Festa chega aos 47 anos e teve a participação de 36 terreiros de umbanda.
Seguidores levaram oferendas para Iemanjá, como pentes e espelhos.
O
templo de Iemanjá foi construído com material reciclável, segundo a
Federação dos Cultos Afro-brasileiros (Foto: Jorge Machado/G1)
Pelo menos cem mil seguidores dos cultos afro-brasileiros ocuparam as
areias das praias de Tambaú e Cabo Branco, em João Pessoa, para
homenagear aquela que eles consideram a deusa de todos os orixás –
Iemanjá. A festa aconteceu na noite deste sábado (8) e, segundo a
Federação dos Cultos Afro-brasileiros da Paraíba,
contou com a participação de 36 terreiros de umbanda vindos de diversas
cidades do estado, como Sapé, Rio Tinto e Alagoa Grande.De acordo com Maria da Luz Silva, presidente da Federação dos Cultos Afro-brasileiros, cada terreiro tem um tempo de 15 minutos para se apresentar na festa, que acontece há 47 anos na orla marítima de João Pessoa. “Essa não é apenas uma oportunidade de homenagear a nossa mãe mas também de nos aproximarmos da sociedade, de mostrarmos para as pessoas que na nossa crença também há luz, há um Deus que impera nas nossas vidas. É um momento para conscientização, para pormos fim a toda forma de preconceito”, afirma.
De
acordo com a Federação dos Cultos Afro-brasileiros da Paraíba, pelo
menos 100 mil pessoas participaram da Festa de Iemanjá (Foto: Jorge
Machado/G1)
Este ano uma das grande novidades da Festa de Iemanjá foi a montagem do
templo da santa. “Tudo o que está aqui foi feito com material
reciclável. Na verdade, é uma forma de fazermos o bem ao meio ambiente
mas de reverenciar ainda mais a rainha das águas”, explica a presidente
da Federação dos Cultos Afro-brasileiros.As oferendas à Iemanjá aconteceram às 23h45 (horário local), mas muitas pessoas se anteciparam e entraram nas águas do mar de Tambaú com potes de barro repletos de perfumes, sabonetes, flores e espelhos. “Acho linda essa festa. Sempre ouvi falar. Este ano não resisti e vim pela primeira vez. Tenho muita fé em Iemanjá”, conta a pensionista Leda Lucena.
Casal de pais-de-santo veio de Araçagi, Agreste
paraibano, para homenager Iemanjá
(Foto: Jorge Machado/G1)
Maria José Oliveira veio da cidade de Araçagi, Agreste paraibano.
Mãe-de-santo há um ano, fala com orgulho da crença, mas não esconde os
desafios que os cultos afro-brasileiros enfrentam. “É um caminho muito
pesado, cruel. Muitos não acreditam e, como se isso não bastasse, ainda
somos condenados”, declara.paraibano, para homenager Iemanjá
(Foto: Jorge Machado/G1)
A mãe-de-santo Geralda Alves, de 71 anos, veio da cidade de Rio Tinto, Litoral Norte da Paraíba. “Para mim não é nenhum sacrifício. Vim com todo prazer, com todo gosto ver bem de pertinho a rainha do mar”, conta.
No templo de Iemanjá, se apresentaram 36 terreiros
de diversas cidades da Paraíba
(Foto: Jorge Machado/G1)
Enquanto os terreiros de umbanda se apresentavam, uma multidão
contemplava do lado de fora do templo. Ao som dos atabaques e em um
cenário privilegiado, pais e filhos de santo dançavam, invocando a
proteção de Iemanjá. Nas areias de Tambaú e Cabo Branco, seguidores
acenderam velas e rezaram em silêncio. “Há uma relação muito forte entre
os cultos afro-brasileiros e o Catolicismo, a minhão religião. Por
isso, eu tenho tanta fé em Iemanjá, que muda apenas do nome. Para mim é
Nossa Senhora da Conceição. Mas para quem segue os cultos
afro-brasileiros é Iemanjá e eu não vejo nenhum problema”, diz o técnico
em informática Ricardo Macedo.de diversas cidades da Paraíba
(Foto: Jorge Machado/G1)
A aposentada Geralda Lopes veio de Guarabira para assistir à festa. "Eu defino em uma só palavra: luz. No próximo ano estou aqui de novo, se Iemanjá quiser".
Nenhum comentário:
Postar um comentário