MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mamãe Noel pede contribuição nos semáforos de Aracaju há 30 anos


Artista tem várias personagens como vidente, Hebe e Dercy Gonçalves.
Ele criou 10 filhos, 11 netos e 1 bisneto com a renda do sinal e artesanato.

Marina Fontenele Do G1 SE

Artista de rua garante o sustento da família com a renda do sinal e do artesanato (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)Artista garante o sustento da família com a renda do sinal e do artesanato (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)
Quem passa pela Praça Tobias Barreto, no bairro São José em Aracaju, Sergipe, e se depara com a Mamãe Noel pedindo dinheiro no semáforo nem imagina a história de vida do artista. Agnaldo Pluma, 50 anos, trabalha no local há 30 anos e com a colaboração dos motoristas ele conseguiu criar a família com dez filhos, 11 netos e um bisneto. Das 9h às 14h das quintas e sextas-feiras é possível encontrá-lo nos cruzamentos no entorno da praça. No restante da semana ele trabalha como artesão.
Às 7h ele sai da casa onde mora com dois filhos e a mulher com quem convive há 30 anos, 15 deles somente como amigos, pois deixaram de ser um casal.  Agnaldo vai a pé da casa simples em uma invasão do Conjunto Príncipe Viana, no município da Barra dos Coqueiros, até um atracadouro para pegar uma embarcação de pequeno porte popularmente conhecida como tó-tó-tó e atravessar o Rio Sergipe até o Centro da capital. Ele paga R$ 1 pelo transporte no percurso que leva cinco minutos para ser percorrido. Daí em diante ele caminha mais meia hora até o local de trabalho.
“Me sinto bem aqui, já tentei ir para outros pontos mais não me adaptei. Ao longo desses anos também fiz muitas amizades verdadeiras onde não é preciso nem saber quem é, só a troca de sorrisos e carinho já fazem valer a pena”, destaca Agnaldo que aborda cerca de quatro motoristas cada vez que o sinal fica vermelho.
A fantasia vai dentro de uma mala com acessórios e o único item maquiagem, um batom. Agnaldo diz que adquiriu o hábito de retocar o batom várias vezes inclusive quando fica impaciente com alguma coisa. “Funciona como um tranquilizante”, revela. Os figurinos foram criados por ele mesmo.
Entre as personagens do artista, as vilãs Tereza Cristina, Nazaré Tedesco, Perpétua da novela Tieta Hebe Camargo, Dercy Gonçalves, mãe de santo e esposa de Carlinhos Cachoeira e de políticos locais como o governador Marcelo Déda e o prefeito eleito de Aracaju João Alves Filho. Todas com o bom humor de Agnaldo que se considera iluminado por sempre destacar o lado positivo das coisas.
Agnaldo se arruma nos fundos de uma lanchonete no meio da praça (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)Agnaldo se arruma nos fundos de uma lanchonete no meio da praça (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)
“Sou muito feliz por ter uma família amada, ter minha mãe, avó e bisavó que está com 99 anos. Não tenho dinheiro e nem queria ser rico porque o importante mesmo é o que a gente leva no coração e não o que a gente tem”, afirma.
Para Agnaldo, retocar o batom funciona como um tranquilizante (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)Para Agnaldo, retocar o batom funciona como um
tranquilizante (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)
Amor pela arte
Agnaldo começou a trabalhar cedo para sustentar o primeiro filho que veio ainda na adolescência, aos 14 anos. Dos cinco filhos e cinco filhas, o mais velho tem 37 anos e a mais nova 24. O curioso é que o intervalo pequeno entre as idades se deve ao fato de Agnaldo ter se relacionado com três mulheres ao mesmo tempo.
“Brinco que tenho dois filhos gêmeos de mães diferentes, porque eles nasceram no mesmo dia e hora e no mesmo hospital. Lá do outro lado do mundo os homens têm oito mulheres porque eu não poderia ter três? Elas são amigas e todos os meus filhos cresceram dentro da minha casa com a minha esposa que hoje é minha grande amiga”, explica o humorista.
Eu nasci para a arte, gosto de viver da arte e quero morrer na arte. Já disse a minha família que quando eu morrer quero ser enterrado fantasiado"
Agnaldo Pluma
A paixão pelo teatro foi descoberta aos 18 anos quando uma amiga que cantava no município de Itabaiana, onde Agnaldo nasceu, o convidou para participar de um espetáculo. Desde então ele não deixou a arte. O palhaço Birrinho percorreu escolas do estado inteiro com apresentações educativas sobre o meio ambiente e bons hábitos, mas quando o artista conheceu a rua e sentiu o retorno do público não quis mais deixar.
“Pretendo continuar com o teatro de arte até pelo menos 90 anos. Eu nasci para a arte, gosto de viver da arte e quero morrer na arte. Já disse a minha família que quando eu morrer quero ser enterrado fantasiado”, confidencia. Pluma também se dedicou à poesia e lançou o livro ‘Da lágrima do meu coração’, foi quando descobriu que gosta mesmo é de humor.
Pluma incorpora dezenas de personagens, mas tem preferência pelas vilãs (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)Pluma incorpora dezenas de personagens, mas tem preferência pelas vilãs (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)

Nenhum comentário:

Postar um comentário