MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 23 de dezembro de 2012

Mães formam grupo de apoio para superar a dor da perda dos filhos


No 'Casulo', em São Carlos, SP, elas trocam experiências e se consolam.
'A gente desabafa, uma consola a outra', diz a aposentada Ana Lúcia.

Do G1 São Carlos e Araraquara

Um grupo de mães que perderam os filhos criou em São Carlos (SP) um núcleo de apoio às pessoas em luto. Há um ano, elas se reúnem no ‘Casulo’ e buscam uma forma de superar a dor causada pelas mortes.
Suzana, filha da arte terapeuta Beatriz de Castro Lins, tinha 23 anos e levava uma vida cheia de cores, sorrisos e planos. Um mês depois de se formar em nutrição, um acidente de carro mudou os sonhos da família.
Abalada com a morte, Beatriz ficava quase o dia inteiro no quarto e vivia a base de calmantes, pelo menos quatro comprimidos por dia. A dor ainda era grande, mas depois de um ano, Beatriz conheceu outras mães que passavam pela mesma situação. Foi então que as mudanças começaram na vida dela e ela aprendeu a conviver com a perda.
Ela veio para São Carlos e, há um ano, junto com outras mulheres que passaram pela mesma situação, fundou um núcleo de um grupo de apoio às pessoas em luto, o ‘Casulo’. A associação foi fundada em São Paulo em 2001 e também presta serviços a grupos localizados em outras cidades brasileiras. “A gente se encasula mesmo. A gente não quer sair de casa, a gente não quer tomar banho, a gente não quer comer, a gente não quer nada. Passa um tempo no casulo, mas ele se transforma numa borboleta”, disse.
As mães se reúnem a cada 15 dias para compartilhar experiências e dividir a dor. A aposentada Ana Lúcia Carizane convive há mais tempo com a perda, já que há 26 anos a filha Ana Roberta, que era uma criança, morreu de meningite. “Você aprende a viver com essa dor. Então a sensação que eu tenho é que ela está viajando e que de repente ela vai chegar”, afirmou.
Já foram 10 anos e a dentista Maria Regina Peron ainda lembra da filha todos os dias. “O que eu tenho necessidade é do contato físico”, afirma.
O luto é uma resposta a perdas importantes na vida e traz transformações que a dona de casa Luciana Aparecida Chiari ainda tenta conviver. O filho Danilo era advogado e tinha 27 anos. Depois de um carnaval, uma doença que não foi diagnosticada atacou e em menos de 15 dias ele morreu. “Ele chegava lindo, de terno, e com aquele sorriso falava: oi mãe”.
Grupo de mães busca superar a perda dos filhos dividindo a dor em São Carlos (Foto: Reginaldo dos Santos/EPTV)Grupo de mães busca superar a perda dos filhos
dividindo a dor (Foto: Reginaldo dos Santos/EPTV)
Há dois meses, ela também perdeu a sobrinha Josiene, vítima de um câncer aos 31 anos. “Eu to conseguindo ajudar a minha irmã, dar força pra ela. É isso que a gente vê aqui nesse grupo”, disse.
A enfermeira Roselaine Jangelli é a integrante mais nova do grupo. Ela perdeu o filho Leonardo, de 19 anos, em julho em um acidente de carro.
Ele estava no primeiro ano do curso de engenharia agronômica na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ele voltava da casa da namorada, quando aconteceu a colisão com um poste. “Eu sai daqui fortalecida porque eu vi nelas que é possível continuar vivendo”, destacou.
Todas passaram pelas mesmas fases do luto: negação e isolamento, raiva, necessidade de entendimento, depressão e aceitação. “Só quem passa por isso eu acho que pode realmente te ajudar. Então o grupo, eles nos leva para frente”, disse Maria Regina.
“A gente quer falar delas, então aqui a gente faz isso, fala dos nossos filhos, desabafa, uma consola a outra”, afirmou Ana Lúcia.
“Aqui é o amor transbordando. Essa parece que é uma força que vem dos nossos filhos. É um progresso nosso e deles. É uma ajuda mútua na terra e no céu”, concluiu Beatriz.

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