MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 24 de novembro de 2012

Promotor diz que Bruno não 'escapa' de condenação por morte de Eliza


Henry Wagner se disse 'feliz' com condenação de Luiz Henrique e Fernanda.
Macarrão foi considerado culpado pelo assassinato de Eliza Samudio.

Pedro Cunha Do G1, em Contagem (MG)
Promotor Henry Castro sorri após decisão que condenou réus (Foto: Maurício Vieira/G1)Promotor Henry Castro sorri após decisão que
condenou réus (Foto: Maurício Vieira/G1)
O promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse, no início da madrugada deste sábado (24), que "não há escapatória para ele [Bruno]. Tenho certeza que a pena para ele tem que ser uma pena significativa”, se referindo a uma comparação com a condenação de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pelo assassinato de Eliza Samudio. O amigo de Bruno foi condenado a 15 anos, sendo 12 em regime fechado.
A ex-namorada do goleiro, Fernanda Gomes de Castro, foi condenada a cinco anos de prisão em regime aberto, pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela, Bruno Samudio. Wagner se disse “feliz com a decisão”. “O resultado foi conforme eu esperava”, disse o promotor Henry Castro. Segundo ele, entretanto, não houve vitória, porque há uma pessoa morta.
Perguntando sobre o que vai acontecer com o goleiro Bruno, que também é reu pelo desaparecimento e morte de Eliza, o promotor respondeu que “se Macarrão pegou 20 anos pelo homicídio, é claro que a [sentença] do Bruno tem que começar por aí”. Bruno vai ser julgado pelo júri popular em Contagem no dia 4 de março de 2013, junto com outros dois réus: Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e Dayanne Rodrigues, ex-mulher do atleta.
Seu filho foi um homem digno, ele está tendo o melhor recomeço possível da vida dele"
Promotor Henry Wagner à mãe de Macarrão
De acordo com o promotor, com a condenação de Macarrão, a Justiça reconhece a morte de Eliza. O corpo dela nunca foi encontrado. “A Justiça reconhece que Eliza foi morta em 10 de junho de 2010, uma vez que a sentença seja transitada em julgado”, disse o promotor. Ele ainda confirmou que não pretende recorrer das penas imputadas pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues aos réus. “A Promotoria não vai recorrer da pena porque entende que houve justiça na dosagem da pena”, completou.
Ele também comentou sobre a absolvição de Macarrão do crime de ocultação de cadáver. "O júri, sabiamente, entendeu que, com relação ao réu Macarrão, não tem elementos que o liguem a ocultação do cadáver", disse o promotor, que ainda afirmou que "quem ocultou [o corpo de Eliza] foi Marcos Aparecido dos Santos. Só o Bola sabe onde está".
Sobre a ré Dayanne Rodrigues, que responde pelo sequestro e cárcere privado do filho de Eliza, ele disse que, no júri popular marcado para março de 2013, ela “sairá pela porta, assim como Fernanda, porque poderá esperar recurso em liberdade, mas a promotoria acredita que Dayanne será condenada”.
O promotor conversou com a mãe de Macarrão, ainda dentro do fórum, no início da madrugada deste sábado (24). Ele disse à ela que “seu filho foi um homem digno, ele está tendo o melhor recomeço possível da vida dele. Ele teve um comportamento muito bom. A senhora e ele têm tudo para serem felizes. Deus abençoe à senhora”. A família de Macarrão saiu sem falar com a imprensa. O amigo de Bruno foi levado de volta para a Penitenciária Nelson Hungria, onde está preso desde julho de 2010.

