MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Aluno de colégio público e campeão de olimpíadas são aceitos em Harvard


Brasileiros foram admitidos para fazer a graduação a partir de agosto de 2013.
Novo resultado deve sair entre abril e março de 2013.

Vanessa Fajardo Do G1, em São Paulo
O número de brasileiros na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais importantes do mundo, vai ganhar reforço no próximo ano. Os estudantes Gabriel Guimarães, de 19 anos, morador de Vitória (ES), e Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho, de 17 anos, de Lins (SP) foram admitidos para fazer a graduação a partir de agosto de 2013. Gabriel faz ensino médio em escola pública, no colégio técnico do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Ivan estuda no Colégio Objetivo Integrado, de São Paulo, e tem 45 medalhas em olimpíadas de conhecimento. A aprovação foi anunciada nesta quinta-feira (13).
No total, 895 estudantes no mundo todo foram aceitos por Harvard, neste período chamado de ‘early action’, um número 16% maior do que o do ano passado. A universidade ainda fará outra seleção, a ‘regular action’, para a turma que também inicia aulas em 2013. O resultado desta modalidade costuma ser divulgado no primeiro semestre do ano.
Gabriel Guimarães, de 19 anos, mora em Vitória e criou um curso on-line de computação (Foto: Arquivo pessoal)Gabriel Guimarães, de 19 anos, mora em Vitória e criou um curso on-line de computação (Foto: Arquivo pessoal)
Os dois brasileiros recém-aprovados vão aguardar os resultados de outros applications (vestibular americano) para decidir em qual universidade se matricular. Eles também aplicaram para outras instituições de prestígio, como MIT, Caltech e Princeton. O resultado deve chegar entre abril e março de 2013. No Brasil, os estudantes disputam vaga no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), cujas provas terminam nesta sexta-feira (14). Ivan ainda presta o vestibular da Fuvest e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
'Diziam que seria impossível'
Gabriel cursa o ensino médio técnico no Instituto Federal do Espírito Santo, mas conta que há três anos se prepara para ouvir o ‘sim’ de Harvard. “Uma vez na escola um colega me disse: ‘sai daqui, você é muito inteligente, vai para Harvard. E eu pensei: por que não?’ Percebi que tinha de criar oportunidades, aqui no meu estado (ES) nunca ninguém passou em Harvard, e muitos diziam que seria impossível.”

