MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Escola mais antiga de BH vai passar por sua primeira grande restauração


Prédio da Escola Estadual Barão do Rio Branco completará 100 anos.
Restauração geral vai custar R$ 6,8 milhões e deve ser concluída em 2014.

Cristina Moreno de Castro Do G1 MG

Fachada da Escola Estadual Barão do Rio Branco, na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi, que passará por grande reforma. (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)Fachada da Escola Estadual Barão do Rio Branco, na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi. (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)
O piso dos corredores por onde correm os 1.100 alunos da Escola Estadual Barão do Rio Branco veio da Bélgica para a construção do prédio, em 1913. Os buracos e ondulações já denunciam o centenário daquela que é a primeira escola de Belo Horizonte. O quadro de depredação, causado pelo tempo e pelo abandono, também é visível pelos gradis quebrados que cercam as varandas, trazidos do Reino Unido, pelas goteiras no telhado da França e os riscados na escadaria de mármore da Itália.
Agora, pela primeira vez, o grupo escolar que hoje atende a crianças do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental passará por uma grande reforma. Mais que reforma: toda a estrutura do prédio, que é tombado como patrimônio histórico, será restaurada, preservando as características originais da construção de estilo neoclássico abrigada em uma área de 4.544 m² no coração da Savassi, região nobre da capital mineira.
Um dos pátios da escola e trecho do prédio (no canto direito) que foi interditado pela Defesa Civil por correr risco de desabar. (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)Um dos pátios da escola e trecho do prédio (no canto direito)
que foi interditado pela Defesa Civil por correr risco de
desabar. (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)
A necessidade da obra estrutural, arquitetônica, hidráulica e elétrica da escola foi percebida em fevereiro de 2011, quando a Defesa Civil interditou todo um braço do complexo, com dois banheiros e seis salas de aulas, que corria risco de desabar. Os alunos tiveram que ser transferidos às pressas para a sala dos professores e para o auditório. Cinco meses depois, passaram a ocupar uma área que estava livre no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), a uym quilômetro de distância dali.
A Secretaria de Estado de Educação tomou a decisão, então, de fazer uma reforma completa em toda a escola, em vez de apenas no trecho comprometido. “O prédio, pelo que representa, merece uma restauração completa”, diz o subsecretário de Administração do Sistema Educacional, Leonardo Petrus. “Não justifica ter um transtorno dessa ordem para fazer intervenção que daqui a dois ou três anos teria que ser refeita.”
O diretor do Barão, Carlos Henrique da Silva, mostra pinturas originais encontradas sob camadas de tinta. (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)O diretor do Barão, Carlos Henrique da Silva, mostra
pinturas originais encontradas sob camadas de tinta.
(Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)
Um ano e meio depoisMas a reforma ainda não começou, mesmo passados 18 meses desde a transferência da escola para um prédio temporário. Isso porque o processo de licitação do projeto de restauração atrasou. Um dos motivos foi a descoberta, no meio do processo de prospecção, de pinturas originais que estavam escondidas sob várias camadas de tinta. Elas foram feitas na época da fundação da escola, com técnica de estêncil e pincel em motivos florais, característicos da época. Em tons predominantemente vermelhos, verdes e beges, estão nas paredes do salão principal e do auditório da escola e agora serão recuperados, em um processo semelhante ao adotado em igrejas históricas.
Independentemente da restauração, há muito o que consertar e reconstruir na escola. Casas que não estavam na construção original, onde ficam a cantina e o ginásio, serão derrubadas e refeitas. Um elevador será construído para receber pessoas com deficiência. As salas vão ganhar quadros negros e de pincel, além de equipamentos de multimídia. Os muros, que estão com várias partes derrubadas, serão corrigidos. E o mesmo será feito com janelas, portas, rodapés, grades, tetos – cheios de infiltrações –, porões etc. Resultado: o orçamento inicial, que era estimado em R$ 4,5 milhões, agora deve ser de R$ 6,8 milhões. E a obra, que seria entregue a tempo do centenário do prédio, em 2013, agora só deve ficar pronta em 2014.
