MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Jovem baiano internado com 280 kg tem alta médica em Salvador


Hospital diz que Francisco Júnior apresentou melhora no estado de saúde.
Jovem deve deixar centro médico até o final da semana. Mãe pede ajuda.

Do G1 BA
Francisco obeso Bahia Serrinha (Foto: Berna Farias/Ascom HGRS)Maria Aurizete acompanha de perto tratamento do
filho (Foto: Berna Farias/Ascom HGRS)
O jovem baiano que pesa cerca de 280 quilos e está internado no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, teve alta médica na manhã desta sexta-feira (14), segundo a assessoria de comunicação da unidade hospitalar. De acordo com Maria Aurizete, mãe de Francisco Araújo Júnior, 23 anos, ele deve deixar o hospital em uma ambulância até o domingo (16) e voltar para a cidade de Serrinha, a 173 km da capital baiana.
Francisco Júnior saiu da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e foi transferido para um quarto do Hospital Roberto Santos no dia 3 de novembro. De acordo com a assessoria de imprensa da unidade de saúde, o jovem já está curado das infecções que apresentava quando deu entrada no hospital e, por isso, dará continuidade ao tratamento contra obesidade em casa.
O jovem sofre da síndrome Prader-Willi, que gera apetite excessivo. No dia 30 de novembro, Osmário Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, disse que o jovem teria que colocar um balão intragástrico antes de ser submetido a uma cirurgia bariátrica, de redução de estômago. No entanto, por medo, o jovem se recusa a colocar o balão.
"Ele não quer colocar o balão. Então, o médico deu tempo para ele retornar para o interior e, em maio, tentar de novo", relata a mãe do jovem. Ela acrescenta que Francisco Júnior perdeu muito peso desde que deu entrada no hospital, mas, como não há balança que o suporte, ainda não há precisão do peso atual.
Mãe relata dificuldades
Maria Aurizete lamenta não ter alguns equipamentos para dar continuidade ao tratamento contra obesidade em Serrinha, onde mora com o filho obeso, uma filha especial e o marido. Ela conta que não possui cadeira de rodas e não tem condições de comprar produtos necessários para a dieta de Francisco Júnior. "Ele tem que ter acompanhamento para o resto da vida, mas nós precisamos de muita coisa. Ele precisa de cadeira de rodas, cremes, lençol. E eu não tenho nada disso. Ele vai voltar para lá [Serrinha] sem nada".
Por isso, enquanto aguarda a alta médica do filho, Maria Aurizete passou a dormir na casa de uma amiga, localizada nas proximidades do hospital. "Eu pegava dois ônibus, mas não tenho mais como ficar gastando porque até o momento não tive ajuda. Eu vendi tudo para cuidar dele”, relatou Maria Aurizete, que trabalhava como vendedora de roupas.
Apesar de ter tido sete filhos, apenas dois deles moram com Maria Aurizete: Francisco Júnior e uma menina de 16 anos, que possui síndrome de down, segundo conta. “Tem 16 anos e não conversa, fica calada, só faz chorar. Não toma banho só, não se cuida. Quem está cuidando dela agora que eu estou aqui [em Salvadorx] é minha irmã”, apontou.
Osmário Salles (Foto: Ruan Melo/G1)Médico diz que situação de jovem é de alto risco
(Foto: Ruan Melo/G1)
Tratamento
Segundo Osmário Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, a síndrome que o jovem possui é rara e pode ser identificada enquanto o feto ainda está na barriga da mãe. "Os obesos tem uma causa endócrina ou uma causa genética para a sua obesidade. O nosso paciente tem a principal síndrome da obesidade associado à genética. Se fizer o ultrassom, são aqueles fetos com pezinho pequeno, mãozinha pequena. Quando nasce, é uma criança extremamente hipotônica, com fraqueza, com dificuldade em sugar o seio da mãe", explicou.
Entre os dois e três anos, a criança começa a apresentar apetite excessivo por conta da doença e passa a engordar de maneira acelerada. "Elas não param de comer. Além disso, ela tem uma fraqueza muscular intensa. Essas crianças desenvolvem atrofia muscular muito grande, osteoporose, má formação esquelética, baixo QI [quociente de inteligência]. Esses pacientes dificilmente passam dos 40 anos", apontou.
Francisco Júnior tem estado todo o tempo no hospital deitado em um dos leitos da unidade e conta com a ajuda de seis funcionários para passar pelo procedimento de higienização, de acordo informou Osmário Salles. As pessoas com esse quadro dificilmente conseguem ter uma vida normal, informou o médico.
"Não pode engordar, porque depois que engordar é extremamente difícil fazer perder peso. A obesidade é considerada a doença mais difícil da medicina. É a doença que mais mata. É um problema muito sério, associado a problemas cardiovasculares. O sistema de saúde e o governo deveriam intervir de forma mais pesada porque nós temos uma epidemia no mundo", avaliou.
A condução do tratamento de Francisco Júnior é complicada para o próprio hospital. "Nós estamos em situação extremamente difícil. É aquela situação em que, se a gente fizer nada, ele vai morrer. Se a gente tentar fazer as coisas, a chance de óbito também é grande", disse.
Transferência
Francisco Araújo chegou no Hospital Geral Roberto Santos no dia 22 de novembro, após ser transferido do Hospital Regional de Serrinha, no interior da Bahia. Para deixar a unidade em Serrinha, foi preciso a ajuda de 12 pessoas para colocá-lo em uma UTI móvel disponibilizada pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).  Ao chegar no hospital da capital baiana, cerca de 15 maqueiros da unidade fizeram a retirada do paciente da ambulância.
A possibilidade de transferir o jovem de helicóptero foi levantada, porém cancelada por conta do peso dele.
Francisco Júnior estava internado no Hospital Regional de Serrinha desde o dia 11 de novembro. Ele sofre com a obesidade desde a infância, mas segundo a família, nos últimos anos a situação piorou.
A históriaA mãe de Francisco, Maria Aurizete, conta que ele começou a engordar aos nove anos de idade. "Até aí era tudo normal. Ele começou a engordar como todas as crianças, mas aos 12 anos ele já era muito gordo, muito mais do que os colegas. Eu achei tudo isso estranho porque quando pequenino ele era muito magrinho, ninguém nem esperava vida nele. Ele não tinha força nem para puxar o leite", disse.
Hospital Roberto Santos  (Foto: Ruan Melo/G1)Francisco Júnior está internado no Hospital Geral
Roberto Santos (Foto: Ruan Melo/G1)
De acordo com a mãe, o jovem já ficou internado por cinco anos em Salvador. "Aos 16 anos ele fraturou a perna direita, fez cirurgia e depois disso ele parou de mexer a perna. Ele anda de cadeira de rodas, mas é muito difícil sair com ele porque onde eu moro a rua não é asfaltada, então eu não tenho como sair", revelou.
A mãe conta que não tem condições financeiras para pagar o tratamento adequado para o filho. "Eu nunca abandonei ele. Eu não tenho dinheiro para poder arcar com esse tratamento. Eu vendo roupa que minha irmã faz. Eu recebo um auxílio porque minha outra filha tem problemas, ela tem depressão, mas eu não tenho dinheiro para comprar remédios e o município não dá", afirmou.

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