MEDIÇÃO DE TERRA

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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Veto ao acarajé na Copa 2014 repercute no País e exterior


Hieros Vasconcelos Rego A TARDE

  • Raul Spinassé | Ag. A TARDE
    Ministério Público quer assegurar a venda do quitute nos estádios

A polêmica sobre a proibição da presença das baianas de acarajé na Arena Fonte Nova,  em Salvador, durante a Copa de 2014, pela Fifa, ganhou visibilidade internacional e até música do compositor PQD da Portela, famoso sambista da escola de samba carioca. A repercussão é fruto de diversas manifestações.
No final de outubro, um abaixo--assinado foi hospedado na plataforma internacionalmente reconhecida Change.org, pela presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Vendedoras de Mingau (Abam), Rita Santos. Em apenas um mês, foram angariadas 7,5 mil assinaturas.  O abaixo-assinado foi direcionado ao ex-jogador Ronaldo ("Fenômeno"), membro do Comitê Organizador Local da Copa.

Mídia - Entre os dias 2 e 20 de novembro, o assunto foi destaque em sites internacionais. No site americano CBN News, uma manchete do dia 4 de novembro destacava: "Fifa sofre pressão para permitir sanduíche nativo do Brasil em estádios da Copa de 2014". A mesma manchete ocupou espaço nobre do site alemão Sport Balla, no dia 10 de novembro.
Apenas no noticioso Sport.De, também alemão, a notícia foi acompanhada de uma foto do acarajé, com o título: "Brasil: a guerra do acarajé". No texto, o repórter alemão explicava que o quitute surgiu da Bahia para o resto do Brasil,  fazendo uma comparação da importância da tradição do acarajé para a Bahia como é o currywurst chips (salsichas fritas com curry) para os alemães.
Famosos - De acordo com a diretoria de comunicação do Change.org, as pessoas listadas como alvos do abaixo-assinado recebem um e-mail cada vez que alguém assina. "Desta forma, a demanda já foi passada ao próprio Ronaldo pelos  assessores, que receberam sete mil e 500 e-mails", informa a diretoria.
A presença das baianas conta, ainda, com  o apoio de estudiosos da cultura brasileira que reconhecem a importância das baianas de acarajé, tombadas em 2005 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Famosos como Romário, Antônio Pitanga (ator de cinema e televisão) e Edílson (ex-jogador de Flamengo, Corinthias, Vitória e embaixador de Salvador para a Copa), demonstraram apoio por meio das redes sociais.
"Nem na época da ditadura existiria uma proibição como esta. As baianas são patrimônio, representam a história e a cultura da Bahia, estado onde nasce o Brasil. Proibir a presença das baianas é como fazer um evento onde é proibido o berimbau, o samba, o candomblé. ", afirma Antonio Pitanga, baiano residente no Rio de Janeiro.
Para ele, o evento quer trazer para o Brasil características de uma cultura da qual o País não faz parte. "Elas são tão importantes que todas as escolas de samba do Rio e São Paulo abrem seus desfiles com baianas à frente. Tia Ciata, baiana, foi quem abriu o quintal para os ensaios das escolas, em uma época em que o samba era marginalizado. Por que o futebol não pode homenagear a cultura deste País?", questiona o ator.
MP-BA - Em texto enviado à  Empresa Salvador Turismo (Saltur), Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 (Secopa) e ao Ministério dos Esportes, o promotor público e coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Ministério Público da Bahia, Ulisses Campos,  pede resposta sobre a permanência das baianas nos estádios.
Ele pretende acionar a Justiça, caso a liberação não ocorra "dentro do estádio de futebol para vendedoras aos moldes da já tradicional maneira da cidade do Salvador", conforme destacado em um trecho do documento.
Até esta quarta-feira, ainda não havia resposta da Fifa. A presidente da Abam, Rita Santos, lamenta: "Até agora nenhuma resposta oficial". A Secopa, por meio da assessoria de comunicação, informa que ainda aguarda o resultado do processo licitatório realizado pela Fifa para definir quais empresas  irão atuar nos estádios na venda de alimentos. Segundo a Secopa, a empresa escolhida contratará uma companhia brasileira para definir comidas típicas de cada região que serão vendidas nos jogos da Copa.

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