Desde então, Gabriel passou a falar somente em inglês com a irmã Carolina, de 15 anos, que também quer se graduar nos Estados Unidos, e “começou a pensar fora da caixa e se abrir a projetos”. Em 2010, arrumou as malas e seguiu para um intercâmbio na Alemanha. Aprendeu o idioma, adquiriu maturidade e desenvolveu o espírito empreendedor. De lá, teve a ideia de aportuguesar um curso on-line de programação oferecido por Harvard. Fez a tradução, parte dela, inclusive no voo de volta para casa, e criou o site www.cc50.com.br, uma introdução à ciência da computação.
Gabriel gosta de música e toca violão além de outros instrumentos (Foto: Arquivo pessoal)Gabriel gosta de música e toca violão além de
outros instrumentos (Foto: Arquivo pessoal)
“Dei o curso para umas 50 pessoas, filmei as aulas, coloquei na internet. Depois de uma nova versão para 100 pessoas. A terceira edição vai ser em janeiro. Mesmo quando estiver fora do Brasil, o site vai estar lá, e é tudo gratuito”, conta Gabriel.
Filho de um engenheiro elétrico e uma contabilista, Gabriel teve sempre teve contato próximo com as ciências exatas. Desde 5 anos gosta de matemática. Neste ano ganhou medalha de ouro no mundial de robótica, no México. No ensino superior quer estudar ciências da computação, mas mesclar disciplinas de engenheira elétrica e economia, o que é possível nas universidades americanas.
Mesmo diante da habilidade com cálculos e fórmulas, Gabriel também desenvolveu habilidades artísticas. Ama música. Toca violão, guitarra e piano desde os 13 anos. “Gosto de música boa, toco blues, jazz. Gosto de música antiga, Beatles, MPB, bossa nova.”
O estudante não acredita que terá problemas de adaptação nos Estados Unidos, já que teve a experiência de morar na Alemanha. O frio, para ele, é bem-vindo. A maior saudade além da família e dos amigos, será de bobo de camarão e aipim. “Senti muita falta quando estava fora.”
Mas agora Gabriel nem quer se preocupar com isso, pretende comemorar, relaxar e abraçar os pais. “Foi meu presente de Natal, de aniversário, de tudo. A sensação é muito boa. Vinte minutos antes do horário previsto para chegar o e-mail estava muito nervoso. Agora quero aproveitar.”
'Avaliador devia estar de bom humor'
Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho, de 17 anos, é focado. Logo depois de saber que Harvard quer recebê-lo, ligou para os pais que moram em Lins (no interior de São Paulo), comemorou e voltou a estudar química para a prova do ITA que faz nesta sexta-feira (14).
“Meus pais ficaram felizes, telefonaram para a família inteira. Eu também fiquei feliz, estava ansioso, o resultado veio atrasado”, diz. O jovem mora em uma pensão em São Paulo há dois anos para estudar no Colégio Objetivo Integrado, onde cursa o ensino médio.
Ivan participa de diversas olimpíadas científicas desde a oitava série,quando tinha 14 anso. (Foto: Arquivo Pessoal)Ivan participa de diversas olimpíadas científicas desde criança. (Foto: Arquivo Pessoal)
Para Ivan, um dos pontos fortes de seu application foi o histórico de participação de olimpíadas. O garoto participa de disputas desde os 11 anos, quando ganhou sua primeira medalha de ouro em uma competição regional em Lins. A primeira internacional foi uma prata adquirida em 2009, na olimpíada de ciências. A coleção reúne 45 prêmios, sendo dez internacionais em áreas diferentes. Seu forte é matemática? “Não é física, linguística, astronomia e biologia”, responde.
Nas provas do SAT (Scholastic Assessment Test, uma espécie de Enem americano), uma das fases do processo seletivo, Ivan teve excelente desempenho. Na prova de inglês tirou 2.130, de um total de 2.400; e na prova de biologia e matemática, gabaritou.
Ivan criou um site para auxiliar estudantes (Foto: Arquivo pessoal)Ivan criou um site para auxiliar estudantes
(Foto: Arquivo pessoal)
As excelentes notas, no entanto, por si só, não seriam suficientes para que Ivan fosse admitido. Os americanos exigem que os candidatos tenham atividades extracurriculares interessantes. Neste quesito, o jovem contou da criação do site www.olimpiadascientificas.com feito em novembro de 2010 para incentivar os estudantes a participar de olimpíadas. “Eu mesmo tinha dificuldade no começo, não tinha informação ou apoio. O site tem uma média de 500 acessos por dia.”
Para o estudante, Harvard não é um sonho impossível. “Precisa se esforçar, tem de ter destaque em uma área que você gosta e passar pelo processo. São poucas vagas, é concorrido. Sou bom aluno, minhas cartas de recomendação ficaram boas, mas também tive um pouco de sorte, meu avaliador devia estar de bom humor.”
O jovem gosta de exatas e biológicas, mas ainda não sabe que curso seguir. Ainda há uma possibilidade de ele se render à herança genética: os pais são médicos e a irmã, Gisella, de 19 anos, cursa medicina na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A mãe, Cristiene Alencar Machado Antunes, de 50 anos, diz que não há pressão. “Acredito que ele vai se dar bem na área que escolher. Quero que seja feliz com a escolha que fizer. Ele fala que não gosta de estudar, e sim, de aprender. Acho tão lindo. Meus filhos sempre foram os primeiros da classe. Falava que o boletim deles era muito sem graça porque só tinha dez”, afirma, orgulhosa.

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