MEDIÇÃO DE TERRA

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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ex-assessora da Presidência pediu saída de chefe da CGU


FOLHA DE SÃO PAULO
MARIO CESAR CARVALHO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE SÃO PAULO
Ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha usou a estrutura do órgão, em junho de 2004, para articular a derrubada do então chefe da CGU (Controladoria-Geral da União) no Estado, João Delfino Rezende de Pádua. Motivo: ele contrariava interesses do PT.
O pedido para trocar o comando da CGU --órgão que combate a corrupção com verbas federais-- partiu de Paulo Vieira, o ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas) indiciado com Rose após a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.


Em uma troca de e-mails em 8 de junho de 2004, Vieira encaminha a Rose, com "saudações petistas", um relato do descontentamento de setores da sigla com Pádua, que havia sido nomeado em fevereiro do mesmo ano.
Vieira reclama que, após Pádua assumir, afastou quatro pessoas ligadas ao PT dos cargos comissionados da CGU em São Paulo.
Diz ainda que Pádua fica divulgando sua falta de ligação com o PT: "O chefe da CGU [Pádua] e os indicados para os outros DAS [comissionados] reafirmam constantemente de forma pública que não são ligados ao PT e não apoiam as diretrizes de governo do partido."
Segundo o documento, após a posse de Pádua, entidades comandadas pelo PT no Estado passaram a sofrer "perseguições" da CGU.
A carta faz menção à Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), que administra o porto de Santos, vital para os interesses do grupo desarticulado pela PF em novembro. Em 2004, Vieira era presidente do conselho fiscal da empresa.
Os anexos do e-mail de Vieira são reportagens sobre auditorias da CGU que apontavam irregularidades na Codesp em 2003. Ele reclama a Rose que relatórios internos da CGU estavam sendo vazados à imprensa.
Rose atendeu o pedido de Vieira. Em 28 de junho, ela encaminhou a mensagem a uma assessora do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, frisando que se trata de uma correspondência "em caráter reservado". Rose havia trabalhado com Dirceu durante mais de uma década.
Em um dos anexos foi enviado o currículo do suposto escolhido do partido para o cargo, Alexandre Forte Rodrigues. Conforme Vieira, Rodrigues foi escolhido após consultas a prefeitos e vereadores do PT de São Paulo.
Ontem, Rodrigues, que já trabalhava na CGU em 2004, disse desconhecer as pressões por seu nome. "Havia um descontentamento com Pádua, e Paulo [Vieira] deve ter se aproveitado disso. Paulo realmente demonstrava ter poder no PT. Fiquei surpreso com o que ocorreu com ele", declarou Rodrigues.
O trabalho de bastidores entre Rose e Vieira, porém, não deu resultado. Pádua só deixou a chefia da CGU três anos depois, em maio de 2007. Hoje, está aposentado.
OUTRO LADO
O advogado de Rosemary Noronha no processo da Operação Porto Seguro, Celso Vilardi, disse ontem que não comentaria a atuação da cliente na tentativa de trocar o comando da Controladoria-Geral da União em São Paulo.
A Folha não conseguiu ontem entrar em contato com nenhum advogado de Paulo Vieira, ex-diretor da ANA.
O hoje dirigente nacional do PT Paulo Frateschi, que em 2004 era presidente estadual do partido em São Paulo, não respondeu a recado deixado em seu celular.
A reportagem ainda entrou em contato com o atual presidente do PT paulista, deputado estadual Edinho Silva, mas não houve resposta até ontem à noite, apesar de recado deixado no celular de sua assessoria de imprensa.
O prefeito de Sumaré, José Antonio Bacchim não respondeu a e-mail a sua assessoria.
Alexandre Forte Rodrigues disse que desconhecia o trabalho feito em seu nome e que não tinha relações pessoais com Vieira. "Quando Vieira chegou a São Paulo por meio de uma transferência, todos nós ficamos surpresos, porque era muito difícil conseguir uma transferência como aquela. Eu nem o conhecia, fui conhecê-lo na CGU".
Ed. de Arte/Folhapress

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