MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Exercícios preparam viajantes contra enjoo em cruzeiros


Veja dicas para não passar mal durante a viagem de navio.
Higiene a bordo também requer atenção redobrada.

Tadeu Meniconi Do G1, em São Paulo
O primeiro navio a atracar em Vitória será o Zenith (Foto: Divulgação/ Codesa)Cuidados simples podem ajudar a
evitar mal estar em navio(Foto: Divulgação/ Codesa)
O mal estar comum em pessoas que viajam a bordo de cruzeiros pode ser prevenido com a ajuda de exercícios simples que preparam o organismo para sentir os efeitos causados pelo balanço do mar.
As atividades consistem em movimentar os olhos sem mover a cabeça e vice-versa – movimentar a cabeça mantendo o olhar fixo em um ponto. A evolução é gradativa e ajuda na adaptação para o que acontece em uma embarcação em deslocamento.
A causa dos enjoos – “cinetose”, no jargão médico – a bordo é o que o otorrinolaringologista Ricardo Dorigueto, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) chama de “conflito sensorial”.
O organismo recebe diferentes informações de vários pontos diferentes. Por um lado, a visão passa a impressão de que o ambiente está estático. Por outro, os receptores sensoriais pelo corpo e o labirinto, que fica dentro do ouvido e coordena o equilíbrio do corpo, percebem que o chão está em movimento.
Dorigueto explica que o mal estar é um mecanismo de defesa animal. “Na natureza não havia veículos automotivos. A náusea é um sinal do corpo para que você saia daquele lugar. Se isso acontecesse com uma montanha, por exemplo, era um sinal de perigo”, lembra.
Na prática
A aposentada Linda Nahas, de 67 anos, sentiu os sintomas da cinetose pela primeira vez quando fez um cruzeiro pelas Ilhas Gregas. “Muitas vezes, a gente acha que é de estômago, porque fica muito enjoada”, conta.
Linda consultou informalmente uma sobrinha, que é médica, para tentar saber como diminuir o problema, e teve a recomendação de visitar um otorrino. Foi assim como descobriu que tinha labirintite, uma inflamação dos labirintos, e começou a se tratar com remédios.
Para os enjoos, porém, ela queria outra solução.
Linda Nahas procurou ajuda especializada e agora não sente mais enjoos (Foto: Arquivo Pessoal)Linda Nahas procurou ajuda especializada e agora não sente mais enjoos (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu médico a encaminhou para uma terapeuta ocupacional, com quem ela passou a fazer os exercícios para adaptar o organismo ao conflito sensorial entre a visão e o labirinto. A evolução foi gradual, sempre com base em manter o olhar fixo enquanto o corpo se movimenta.
Depois do tratamento, Linda se sentiu em condições de tentar viajar novamente de navio. “Fiquei nove dias no cruzeiro, fui até o Nordeste e voltei. Não tive nada”, disse a mulher, que mora em São Paulo.
Hoje, Linda ainda faz os exercícios em casa, de vez em quando, para se manter em condições e não perder boas viagens. “É só confiar em si mesma e exercitar o labirinto”, brincou.
Dicas em geral
Além dos exercícios de antes da viagem, há dicas que ajudam a evitar o enjoo quando se está no navio. A primeira delas é evitar as partes do navio que balançam mais. Por isso, o melhor lugar para quem sofre de cinetose é no meio da embarcação, na parte mais alta. Por outro lado, esse lugar não deve ser abafado nem pode ter odores, pois isso aumenta o risco de náuseas.
Outra dica para reduzir o mal estar é ficar na mesma direção para onde o navio se desloca. Se possível, é interessante fixar o olhar em um ponto do horizonte que não se mexa, o que reduz a confusão entre os sentidos. Também por isso, ler pode ser uma má ideia, pois o livro fica em constante movimento e aumenta esse conflito.
A alimentação também é relevante nessas horas. A principal dica é evitar o excesso de álcool. “A bebida desidrata o labirinto e ele não funciona direito”, explica Dorigueto. Excessos de gordura, sal e açúcar também devem ser evitados, pelos efeitos que causam no organismo como um todo.
Caso não seja o suficiente, o médico recomenda os medicamentos à base de uma substância chamada dimenidrinato, que podem ser encontrados nas farmácias.

Diarreias
Se o enjoo se transforma em diarreia, é sinal de que há algo além do balanço do mar em ação. O cuidado com a higiene deve ser redobrado, pois o confinamento no navio facilita a transmissão de doenças.
O médico Edimilson Migowski, doutor em doenças infecciosas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o contágio mais comum em navios é pelo norovírus, que pode se transmitir tanto pelos alimentos quanto pelas vias aéreas. “A higiene das mãos é fundamental”, afirma o médico. Para isso, ele aponta que uma boa medida é lavar sempre as mãos com álcool em gel, que geralmente é oferecido em vários pontos do navio.
Outra forma importante de evitar a transmissão é não mergulhar na piscina quando se está com diarreia, pois a água facilita a dispersão do vírus. Se não for tratada, a doença pode até levar à morte. O tratamento é feito com uma substância chamada nitazoxanida, que freia a replicação do vírus. Soro oral e analgésicos também são indicados, pois amenizam os sintomas da diarreia.
Segundo informações da Associação Brasileira das Empresas Marítimas (Abremar), os procedimentos médicos de bordo variam de navio para navio. De toda forma, todos os cruzeiros têm estrutura de atendimento médico, com equipamentos para atendimento de emergência e profissionais com, no mínimo, três anos de experiência.
A associação que representa os cruzeiros diz ainda que os ambulatórios seguem padrões internacionais com grande quantidade de remédios para várias doenças e que, em casos de doenças mais sérias, o hóspede é encaminhado para algum hospital em terra.

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