Tribo seria descendente direta dos Maias e acredita em início de novo ciclo.
Grupo de pessoas se reuniu em orações em São Tomé das Letras.
Índios da Tribo Katukina celebram chegada de novo tempo. (Foto: Samantha Silva / G1)
Índios da tribo Katukina, originária do Acre, celebraram a passagem do
calendário maia em São Tomé das Letras (MG). A tribo é descendente da
civilização que está extinta. Na manhã desta sexta-feira (21), no alto
do Cruzeiro da cidade, os índios meditaram, fizeram orações e entoaram
cânticos para comemorar o que eles acreditam ser a chegada de um novo
tempo. Ao contrário do que muitos acreditavam, o "fim do mundo" para
eles, é na verdade um recomeço."O objetivo é unificar os povos e pedir por um mundo melhor", disse o pajé Rekan, um dos três membros da tribo que vieram ao Sul de Minas.
São Tomé das Letras
Integrantes de tribo do Acre celebram passagem do Calendário Maia. (Foto: Samantha Silva / VC no G1)
A vinda dos índios para São Tomé das Letras atraiu várias pessoas para o
município. MP Nuno Maha é organizador do evento e monge da Irmandade
Polimata do Brasil, com sede em São Paulo (SP). Fora a Irmandade, ele
também está envolvido em projetos para preservação da tribo, que, de
acordo com ele, é uma das poucas que ainda se conservam culturalmente.
Ele diz ainda que 60% da língua da tribo Katukina teria dialetos,
expressões e palavras da língua Maia (o pano).Maha conta que a tribo está em extinção e no momento, tem cerca de 620 membros. Há 30 anos, já chegou a ter 6,5 mil índios. “Uma das vezes em que eu estive lá, fiquei admirado de ver um menino correndo nu e perguntei por que somente alguns dos meninos andavam sem roupa. Aí um membro da tribo respondeu: é que este não tem condições de ter roupas, então ele tem que andar nu”, conta. Percebendo que a tribo precisava de ajuda, resolveu se movimentar para ajudá-los. “O dinheiro arrecadado neste evento será revertido para a tribo, para roupas, remédios, e o que mais necessitarem, além de que vou arrecadar o que puder de doações para mandar para lá”, explica ele.
Fiéis se reúnem para celebrar passagem do
Calendário Maia. (Foto: Samantha Silva / G1)
Nada de fim do mundoCalendário Maia. (Foto: Samantha Silva / G1)
O grupo não acredita no fim do mundo, apenas na mudança de ciclo que os Maias previram. “Eu comecei meu trabalho espiritual em 1988, então eu já devo ter passado por uns cinco Apocalipses”, brinca ele, rindo. “Na verdade, todas essas previsões de fim de mundo que eles têm divulgado por aí são falsas. 2012 não é ano do fim do mundo. Teóricos que têm feito cálculos sérios chegaram ao ano de 2016 a 2019, alguns até 2022. Mas é certo que algumas mudanças poderão ser sentidas desde agora, até porque, da forma como as coisas estão, tanta violência, alterações climáticas e individualismo da sociedade, os problemas tendem a se agravar”, explica ele.
Seria muito bom se as pessoas aproveitassem este momento para refletir sobre as coisas"
MP Nuno Maha, monge da Irmandade Polimata do Brasil
Maha conta um caso ocorrido em Washington, nos Estados Unidos, em 1993. A cidade estava enfrentando uma grande onda de crimes violentos e entre as estratégias para reverter a situação, um grupo de pessoas resolveu se reunir para meditar usando a técnica de meditação transcendental, para tentar influenciar na energia do lugar e mudar as ocorrências de violência. “Na época, um dos policiais que estavam à frente das operações na cidade chegou a fazer piada, falando que, nem que caíssem 30 centímetros de neve em junho reduziria a violência na cidade”, conta o monge.
Moradores e turistas se reúnem em São Tomé das Letras para a passagem do 'fim do mundo'. (Foto: Samantha Silva / G1)
Mas as estatísticas provaram o contrário. No mês da pesquisa, em que
quatro mil pessoas se revezaram meditando ininterruptamente, o índice de
crimes violentos caiu 25% na cidade. A pesquisa, liderada pelo físico
quântico John Hagelin, rendeu uma monografia e foi publicada em 1999 na
Revista Social Indicators Research.Carol Correa é gerente da pousada que recebeu o grupo. Ela conta que percebeu uma grande movimentação na cidade, mas não exatamente de gente que buscava se refugiar do fim do mundo em São Tomé das Letras, mas sim de pessoas que estariam buscando meditar por novos tempos. “É mais uma proposta de esperança, de pessoas de pensamento positivo. Elas buscam estar sintonizados com esse momento de transformações estando aqui na cidade”, descreve ela.
O monge Maha acredita que, se todos, ao menos, considerassem a data como um início de mudanças, isso seria possível. “Cada um vê o que deseja. Seria muito bom se as pessoas aproveitassem esse momento para refletir sobre as coisas. Se cada um tiver essa nova energia na cabeça, as coisas podem melhorar”, conclui ele, cheio de esperança.
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