João Pedro Pitombo A TARDE
Mas Wagner encontrou uma substituta à altura, que acabou se tornando o centro das atenções entre os correligionários da base que ancora o governo petista na Bahia. O destaque da Lavagem do Bonfim este ano pré-eleitoral foi um objeto simples, mas carregado de poder simbólico: a cadeira que Wagner ocupa no terceiro andar da Governadoria.
Muito se falou dela. Mais afoito, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT) tornou a manifestar o desejo de ocupá-la a partir de janeiro de 2015. Outros, como o vice-governador Otto Alencar (PSD) e o secretário da Casa Civil, Rui Costa (PT), despistaram e desconversaram. A senadora Lídice da Mata (PSD), por sua vez, lembrou que o futuro dela depende apenas de dois fatores: "A vontade do povo e do Senhor do Bonfim".
E ainda tem os que a desejam, mas ficaram de fora da festa: o senador Walter Pinheiro (PT), que tradicionalmente não vai às lavagens, e o secretário de Planejamento, José Sérgio Gabrielli (PT), que acompanha Wagner na viagem à China. Já Luís Caetano, ex-prefeito de Camaçari, até que foi, mas não quis falar na cadeira nem sob tortura. Coube à sua esposa dar o veredito. "Rezei para que ele seja o próximo governador da Bahia", disse a deputada estadual Luiza Maia (PT).
"Blocos" - Com tantos postulantes e uma única cadeira, o burburinho foi inevitável. Enquanto a oposição marchou unida, o campo governista diluiu-se em diferentes "blocos". O oficial foi capitaneado por Otto Alencar, que caminhou ao lado de Lídice, e do que seriam dois representantes de Wagner: Rui Costa, amigo pessoal há três décadas, e a primeira-dama Fátima Mendonça.
O PTB de Edivaldo e Antônio Brito foi na frente, enquanto Nilo disse que se juntaria ao "time do PDT". Já o PT veio bem atrás, o que fez gente como o deputado Nelson Pelegrino (PT) terminar a caminhada horas depois do bloco governista ter se dispersado.
Sem Wagner no comando, foram poucos petistas que se arriscaram a seguir o bloco do governo. E acabaram não engrossando o coro que acompanhou o governador em exercício. Mesmo isolado, Otto foi para os braços do povo: "É bom sentir esse calor humano", afirmou. E mostrou certa coesão com o grupo que o acompanhava. "Somos parceiros e estamos sintonizados", disse ele, num agrado à senadora Lídice, e sob o olhar de aprovação de Fátima.
Já Rui, que quer ser protagonista em 2014, teve papel coadjuvante na caminhada. Mas disse ter pedido ao Senhor do Bonfim paciência e sabedoria para consolidar o projeto político do grupo capitaneado por Wagner. Chegaram juntos ao adro da Basílica. Coincidência? "Eu diria que é o prenúncio de uma chapa competitiva", disse o deputado Alan Sanches, companheiro de partido de Otto.
Já Fátima Mendonça, revelou um desejo: ver a Lavagem do Bonfim de 2015 comandada por uma mulher. Como não pode ser ela mesma, sobrou Lídice: "É um bom nome", derramou-se a primeira-dama. O consenso ainda é um horizonte distante. Mas o prazo é curto: é preciso tempo para combinar com o povo.
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