MEDIÇÃO DE TERRA

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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

COM A PALAVRA O MINHA CASA MINHA VIDA.....

À espera de um Ano Novo melhor, família vive sob viaduto em Natal

Há 24 dias que Genival levou a família para o viaduto do 4º Centenário.
A ceia de Natal só foi possível com doações; crianças ganharam presentes.

Rafael Barbosa Do G1 RN

Genival corta madeira para fazer o fogo e dar de comer a família; são 24 dias sob o viaduto  (Foto: Rafael Barbosa/G1)Genival corta madeira para fazer o fogo e dar de comer a família; são 24 dias sob o viaduto com a família
(Foto: Rafael Barbosa/G1)
À margem da BR-101, em Natal, oito pessoas dividem espaço com o concreto e o asfalto. É lá que o paraibano Genival Augusto da Silva, de 48 anos, que passa o dia catando lixo reciclável, consegue juntar algum dinheiro para dar de comer à mulher, à enteada e mais cinco netos. Em busca de uma melhor sorte, eles estão vivendo há 24 dias entre papelões e pedaços de madeira. Este é o lar da família. Foi sob o viaduto do 4º Centenário, no bairro de Lagoa Nova, que eles passaram o Natal e também pretendem aguardar o Ano Novo. “Um Ano Novo melhor. É isso que nós esperamos”, disse ele.
Família do catador ainda não sabe onde passará a virada de ano (Foto: Rafael Barbosa/G1)Família do catador ainda não sabe onde passará a virada de ano (Foto: Rafael Barbosa/G1)
Esquecidos pelos órgão públicos, que segundo eles em momento algum foram ao local oferecer auxílio ou um abrigo mais digno, Genival e sua família não passam despercebidos entre os carros que vêm e vão na rodovia. Foi graças à solidariedade de alguns, que eles conseguiram uma ceia natalina. “Frango, macarrão e arroz. As pessoas passam, param e nos ajudam com roupas e comida. Eu não tenho dinheiro pra comprar presentes de Natal para as crianças, mas eles ganharam brinquedos porque as pessoas nos deram”, disse o avô.
Genival é natural de Dona Inês, mas mora no Rio Grande do Norte há 36 anos. Ainda pequeno, deixou a Paraíba para trabalhar no corte das plantações de cana em Baía Formosa, no litoral Sul potiguar. Hoje, sobrevive de catar lixo e revender o que se aproveita para usinas de reciclagem. "Dá pra conseguir uns R$ 120 por mês", revelou. "Dinheiro que não dá para comprar muita coisa", emendou em seguida.
Ao contrário dos sertanejos que pedem chuva no Nordeste, Genival torce para que não caia água na capital do estado. O papelão e compensados de madeira que compõem o barraco não suportariam uma chuva forte. “Ainda bem que não tá chovendo. Perderia tudo”, disse o catador.
Daniele ficou feliz com a boneca que ganhou no Natal (Foto: Rafael Barbosa/G1)Daniele ficou feliz com a boneca que ganhou
(Foto: Rafael Barbosa/G1)
Uma das netas de Genival, uma menina de seis anos chamada Daniele, apresentou-se tímida com a presença da equipe de reportagem. Mas logo se animou para mostrar os brinquedos que ganhou neste Natal. "Tira foto da minha boneca", pediu a garota, mostrando o sorriso.
Wilas, o neto mais velho entre os meninos, tem sete anos e é mais introvertido. Sentado sob o sol forte, ficou brincando com o carro dos bombeiros que foi doado. Depois, largou o brinquedo para chupar uma manga. A fruta foi comprada pelo avô. “Aqui só tem fruta e alguns biscoito e farinha de milho. Carne a gente só come se as pessoas derem. E temos que comer logo, porque não tenho onde guardar. Aqui não tem geladeira nem isopor. Se a gente não comer logo estraga.
"Um Ano Novo Melhor", é o que a família espera (Foto: Rafael Barbosa/G1)"Um Ano Novo Melhor", é o que a família espera
(Foto: Rafael Barbosa/G1)
Seu Genival disse que, no fogo aceso com o próprio material que ele recolhe no lixo, a família se juntou sob o viaduto e comeu em celebração ao nascimento de Jesus. “O que eu espero para minha família? Que eles tenham tudo de bom. Que eles tenham saúde”, foi o que ele também disse ao ser questionado sobre o futuro. “Um Ano Novo melhor. É isso que nós esperamos”, repetiu.
Nesta terça-feira (25), passadas as festividades, Genival retomou o trabalho. Enquanto arrumava os rejeitos coletados a serem entregues à reciclagem no lixão do bairro de Cidade Nova, na zona Oeste, o chefe da família disse que não pretende ficar muito tempo no local. “Acho que vou passar o Ano Novo aqui. Não sei. Talvez eu saia. Talvez eu vá tentar a sorte em outro lugar. Não sei”, acrescentou.

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