizer que aquilo não está acontecendo com ela”, disse.
A segunda fase é a raiva, que é quando a negação se torna insustentável e a pessoa começa a manifestar sentimento de revolta porque viu que o fato é real. “É quando cai a ficha, a pessoa que está no processo fica brava com Deus e às vezes o culpa pela dor do momento e também fica brava com as pessoas. É importante ressaltar que cada uma dessas fases variam muito, tive pacientes que ficaram anos em negação. E é importante dizer, também, que não há parâmetro para a dor, alguns superam com uma certa dificuldade outros com menos”, contou.
Ludymilla Zacarias (Foto: Arquivo pessoal)Ludymilla Zacarias defendeu tese sobre o luto
(Foto: Arquivo pessoal)
“A terceira fase é uma etapa em que a pessoa entende que aconteceu e, por isso, passa a fazer promessas, começa a negociar a vida dela para que não aconteça o que aconteceu com o outro”, disse.
A quarta fase é um período de isolamento. “A pessoa vai se isolar e é onde ocorre o cansaço. A pessoa cansa de brigar com o mundo e se isola conscientemente. E é quando começa a avaliar o que aconteceu e começa a perceber um novo caminho, o valor da vida. É uma fase muito benéfica e de reestruturação interna. Depois dessa fase ocorre, ou não, a fase da aceitação. A pessoa entende porque perdeu e aí vem o aprendizado”, esclareceu.
Sentir saudade, chorar e reluar para não acreditar faz parte do luto e as pessoas precisam passar por essas fases. “A ideia do mestrado veio da minha prática. Eu trabalhava em um programa de assistência domiciliar, conversava com os familiares sobre o óbito e era muito difícil para mim. A partir das vivências eu fui para o mestrado com o objetivo de olhar com mais cuidado essa questão da perda. É isso que tento mostrar, que todos precisamos entender e passar pelo o processo de luto", concluiu.

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