O processo de licitação já está em fase final de escolha de um vencedor dentre cinco classificados e, segundo Petrus, as obras começam até o próximo mês. Elas serão administradas pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais, com recursos da Secretaria de Educação e supervisão do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Afinal, ali dentro, até as árvores centenárias de mangueiras e gameleiras são tombadas.
Enquanto as obras não começam, toda aquela área do Barão está abandonada à espera do fim da licitação. O diretor da escola, Carlos Henrique Alves da Silva, diz que conseguiu autorização para manter um faxineiro e dois vigilantes cuidando do local, “para evitar a entrada de vândalos”. “Minha preocupação era ter um prédio deste tamanho, nesta localização, por tanto tempo vazio. Com certeza ia ser invadido.” Não conseguiram evitar, no entanto, pichações e algumas invasões, que contribuíram para o aspecto de depredação do prédio.
Alunos sentem saudadesEnquanto isso, os alunos do Barão, que costumavam ocupar 13 salas de aula, agora se apertam em dez salas do Instituto de Educação. Segundo Silva, o espaço “mais concentrado” acabou ajudando na disciplina da criançada. Por outro lado, elas sentem a ausência de uma quadra para praticarem esportes.
Alunos que acabaram de terminar o 9º ano do Barão do Rio Branco, em biblioteca montada no Instituto de Educação. (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)Alunos que acabaram de terminar o 9º ano do Barão do Rio Branco, em biblioteca montada no Instituto de Educação. (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)
O G1 conversou com cinco desses estudantes, que acabaram de concluir o 9º ano no Barão. Blenda Santos, de 17 anos, Laís Costa, de 15, e Lorenna Braga, também de 15, estudam na escola há três anos – metade deles no prédio antigo e metade no Instituto de Educação. Ana Luísa Barcelos, também de 15 anos, estuda há quatro no Barão. E Marcos Gonçalves, de 17, entrou na escola quando ainda existia o pré-primário, há dez anos.
Quando perguntados se o Barão precisava mesmo de uma reforma, os cinco responderam em uníssono: “Estava!”. “A gente se mudou quando a situação estava tão precária que os alunos tinham que estudar na sala dos professores e o auditório, todo mofado, também virou sala de aula”, diz Blenda, que foi uma das que estudaram no auditório, quando a Defesa Civil constatou que a caixa d’água da escola corria o risco de cair e interditou parte do local.
“O porão [onde também havia salas de aulas] estava com os tacos soltando e os ventiladores não estavam mais funcionando”, completou Ana Luísa. “O muro caiu com uma chuva de 2010 e ainda não foi reconstruído”, disse Lorenna.
No entanto, todos eles, que passaram de ano direto e agora vão cursar o Ensino Médio em outras escolas públicas da cidade, também dizem a todo o momento que “morrem de saudade” do antigo Barão. “O local era muito bom, mais espaçoso, bem localizado, tinha lugar pra jogar bola, as salas eram ventiladas”, diz Blenda. Eles sentem saudades da grande árvore que fica perto do portão da escola, onde várias paqueras começaram e os alunos podiam se esconder para matar aula. “Aqui no Instituto de Educação não tem nem onde matar aula”, brinca Lorenna.
Pátio do Instituto de Educação, onde alunos recém-formados do 9º ano do Barão do Rio Branco almoçavam na última quarta-feira (12). (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)Pátio do Instituto de Educação, onde alunos recém-formados
do 9º ano do Barão do Rio Branco almoçavam na última
quarta-feira (12). (Foto: Cristina Moreno de Castro/G1)
Eles reclamam da estrutura do IEMG e da recepção que receberam dos alunos de lá. “Sabe quando você sai de casa e vai para a casa de um amigo? Pode ser até bem recebido, mas nunca se sente em casa”, diz Blenda, que relata várias brigas que ocorreram entre os alunos, que ela atribui ao espaço apertado do novo colégio temporário.
A única vantagem que vêem no espaço menor foi o fato de todos terem se visto obrigados a ficar mais próximos e, com isso, novas amizades terem surgido.
Sobre a reforma, são bastante céticos: “A Savassi ficou pronta antes de a obra do Barão começar”, disse Blenda. Todos também falam de rumores de que a escola, após a reforma, abrigaria um museu, em vez de voltar a funcionar ali. A Secretaria de Educação nega os boatos

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