José Lauriano, o Zezé
O promotor disse que vai denunciar, ainda este ano, o ex-policial civil José Lauriano de Assis Filho, conhecido como Zezé, que chegou a ser ouvido à época do sumiço de Eliza Samudio. À polícia, em 2010, ele disse que tinha uma banda e que conhecia Bruno e Macarrão por causa de shows. O nome de Zezé também consta em depoimento por Dayanne Rodrigues de Souza. De acordo com a ex-mulher do goleiro, a pedido de Macarrão, o ex-policial teria avisado a ela que a polícia estava à procura do filho de Eliza Samudio. “O Zezé sofrerá certamente também as repercussões penais de seus comportamentos, sem sombra de dúvidas”, falou o promotor.
Sentença
O júri popular do caso Eliza Samudio condenou, na noite desta sexta-feira (23), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, os réus Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno, pelo envolvimento na morte da ex-amante do jogador, em crime ocorrido em 2010. Conforme sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, Macarrão foi considerado culpado pelos crimes de homicídio e sequestro e cárcere privado. Fernanda foi condenada por sequestro e cárcere privado.
Os jurados saíram do plenário em direção à sala secreta às 21h e voltaram depois de mais de duas horas. Durante esse período, eles responderam a quesitos preparados pela juíza Marixa, com a concordância de advogados e do promotor. Com respostas "sim" e "não", os jurados decidiram se os réus cometeram o crime, se podem ser considerados culpados e se há agravantes ou atenuantes, como ser réu primário. Em seguida, a juíza redigiu a sentença.
O júri popular, que teve início com cinco réus, acabou com apenas dois acusados: Macarrão e Fernanda. O jogador Bruno Fernandes de Souza, que era titular do Flamengo, é acusado de ter arquitetado a morte da ex-amante, em 2010, para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno, a sua ex-mulher Dayanne Rodrigues e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram o júri desmembrado pela juíza Marixa e serão julgados em 2013. (Acompanhe o dia a dia do júri popular do caso Eliza.)
Eliza Samúdio (Foto: Reprodução Globo News)Eliza Samudio (Foto: Reprodução Globo News)
O crime
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. O bebê Bruninho foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG).
Além dos três réus que tiveram o júri desmembrado, dois acusados serão julgados separadamente – Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, teve o processo arquivado.
Investigações
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais relata o medo que sentia.
Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.
Promotor Henry Castro (Foto: Leo Aragão/G1)Promotor Henry Castro (Foto: Leo Aragão/G1)
Macarrão também protagonizou a execução do homicídio de Eliza"
Promotor Henry de Castro
Promotor vê Macarrão 'protagonista'Durante sua primeira manifestação na fase de debates entre acusação e defesas, o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro apresentou uma série de provas ao júri popular, entre elas registros de telefonemas realizados pelos réus, um laudo do sangue de Eliza achado no carro do atleta, além dos depoimentos de Jorge Luiz Rosa e de Sérgio Rosa Sales, primos de Bruno, dados à polícia e que dão detalhes sobre a morte da ex-amante do goleiro.
Ao falar novamente em sua réplica, Castro apontou Macarrão como "protagonista" dos eventos que resultaram na morte de Eliza. Ele citou novamente depoimento do primo do goleiro: "Sérgio, sobre a atuação do Macarrão, apontada por ele como de extrema relevância na divisão de tarefas que foi estipulada [...] Macarrão é colocado como protagonista desses acontecimentos".
Ele também pediu a condenação de Fernanda Gomes de Castro, dizendo que ela sabia o que estava sendo planejado quando foi à casa de Bruno. "Ela chegou lá sabendo qual era sua tarefa. Já no sítio, Fernanda não tinha dúvida do que aconteceria com Eliza", disse. "A absolvição de Fernanda é uma injustiça. Não há possibilidade de absolver Fernanda desse sequestro, sem absolver Macarrão do sequestro".
advogado macarrão (Foto: Leo Aragão/G1)Advogado Leonardo Diniz (Foto: Leo Aragão/G1)
Não se condena pisando em areia movediça. [...] Se não tem prova robusta, melhor absolver"
Leonardo Diniz, advogado de Macarrão
Defesa pede 'reprimenda justa'
Leonardo Diniz, advogado de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, pediu aos jurados uma "reprimenda justa" para seu cliente, na primeira vez em que se pronunciou no plenário. O defensor defendeu a absolvição do seu cliente dos crimes de sequestro, porque não teria participado, e de ocultação de cadáver, porque não saberia o que foi feito do corpo.
Ao se pronunciar durante a tréplica da fase de debates, o defensor disse que a condenação dos réus será um "troféu extraordinário" para o promotor do caso, para quem "condenação é estatística". Ele afirmou que "todo mundo está propenso a errar e estar subjugado a um processo cuja prova é fraca".
Ele voltou a pedir "uma condenação justa" para Macarrão e defendeu a confissão do réu, na madrugada de quinta (22). "A confissão ela é muito consistente sim. Ela traz um valor muito grande nesse processo sim", disse. "Suas informações não destoam aqui do processo em julgamento, em nada".
Diniz também voltou a dizer que o réu não presenciou a morte de Eliza. "Como? Macarrão estava no sítio. Ele chutou? Claro que não, nem lá ele estava", afirmou ao júri. "Não se condena pisando em areia movediça. O julgador quando julga, julga em terreno firme. Se não tem prova robusta, melhor absolver", defendeu.
Advogada Carla Silene (Foto: Leo Aragão/G1)Advogada Carla Silene (Foto: Leo Aragão/G1)
Os quatro meses que Fernanda ficou presa, isso não se apaga. Tem um paliativo, que é dar essa moça a absolvição"
Carla Silene, advoga de Fernanda Castro
Advogada de Fernanda pede provas
Carla Silene, responsável pela defesa de Fernanda Gomes de Castro, namorada do goleiro Bruno à época do desaparecimento de Eliza, disse, na primeira rodada de argumentações, que não é possível condenar sua cliente sem provas de sua participação no crime. "Cadê as provas? [...] Contra Fernanda Castro, pelo cárcere privado de Eliza e Bruninho, essas provas não vieram", afirmou. "Eu só posso condenar quando eu tenho prova".
Durante a tréplica, ela criticou o promotor Henry Castro por ofender sua cliente por diversas vezes e pediu que o caso seja levado à Corregedoria do Ministério Público, responsável por avaliar a conduta dos promotores. "A defesa, com todo respeito ao ser humano, em nenhum momento desqualificou a pessoa da vítima, especialmente respeitando a mãe dela, que se encontra neste plenário", disse.
Segundo a advogada de Fernanda, os depoimentos dos caseiros do sítio demonstram que Eliza não tinha ferimentos e não usava lenço na cabeça. "Que ela estava lá normal, não tinha cara de assustada e aterrorizada". Ela também desqualificou o depoimento de Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno menor de idade à época do crime e que atualmente está em programa de proteção a testemunhas, dizendo que ele não confirmou à Justiça seu depoimento dado à polícia.

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