MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Em 2013, Lavagem do Bonfim será realizada no dia 17 de janeiro


Data da festa é definida a partir da comemoração do dia de Reis.
Novenário acontece a partir desta quinta-feira (10) e segue até o sábado (19).

Do G1 BA

Lavagem do Bonfim (Bahia) (Foto: Ingrid Maria Machado/G1 BA)Lavagem do Bonfim em 2012 (Foto: Ingrid Maria Machado/G1 BA)
Neste ano de 2013, a tradicional Lavagem do Bonfim acontecerá na quinta-feira (17). O pároco da instituição, padre Edson, falou ao G1 sobre a data da comemoração da festa. "A data da festa é definida, calculada, após o segundo domingo do dia de Reis, que é comemorada no dia 6 de janeiro. Neste ano a festa do Bonfim acontece dia 20, mas a lavagem acontece na quinta-feira anterior. Neste ano acontece no dia 17. As pessoas estavam fazendo confusão, dizendo que a lavagem acontecia na 2ª quinta do ano, mas isso não é verdade. A comemoração é definida a partir do dia de Reis", explica o padre.


De acordo com informações da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia, o novenário da festa acontece a partir desta quinta-feira (10) e segue até o sábado (19), sempre às 19h30, com exceção do dia 17, dia da lavagem do adro da Basílica.

Baianas lavam a escadaria do templo religioso com água de cheiro. (Foto: Ingrid Maria Machado/G1 BA)Baianas lavam a escadaria do templo religioso com água de cheiro. (Foto: Ingrid Maria Machado/G1 BA)
Já no dia da lavagem, a concentração de fieis, baianas, turistas e demais participantes em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio começa antes das 8h. O cortejo sai por volta das 9h e os participantes seguem um percurso de oito quilômetros entre a Igreja da Conceição e o Bonfim. Alguns vão a pé, outros de bicicletas. Na lavagem ao adro da Basílica, a igreja permanece com a porta da frente aberta para a veneração pública da imagem histórica, mas não é permitida a entrada de visitantes.

Já no domingo (20), dia em que se comemora a festa do Bonfim, as missas serão celebradas às 5h, 6h, 7h30 e 9h. A missa solene, presidida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, acontecerá às 10h. No mesmo dia, às 16h, acontece a “Procissão dos três pedidos”, saindo Igreja dos Mares com destino ao Bonfim.
História
Tradição mantida há mais de dois séculos, a Lavagem do Bonfim é marcada pela forte presença do sincretismo religioso entre o catolicismo e o candomblé. Devotos do Senhor Bom Jesus do Bonfim e Oxalá se reúnem para festejar, prestar homenagens e pagar promessas no cortejo em direção à Colina Sagrada. Além do contexto religioso, a Lavagem do Bonfim também é caracterizada pela grande festa que acompanha e circunda o trajeto de fé.
Segundo relatos históricos, a lavagem começou a partir dos moradores da região que tinham o objetivo de lavar a igreja para deixá-la pronta para a Festa do Bonfim, realizada pelo catolicismo no segundo domingo após o Dia de Reis.
A “faxina” do templo religioso acontecia três dias antes da festa, numa quinta-feira. A chegada até à colina sagrada era marcada por muita dança durante o cortejo, o que provocou a proibição da lavagem da igreja, em 1889, pelo arcebispo da Bahia Dom Luís Antônio dos Santos.

Lavagem do Bonfim (Foto: Ingrid Maria Machado/G1)LBaianas e turistas caminham para o Bonfim (Foto: Ingrid Maria Machado/G1)
Sincretismo
Contrária ao sincretismo, Valdina Pinto, que é Makota (alto cargo feminino dentro da religião do candomblé) do terreiro Tanuri Junsara, em Salvador, afirma que a lavagem do Bonfim não é ligada ao candomblé e sim à cultura popular. “Hoje já tem muito folclore. É o candomblé? Não, não é o candomblé. Aquela água (a água de cheiro que lava a escadaria) não tem nada a ver com a água de Oxalá. A água de Oxalá é uma outra coisa. O fundamento é outro. Ali é uma prática popular”, defende Makota Valdina. Segundo ela, a fé das pessoas que fazem o percurso é que faz da lavagem uma festa especial. “As pessoas vão lá pela fé no Senhor do Bonfim? Vão. Fazem promessas? Fazem. Alcançam? Alcançam. Porque o espiritual transcende o material e a fé está ligada à espiritualidade, que é invisível”, conclui.
Para a historiadora Wlamyra Albuquerque, as críticas que os líderes religiosos fazem ao sincretismo devem ser compreendidas no contexto de cada segmento religioso. “Quando uma Ialorixá diz que Senhor do Bonfim não é Oxalá ela está demarcando não só no campo religioso, mas também político, a autonomia do candomblé em relação a Igreja Católica hoje”, avalia a pesquisadora. Segundo ela, “a lavagem do Bonfim ventila a cultura popular baiana, porque continua a ser um espaço para reinventá-la. Não é uma festa do passado a se repetir, mas um festejo antigo que recriamos a cada ano”. Apesar dos significados distintos para as religiões, baianos e turistas preservam a cultura "sincrética" traçada desde o princípio das celebrações religiosas na Bahia e fazem da lavagem do Bonfim a festa de largo mais importante de Salvador.

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